Opinião: “Fraudes no INSS: por que você não pode depender só dele para se aposentar”

13º do INSS será pago antes do esperado e milhões serão beneficiados

Por Carlos Castro*

O INSS segue como um pilar da seguridade social no Brasil, mas confiar exclusivamente nele para garantir uma aposentadoria tranquila é, na prática, arriscado. As fraudes recentes, somadas à estrutura fiscal insustentável do sistema, deixam claro que é hora de repensar a forma como lidamos com o futuro financeiro.

A operação “Sem Desconto”, deflagrada recentemente pela Polícia Federal, expôs um esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias e pensões. Associações e sindicatos cobraram indevidamente R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. O golpe afetou diretamente aposentados, muitos deles com pouca margem para lidar com perdas. Isso mostra como o sistema é vulnerável — e como o cidadão precisa estar atento.

E o problema vai além das fraudes. O modelo de financiamento do INSS, chamado de regime de repartição, funciona com base nos trabalhadores ativos sustentando os aposentados. Mas o Brasil está envelhecendo: há menos pessoas contribuindo e mais pessoas se aposentando. Em 1980, a pirâmide etária brasileira mostrava uma base larga de jovens e poucos idosos. Hoje, ela está mais estreita na base e mais larga no topo, indicando que temos mais idosos do que nunca. A expectativa de vida, que era de 62 anos em 1980, já ultrapassa 77 anos. Essa mudança significa mais tempo de aposentadoria para financiar — e menos gente contribuindo para pagar essa conta.

Esse cenário pressiona as contas públicas e escancara a fragilidade do sistema. A reforma da previdência de 2019 tentou conter o desequilíbrio, ao aumentar a idade mínima e mudar as regras de cálculo, mas a realidade é que ainda será preciso fazer mais ajustes no futuro para garantir a sobrevivência do modelo.

Outro fator que agrava a situação é o nível de endividamento entre os aposentados e pensionistas. O crédito consignado, que é descontado diretamente do benefício, já compromete grande parte da renda de milhões de brasileiros. Segundo dados recentes, mais de 30% dos beneficiários do INSS possuem algum tipo de empréstimo consignado. Para muitos, o crédito fácil virou armadilha: parcelas altas corroem o benefício e dificultam ainda mais a vida financeira dos aposentados.

Além disso, é importante reconhecer uma realidade: a grande maioria dos brasileiros depende do INSS para se aposentar. Para muitos, o benefício é a única fonte de renda na velhice. Esse cenário torna ainda mais urgente a necessidade de conscientização. Tudo que vem acontecendo — fraudes, pressão fiscal, envelhecimento da população — reforça que é essencial conquistar o direito aos benefícios do INSS, mas que não podemos depender exclusivamente dele. Precisamos, cada um de nós, construir a nossa própria reserva financeira para a aposentadoria.

É importante dizer que o INSS vai além da aposentadoria. Ele também oferece auxílio-doença, salário-maternidade, pensão por morte, entre outros. Esses benefícios são importantes para a proteção social, mas não substituem o papel do planejamento financeiro pessoal.

Na SuperRico, usamos uma metodologia baseada em quatro ciclos para ajudar as pessoas a se prepararem para a aposentadoria:

  • Resiliência Financeira: construir uma reserva de emergência e proteger-se contra imprevistos;
  • Equilíbrio Financeiro: organizar as finanças pessoais, manter o consumo consciente e estruturar o orçamento;
  • Inteligência Financeira: começar a investir de forma estratégica, ampliando patrimônio e renda futura;
  • Segurança Financeira: consolidar uma carteira sólida e previsível para garantir estabilidade na aposentadoria.

Essa jornada é acompanhada da Curva de Vitalidade Financeira. Ela mede o seu nível de preparo financeiro ao longo da vida, indicando se você está evoluindo rumo à independência financeira. Avaliar periodicamente a posição na curva permite ajustes de rota e aumenta muito as chances de uma aposentadoria segura.

A longevidade é um presente — mas também um desafio. Viver mais significa precisar de mais recursos para manter a qualidade de vida. A liberdade financeira na aposentadoria não vem por acaso. Ela é o resultado de decisões tomadas com antecedência e com clareza de propósito.

No fim das contas, o que está em jogo é viver bem. E isso exige mais do que contar com o que o governo pode oferecer. Exige responsabilidade, planejamento e ação desde já.

*Coluna escrita por Carlos Castro, planejador financeiro pessoal, CEO e sócio fundador da plataforma de saúde financeira SuperRico

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