Exame de sangue nas fezes é opção para rastrear câncer colorretal

O câncer colorretal, também conhecido como câncer de intestino, é o terceiro tipo mais frequente entre homens e mulheres no Brasil, com uma taxa anual de aproximadamente 46 mil casos novos, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Embora a maioria aconteça em pessoas acima dos 60 anos, tem-se observado um aumento significativo entre adultos jovens. Seu início costuma ser silencioso e a progressão lenta, o que dificulta o diagnóstico precoce.

Um levantamento da Fundação do Câncer projeta um aumento de 21% nos casos até 2040. Segundo a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), cerca de 75% a 80% dos tumores de intestino ainda são diagnosticados em estágios avançados, o que reduz a chance de cura e exige tratamentos mais agressivos, como quimioterapia, radioterapia e cirurgias complexas e invasivas. Quando identificado no início, porém, o câncer colorretal pode ser curado.

O diagnóstico precoce se tornou um dos principais desafios da saúde pública. O Inca recomenda o início da triagem a partir dos 50 anos, mas, com o aumento dos casos em faixas etárias mais jovens, entidades como a SBCP passaram a sugerir o início do rastreamento já aos 45 anos, mesmo sem sintomas.

E um teste acessível pode ajudar nessa investigação: o de sangue oculto nas fezes. “É crucial a busca ativa de novos casos. O sangue oculto é um exame simples e importante de rastreio que pode levar ao exame padrão ouro para o diagnóstico, a colonoscopia”, explica o oncologista clínico Rodrigo Fogace, do Hospital Israelita Albert Einstein, em Goiânia.

Mutirão em Goiás

Durante o “Março Azul”, mês dedicado à conscientização sobre o câncer de intestino, a SBCP se uniu à Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED) para promover um mutirão de rastreamento da doença na cidade de Goiás (GO). Foram distribuídos 8 mil kits de exame de sangue oculto nas fezes para pessoas entre 45 e 70 anos.

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Extremamente comum no país, o câncer de pele é caracterizado pelo aparecimento de tumores na pele em formato de manchas ou pintas com formatos irregulares. Relacionada à exposição prolongada ao sol, exposição a câmeras de bronzeamento artificial ou por questões hereditárias, a doença pode ser tratada através de cirurgias, radioterapia e quimioterapia

O câncer de mama é causado pela multiplicação descontrolada de células na mama. Apesar de ser comum em mulheres, a enfermidade também pode acometer homens. Entre os sintomas da doença estão: dor na região da mama, nódulo endurecido, vermelhidão, inchaço e secreção sanguinolenta. O tratamento envolve cirurgia para retirada da mama, quimio, radioterapia e hormonioterapia
Mais frequente em homens, o câncer de próstata apresenta os seguintes sintomas: sangue na urina, dificuldade em urinar, necessidade de urinar várias vezes ao dia e a demora em começar e terminar de urinar. Cirurgia e radioterapia estão entre os tratamentos da doença
Embora possa estar relacionado com hipertireoidismo, tabagismo, alterações dos hormônios sexuais e diabetes, por exemplo, o câncer de tireoide ainda não é bem compreendido por especialistas. Apesar disso, tratamentos contra a doença envolvem terapia hormonal, radioterapia, iodo radioativo e quimioterapia, dependendo do caso
O câncer de pulmão é um dos tipos com maior incidência no Brasil. Relacionado ao uso ou exposição prolongada ao tabagismo, tem como principais sintomas a falta de ar, dores no peito, pneumonia recorrente, bronquite, escarro com sangue e tosse frequente. A doença é tratada com quimioterapia, radioterapia ou/e cirurgia
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Segundo o Instituto Nacional de Câncer, para cada ano do triénio 2020/2022 serão registrados cerca de 625 mil casos da doença no Brasil

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Extremamente comum no país, o câncer de pele é caracterizado pelo aparecimento de tumores na pele em formato de manchas ou pintas com formatos irregulares. Relacionada à exposição prolongada ao sol, exposição a câmeras de bronzeamento artificial ou por questões hereditárias, a doença pode ser tratada através de cirurgias, radioterapia e quimioterapia

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O câncer de mama é causado pela multiplicação descontrolada de células na mama. Apesar de ser comum em mulheres, a enfermidade também pode acometer homens. Entre os sintomas da doença estão: dor na região da mama, nódulo endurecido, vermelhidão, inchaço e secreção sanguinolenta. O tratamento envolve cirurgia para retirada da mama, quimio, radioterapia e hormonioterapia

