Mesmo com leilão, gigante calçadista falida deve altos valores para ex-funcionários; entenda

A novela que envolve a Paquetá The Shoe Company e seus ex-colaboradores continua sem um final feliz. Enfrentando um processo de recuperação judicial, a indústria calçadista de Sapiranga colocou seus prédios à venda na intenção de quitar os débitos.

No entanto, mesmo com a venda de parte dos imóveis, a empresa ainda deve altos valores para ex-funcionários do Vale do Sinos e também de fábricas no Nordeste. 

Lotes da Paquetá estão sendo vendidos para pagar dívidas trabalhistas | abc+



Lotes da Paquetá estão sendo vendidos para pagar dívidas trabalhistas

Foto: Divulgação/JR Leilões

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Uma ex-funcionária da matriz em Sapiranga, que ficou 6 anos na empresa e fazia parte da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) quando foi demitida, contou ao ABCmais que o valor devido ultrapassa os R$ 100 mil. “Meu processo está em 2ª instância, sigo aguardando. Soube que alguns ex-colegas, com valores menores, já receberam”, diz a moradora da região que tem 46 anos e prefere não se identificar.

Já o ex-funcionário que atuava na fábrica da calçadista em Recife (PE) espera pelo pagamento total há 9 anos. “Se pelo menos eles pagassem as 5 prestações que faltam já estava bom. Minha advogada entra em contato com eles, mas nunca respondem”, lamenta.

A empresa calçadista não se manifestou sobre a situação até a publicação desta matéria.

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O leilão

O primeiro leilão de lotes ocorreu em novembro de 2024, mas não obteve lances. Já em dezembro do mesmo ano, na segunda tentativa, três imóveis menores foram vendidos, somando pouco mais de R$ 2 milhões. Restam no momento dois lotes disponíveis.

Recentemente, um grupo moveleiro com sede na região anexou uma proposta de compra junto ao processo no importe de R$ 29.520.000,00, parcelados em 48 vezes, corrigidos pelo IPCA-E. O complexo, envolvendo os 2 lotes, foi avaliado em pouco mais de R$ 72,6 milhões.

A Joyce Ribeiro Leilões (JR) informou ao ABCmais que foram intimados pela juíza do caso para que sejam recebidas novas propostas de venda até esta sexta-feira (2). O lance mínimo é de R$ 29.720.000,00 (proposta já recebida, com o incremento padrão de R$ 200.000,00). “Com base no princípio da publicidade, foi determinado pelo Juízo, que os imóveis sejam disponibilizados para propostas mais vantajosas”, informa ainda o site da leiloeira.

Ainda não há lances efetuados para estes dois últimos lotes disponíveis, conforme a empresa responsável pelo leilão dos bens da Paquetá. 

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Relembre o caso

A indústria de Sapiranga teve seu processo de recuperação judicial encerrado em 2023, mesmo ano em que vendeu sua operação de varejo para o Grupo Oscar (SP). Em julho do ano passado, a rede de lojas multimarcas Di Santinni (RJ) adquiriu a marca de calçados e acessórios femininos Capodarte. O grupo varejista pagou o equivalente a R$ 36 milhões pela etiqueta pertencente até então à Paquetá.

Antes disso, em 2022, a rede varejista multimarcas Esposende, que pertencia à Paquetá The Shoe Company, foi adquirida pelo Grupo Dok.

Como a empresa se desfez de importantes “braços” da companhia, os rumores de que a indústria em Sapiranga também iria fechar começaram a surgir em 2023 e voltaram a ser assunto em agosto de 2024. Em setembro, a fábrica ainda contava com alguns colaboradores na produção.

Já em novembro de 2024, os lotes começaram a ser leiloados, decretando o final da empresa na cidade. Agora, há a expectativa de venda dos 2 lotes restantes. O leilão está próximo do fim, mas há a expectativa de novos lances até o fim do prazo, que é sexta (2). A reportagem acompanha a situação de perto.

 

 

 

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