Menos turistas, mais prejuízo: EUA perdem US$ 1,8 bi a cada 1% de queda

Geoff Freeman, presidente e CEO da U.S. Travel Association (Divulgação/US Travel Association)

A indústria de turismo dos Estados Unidos enfrenta uma crise silenciosa, mas de impacto profundo. Geoff Freeman, presidente e CEO da U.S. Travel Association, alertou em entrevista recente que o país passou de um superávit de US$ 50 bilhões na balança comercial de viagens, em 2015, para um déficit de igual valor em 2024. Uma virada de US$ 100 bilhões em apenas uma década.

“Não entendemos completamente por que os viajantes deixaram de vir aos Estados Unidos. O que sabemos é que o buraco está ficando cada vez mais fundo”, afirmou Freeman durante participação no programa Squawk Box, da CNBC.

A queda no número de visitantes internacionais, com destaque para uma retração de mais de 30% nas chegadas da Ásia desde o período pré-pandemia, preocupa todo o setor. Em 2023, os EUA receberam apenas 72 milhões de visitantes estrangeiros, número ainda distante dos 79 milhões de antes da pandemia.

Apesar de a desaceleração inicial estar relacionada ao impacto da COVID-19, Freeman aponta que questões como o câmbio desfavorável e a falta de uma estratégia de atração de turistas também contribuíram para a situação atual. “Cada mercado tem suas particularidades, mas o que falta é um plano nacional para reverter essa tendência”, explicou.

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Os números revelam a gravidade do cenário: cada 1% de queda nos gastos de visitantes internacionais representa uma perda de US$ 1,8 bilhão por ano para a economia norte-americana. E o impacto não é apenas em grandes centros. Cidades fronteiriças como Detroit (Michigan) e Buffalo (Nova York) foram duramente afetadas pela redução no turismo canadense, antes um dos principais fluxos internacionais.

EUA perdem bilhões com queda no turismo e o buraco só cresce (Reprodução/CNBC News)

Freeman destaca que a visita de turistas estrangeiros é um dos meios mais eficazes de equilibrar a balança comercial, já que se trata de “dinheiro gratuito” injetado na economia. “Esses viajantes vêm, gastam, e voltam para casa contando aos amigos e familiares. É um ciclo virtuoso que estamos perdendo.”

A esperança, segundo ele, está nos grandes eventos programados para os próximos anos: a Copa do Mundo de 2026, o aniversário de 250 anos da independência dos EUA em 2026, e os Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028. “O desejo de viajar está mais forte do que nunca. As pessoas valorizam experiências mais do que bens materiais. A questão é: estamos prontos para aproveitar essa oportunidade?”

Freeman conclui que, embora parte dos problemas sejam autoinfligidos, ainda há tempo para agir, desde que haja uma mudança estratégica e coordenada na forma como os EUA se posicionam como destino turístico global.