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Mais frequente em homens, o câncer de próstata apresenta os seguintes sintomas: sangue na urina, dificuldade em urinar, necessidade de urinar várias vezes ao dia e a demora em começar e terminar de urinar. Cirurgia e radioterapia estão entre os tratamentos da doença

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Embora possa estar relacionado com hipertireoidismo, tabagismo, alterações dos hormônios sexuais e diabetes, por exemplo, o câncer de tireoide ainda não é bem compreendido por especialistas. Apesar disso, tratamentos contra a doença envolvem terapia hormonal, radioterapia, iodo radioativo e quimioterapia, dependendo do caso

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O câncer de pulmão é um dos tipos com maior incidência no Brasil. Relacionado ao uso ou exposição prolongada ao tabagismo, tem como principais sintomas a falta de ar, dores no peito, pneumonia recorrente, bronquite, escarro com sangue e tosse frequente. A doença é tratada com quimioterapia, radioterapia ou/e cirurgia

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No Brasil, o carcinoma epidermoide escamoso tem a maior incidência entre os canceres de estômago. Os tratamentos envolvem cirurgia ou radioterapia e quimioterapia

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O câncer de estômago é diagnosticado após a identificação de tumores malignos espalhados pelo órgão e que podem aparecer como úlceras. Relacionado à infecções causadas por Helicobacter Pylori, pela presença de úlceras e de gastrite crônica não cuidada, por exemplo, a doença pode causar vômito com sangue ou sangue nas fezes, dor na barriga frequente e azia constante

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O câncer de colo de útero tem como sintomas sangramento vaginal intermitente, dor abdominal relacionada a queixas intestinais ou urinárias e secreção vaginal anormal. O tratamento envolve quimio, radioterapia e cirurgia

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O câncer de boca é uma doença que envolve a presença de tumores malignos nos lábios, gengiva, céu da boca, língua, bochechas e ossos. É mais comum em homens com mais de 40 anos e tem como sintomas feridas na cavidade oral, manchas na língua e nódulos no pescoço, por exemplo. O tratamento envolve cirurgia, quimio e radioterapia

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Cerca de 2.500 testes foram realizados, dos quais 8% apresentaram resultado positivo. No total, 563 pessoas foram encaminhadas à colonoscopia, considerada o exame mais preciso para detectar esse tipo de câncer. Dessas, 423 realizaram o procedimento — incluindo as que tiveram alterações no exame de fezes e pessoas que já tinham pedido de colonoscopia em aberto e aguardavam agendamento na rede pública. Foram encontradas 462 lesões (pólipos) em 231 pacientes (54% dos examinados) e quatro casos de câncer avançado foram confirmados.

Segundo a SBCP, esses números reforçam a importância do rastreamento ativo. “Ao contrário de outros tipos de tumor, o câncer de intestino pode ser prevenido em quase 100% dos casos. Ou seja, a gente procura diagnosticar lesões pré-malignas, antes que elas se tornem câncer, e tratá-las nesse estágio”, diz o coloproctologista Helio Moreira, diretor da SBCP e coordenador geral da campanha. “Cerca de 15% dos pólipos adenomatosos têm risco de se tornar câncer; e 54% dos pacientes que fizeram a colonoscopia tinham uma lesão. Quatro casos eram de câncer. Na média, identificamos dois pólipos por pessoa.”

Apesar do baixo custo, o exame de sangue oculto tem limitações. Sua sensibilidade mediana é de aproximadamente 60%, ou seja, a cada 100 pessoas com sangramento, 60 terão o exame de sangue oculto positivo. “Esse exame deve ser usado como rastreio somente”, pontua Fogace.

Prevenção

O câncer colorretal tem causas multifatoriais, que envolvem desde fatores genéticos até o estilo de vida. Além da adoção de hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e prática de atividade física, é essencial informar sobre a importância do diagnóstico precoce. Afinal, prevenir ainda é o melhor caminho para reduzir a mortalidade por essa doença.

“Não basta mudarmos a alimentação, se continuarmos sedentários. Não basta reduzirmos o etilismo, se continuarmos consumindo embutidos em excesso. A forma mais eficaz de reduzir a mortalidade desse câncer, além de mudanças dos hábitos de vida, é a conscientização da população”, conclui o oncologista do Einstein.

Fonte: Agência Einstein

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