“Cadê os corpos?”: Polícia encontra áudio de criminoso envolvido com desaparecimento de jovens

Durante coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (29), na sede do Departamento Estadual de Homicídios, em Porto Alegre, a Polícia Civil apontou uma das evidências que atesta a hipótese de triplo homicídio no caso envolvendo o desaparecimento de três jovens, há três semanas, em Canoas.

Operação desencadeada na manhã desta terça-feira (29) mirou criminosos suspeitos de participar de triplo homicídio, em Canoas



Operação desencadeada na manhã desta terça-feira (29) mirou criminosos suspeitos de participar de triplo homicídio, em Canoas

Foto: POLÍCIA CIVIL/REPRODUÇÃO

Áudios de WhatsApp encontrados no celular de um dos quatro suspeitos presos, em meio a batizada Operação Amissus, revelam a intenção dos criminosos em abandonar o carro em que as vítimas Caroline Oliveira, 19 anos, Vitor Juan Santiago, 18, e Pedro Henrique Rodrigues, 23, estavam na noite do desaparecimento.

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“Se ele for ali na delegacia deixar o carro vai ser pior, ‘cupincha’. Como é que ele pegou o carro que estava com eles? Cadê os corpos?”, argumenta em áudio o criminoso a um comparsa sobre a possibilidade do veículo Fiat Punto ser levado até uma delegacia em Canoas.

Posteriormente, em outro áudio, descoberto pela Polícia Civil, ele continua: “É pior, mano. É pior fazer esse ‘bagulho’. O que tem que acontecer? O que tem que fazer é largar o carro em algum lugar, deixar a Polícia pegar o carro”, orienta o suspeito.

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O Fiat Punto acabou encontrado abandonado na noite do dia 8 de abril na Estrada do Nazário, no bairro Guajuviras, em Canoas. Antes disso, o carro foi visto circulando pelo bairro Humaitá, em Porto Alegre, onde a Polícia concentrou inicialmente as buscas.

Segundo a delegada Gabriela Zinelli, que coordena a apuração da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Canoas, a posterior análise concluída pelo Instituto Geral de Perícias (IGP) não revelou qualquer sinal de violência ou pista que pudesse levar ao paradeiro das vítimas.

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“Encontramos o carro, sim”, esclarece. “No entanto, não houve nem possibilidade de fazermos busca em alguma área. Porque o carro foi visto no Humaitá e a distância entre o bairro de Porto Alegre e o local do desaparecimento, no bairro Mato Grande, em Canoas, é enorme.”

Agora, a Polícia concentra o trabalho nos interrogatórios dos suspeitos presos em paralelo às diligências na busca pelas vítimas, auxiliadas pela Brigada Militar, confirma a delegada. Os suspeitos presos já estão na DHPP de Canoas, onde são feitas as oitivas.

“Esperamos que algum dos suspeitos possa esclarecer o que houve naquela noite e que isso possa garantir a localização das vítimas”, conclui a delegada.

Entenda o caso

Foi a noite do dia 6 de abril que os jovens Caroline Oliveira, Vitor Juan Santiago e Pedro Henrique Rodrigues, após participarem de um churrasco na casa de amigos, desapareceram.

A Polícia revelou que Caroline recebeu uma ligação para uma tele-entrega de entorpecentes no bairro Mato Grande, no território de uma facção criminosa contrária para o qual ela e os dois amigos estariam vinculados.

“Entre a saída do bairro Guajuviras e a chegada no bairro Mato Grande, território da facção rival, onde deixaram o carro, eles acabaram desaparecendo. É isso que buscamos esclarecer”, afirmou a delegada Graziela.

A hipótese mais clara é que os três jovens tenham sido colocados à força em um outro carro e levados até algum local, no entanto, a Polícia não tem conhecimento ainda do que aconteceu depois.

“Não se sabe se foram arrebatados ou o que aconteceu. Sabemos que saíram para fazer uma tele-entregas de drogas e sumiram. É claro que até pelo tempo que passou, a hipótese mais clara é o homicídio”, salienta a delegada.

Capturados

As três ordens de prisão temporária cumpridas na manhã desta terça-feira ocorreram no bairro Guajuviras, com os suspeitos capturados a metros do endereço onde moravam as vítimas.

“Não está claro nem se o crime acabou cometido mesmo por uma facção ou se houve um desentendimento dentro da própria organização, porque os suspeitos acabaram localizados todos na área onde viviam as vítimas”, esclarece o delegado Mario Souza.

Ele deixa claro que, apesar do crime estar relacionado ao tráfico de drogas e entorpecentes, a Polícia Civil não faz distinção e não medirá esforços até que o caso seja esclarecido e os responsáveis sejam levados à Justiça.

“Não vamos entrar no mérito que os três desaparecidos tinham algum envolvimento com o crime organizado”, avisou o diretor do Departamento de Homicídios, o delegado Mario Souza. “O que importa aqui é que são três vítimas.”

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