Dino autoriza prisão de turco-brasileiro a pedido do governo Erdogan

São Paulo — O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a prisão cautelar do turco naturalizado brasileiro Mustafa Goktepe, de 47 anos, como parte de um processo de extradição. A decisão, proferida em 14 de abril e divulgada nesta quarta-feira (30/4), ocorreu a pedido do governo da Turquia, liderado por Recep Tayyip Erdogan.

O empresário é acusado de terrorismo pelas autoridades turcas. Radicado há 20 anos no Brasil, ele integra o movimento armado Hizmet, fundado pelo clérigo muçulmano Muhammed Fethullah Gülen. A organização foi responsável por uma tentativa de golpe de Estado, em 2016.

Goktepe é casado com uma brasileira e tem duas filhas nascidas no país. Naturalizado brasileiro desde 2012, ele é proprietário de uma rede de restaurantes e coordena duas escolas em São Paulo. Também atua como tradutor de turco e foi professor visitante da Universidade de São Paulo (USP).

O que diz a defesa do turco Mustafa Goktepe

A defesa de Mustafa Goktepe classifica a medida como uma “violência” motivada por razões ideológicas. “Esse é mais um capítulo da triste história do autoritarismo do governo turco, que tenta usar ilegalmente os processos de extradição como instrumento de perseguição política extraterritorial, para submeter pessoas aos seus tribunais de exceção e a graves violações de direitos fundamentais”, disse o advogado Beto Vasconcelos, ex-secretário Nacional de Justiça.

O representante jurídico ainda argumentou que o turco-brasileiro é “conhecido pela defesa da democracia, tolerância política e religiosa”.

Trata-se do terceiro pedido de extradição da gestão da Turquia contra membros do movimento Hizmet no Brasil. Os outros dois foram negados de forma unânime pela Corte.

“Tenho confiança de que, assim que o STF receber nossas informações, revogará a prisão e negará a extradição”, completou Beto Vasconcelos.

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