Fertilizantes funcionais combatem principal fator de perdas no campo

Foto: Soja Brasil

A perda de produtividade por estresse climático tem introduzido no Brasil e no mundo a era dos fertilizantes funcionais. A intenção é aumentar a resistência das plantas e assim minimizar ou reduzir os efeitos nocivos, como os provocados por altas temperaturas ou pelo frio excessivo. Na prática, o objetivo é aumentar a tolerância para melhorar a resistência e preservar a produtividade, principalmente em condições adversas de desenvolvimento das lavouras. No enfrentamento do problema surgem inúmeras soluções de PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação), entre as quais, tratamentos preventivos à base de selênio e xisto, por exemplo, possibilitando que as plantas mantenham um maior armazenamento de água, deixando a lavoura mais resistente em períodos e ambientes adversos.

Estudos revelam que nos últimos 20 anos os estresses climáticos foram responsáveis por quase 40% das perdas de produtividade no Brasil. E que entre os fatores que impactam na performance da agricultura moderna, o estresse climático é a variável de maior importância, que supera inclusive as frustrações provocadas por pragas, doenças, plantas daninhas e deficiências nutricionais. A afirmação é do engenheiro agrônomo Mário Cunha, que trabalha com os chamados fertilizantes funcionais. No mundo, continua o especialista, que atua como diretor de PD&I na Unity Agro, a seca sozinha causa mais perdas anuais na produtividade das culturas do que todos os patógenos combinados.

A avaliação do agrônomo é compartilhada pelo doutor e professor da Universidade Estadual do Piauí Fabrício Custódio de Moura Gonçalves. Em artigo publicado em janeiro de 2023 (Campo&Negócios), o engenheiro agrônomo e biólogo destaca que o estresse é uma reação adversa às condições ambientais desfavoráveis ao pleno crescimento e desenvolvimento das plantas, resultando em perdas de produtividade. Segundo ele, nessas situações os danos causados às células são responsáveis por perdas de até 65% do potencial produtivo das culturas. De acordo com o pesquisador, na soja os estudos com selênio revelam que ele melhora o metabolismo, podendo aumentar a concentração de clorofila, combater radicais livres, ativar enzimas, entre outros. “Além de fortalecer a planta para as condições de estresse climático, também promove esses outros benefícios, fazendo com que a absorção de outros nutrientes melhore e contribua para uma boa safra.”

Estudo publicado pelo Journal of Soil Science and Plant Nutrition (jan/2023) aponta que o selênio gerou maior estímulo ao crescimento da planta e à massa seca das raízes. No artigo ‘O selênio aumenta os pigmentos fotossintéticos, a biossíntese de flavonoides, a nodulação e o crescimento de plantas de soja’ os autores defendem que a aplicação aumentou a eficiência na fixação biológica do nitrogênio. Os pesquisadores, brasileiros da Unesp (Universidade Estadual Paulista), afirmam que o estudo apresenta novos e fundamentais insights que podem ser úteis para aumentar a tolerância da cultura ao estresse abiótico, que influencia elementos como água e temperatura.

Sobre o clima adverso, o meteorologista do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) há 30 anos, Luiz Renato Lazinski, lembra que as instabilidades fazem parte de ciclos constantes da natureza. Ele explica que a mudança do ambiente natural da terra amplifica os efeitos tanto da temperatura quanto da precipitação. Este ano, por exemplo, disse que estamos saindo de um La Niña fraca para um clima neutro, de neutralidade climática, o que deve ser bom para Centro-Oeste e Matopiba, mas não tão bom para a Região Sul do país. “Da amplitude térmica aos excessos de frio, calor e precipitação, a agricultura precisa cada vez mais atuar preventivamente para mitigar ou reduzir os efeitos colaterais da variável clima”, sentencia.

“Da amplitude térmica aos excessos de frio, calor e precipitação, a agricultura precisa cada vez mais atuar preventivamente para mitigar ou reduzir os efeitos colaterais da variável clima”

Luiz Renato Lazinski, INMET

O agrônomo Leori Hermann, CEO da Unity Agro e especialista em Solos e Nutrição de Plantas, diz que pesquisas e validações de campo confirmam que lavouras bem nutridas são menos impactadas pelos danos causados por altas temperaturas e pelo frio excessivo. Hermann destaca que pesquisas realizadas na última safra apontam que campos de soja adubados com produtos à base de selênio reduziram as perdas provocadas pelo estresse hídrico em 21% no estado do Tocantins e 11% no estado de Goiás, região do Cerrado brasileiro.

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