RS-240: Após quatro mortes em duas semanas, comerciantes cobram solução para retornos perigosos

A sequência de acidentes fatais na RS-240 reacendeu a preocupação com a segurança viária no trecho entre São Leopoldo e Portão. Em apenas duas semanas, três acidentes graves resultaram em quatro mortes, dois deles diretamente relacionados aos retornos existentes ao longo da rodovia.

Ao todo, são 21 retornos em um trecho de 13 quilômetros, entre o viaduto da Scharlau, em São Leopoldo, e a antiga praça de pedágio de Portão, na interseção com a RS-122.

Retornos estão no contexto de dois acidentes com mortes registrados nos últimos 12 dias na RS-240 | abc+



Retornos estão no contexto de dois acidentes com mortes registrados nos últimos 12 dias na RS-240

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

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“Ultimamente os retornos estão mais perigosos. Um conhecido nosso, que estava de bicicleta, acabou sendo atrapalhado e morreu neste final de semana, mostrando que a 240 está perigosa para todos e em todos os sentidos”, afirma Marco Allgayer, 62 anos, que reside a uma quadra da rodovia há mais de 50 anos.

Allgayer se refere ao acidente ocorrido no dia 14 de abril que resultou na morte do ciclista Luiz Ernane da Silva, popular Xinho, 56, no último sábado (26), cerca de duas semanas após o acidente. Silva pedalava às margens da rodovia quando foi atropelado pela motorista de um carro que realizava um retorno na altura do quilômetro 6, em frente à Casa das Cucas, no bairro Ouro Verde, em Portão. O ciclista foi sepultado nesta segunda-feira (28).

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Um dia antes da morte de Xinho, na última sexta-feira (25), outros dois acidentes com mortes já haviam sido registrados na 240, em Portão. No quilômetro 13, um motociclista morreu após ser atingido por uma caminhonete Pampa que, instantes antes, havia sido abalroada na traseira por um caminhão.

Ainda na sexta-feira, no quilômetro 12, um caminhão realizou um dos tantos retornos perigosos e cortou a frente de um carro onde estava uma família. O casal que ocupava o veículo morreu, e a filha deles, de 8 anos, segue hospitalizada em estado grave na UTI pediátrica do Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre.

“São tantas mortes que perdemos as contas”, afirma comerciante

Com base nesses índices alarmantes, comerciantes que possuem negócios estabelecidos ao longo da RS-240 cobram medidas concretas para melhorar a segurança na rodovia. Um dos principais pedidos é o fechamento de alguns destes retornos considerados perigosos e, em outros casos, a extensão dos recuos existentes nestes retornos.

Acidentes no retorno em frente a Casa das Cucas, na altura do quilômetro 6 da RS-240, também são corriqueiros | abc+



Acidentes no retorno em frente a Casa das Cucas, na altura do quilômetro 6 da RS-240, também são corriqueiros

Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial

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“Eu já perdi o meu melhor amigo e muitos outros conhecidos em acidentes aqui neste trecho. São tantas mortes que perdemos as contas. O que mais precisa acontecer para que providências sejam tomadas?”, questiona Márcio Alles, 44, que trabalha na fábrica de cerâmicas da família, na altura do quilômetro 6.

Conforme Alles, que acompanhou a duplicação da rodovia, os retornos foram implementados em outra época, quando o número de veículos que circulavam pela via era muito menor. “Hoje, [os retornos] se mostram um recurso ultrapassado e perigoso”, acrescenta.

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Para o comerciante José Valdir, 65, a solução é fechar a maioria dos retornos e, nos que forem mantidos abertos, aumentar a extensão dos recuos para evitar que motoristas que pretendem realizar um retorno fiquem parados sobre a pista, na faixa da esquerda. “Isso também é outro problema que pouco é debatido e observado, mas que representa risco e provoca acidentes”, destaca.

“Vamos botar pressão política”: Prefeitura terá audiência com CSG e Estado

Atento aos indicadores de acidentes na rodovia, o prefeito de Portão, Kiko Hoff, provocou um encontro em que pretende reunir representantes do Estado e da concessionária Caminhos da Serra Gaúcha (CSG) para debater o assunto. A reunião está prevista para acontecer no dia 8 de maio.

Kiko Hoff, prefeito de Portão | abc+



Kiko Hoff, prefeito de Portão

Foto: DIVULGAÇÃO

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“A atitude que nós podemos tomar é cobrar da CSG e do Estado. Eu já venho falando que isso ia acontecer, porque quem vive aqui vê que o pessoal (motoristas) que para nos retornos está ficando em cima da pista, e para acontecer um acidente pior, se ninguém fizer nada, é uma questão de tempo”, coloca.

Hoff esclarece que a prefeitura não pode tomar nenhuma providência diretamente, pois as intervenções na rodovia são de competência do Estado, especialmente após o recente processo de concessão da RS-240. “Vamos botar pressão política para que isso tenha uma solução o mais rápido possível”, garante.

A CSG, que é empresa que detém a concessão da rodovia, foi procurada, mas até o fechamento desta matéria não se manifestou sobre o tema. Recentemente, após um encontro provocado pelo deputado estadual Issur Koch, a CSG iniciou uma série de melhorias na rodovia, especialmente no trecho de Portão.

Além de melhorar a sinalização, também providenciou a instalação de um controlador de velocidade no retorno de acesso à Rua Estância Velha, outro cruzamento em que diversos acidentes foram registrados.

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