PIB dos EUA cai e recessão volta ao radar de economistas

Inflação nos EUA acelera no 4º trimestre: PCE sobe 2,5%

O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos recuou 0,3% em termos anualizados no primeiro trimestre de 2025 (1T25), conforme a primeira estimativa divulgada nesta quarta-feira (30) pelo Bureau of Economic Analysis (BEA), órgão ligado ao Departamento do Comércio dos EUA. O resultado surpreendeu negativamente o mercado, que projetava uma alta de 0,4% no período.

Resultado fraco após crescimento robusto em 2024

Na comparação com o último trimestre de 2024, quando o PIB avançou 2,4%, o dado representa uma desaceleração acentuada da atividade econômica norte-americana. Em 2024, os Estados Unidos vinham de um ritmo forte de crescimento, impulsionado por consumo aquecido, investimentos privados sólidos e um mercado de trabalho resiliente. A reversão observada no início de 2025 acende um alerta para o desempenho da economia nos próximos trimestres.

Importações pesam negativamente no cálculo do PIB

De acordo com o BEA, a principal influência negativa no resultado do 1T25 veio do aumento nas importações, que são tratadas como subtração no cálculo do PIB. As importações apresentaram queda real próxima de 4,5%, segundo analistas, o que distorceu significativamente o resultado final. Além disso, os gastos do governo recuaram, reforçando o movimento de desaceleração.

Investimentos e exportações sustentaram parte do PIB

Apesar do recuo, alguns componentes da economia apresentaram crescimento no trimestre, o que evitou uma contração ainda mais intensa. Os investimentos privados aumentaram, assim como as exportações, indicando que há setores da economia ainda em expansão. O consumo das famílias, embora tenha desacelerado, também contribuiu positivamente, ainda que de forma mais modesta do que em trimestres anteriores.

Gastos públicos em retração já eram esperados

A redução nos gastos do governo já era esperada por parte dos analistas. Em meio ao esforço de consolidação fiscal, o setor público norte-americano vem reduzindo sua participação no crescimento econômico. O BEA destacou, no entanto, que o impacto dos incêndios florestais na Califórnia também pesou negativamente sobre os investimentos públicos, com perdas estimadas em US$ 11 bilhões por parte do governo e US$ 34 bilhões no setor privado.

Mercado já discute possível recessão e cortes de juros

Para Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, o resultado decepcionante deve intensificar o debate sobre o risco de uma recessão técnica nos EUA ainda em 2025 e reforça a pressão sobre o Federal Reserve para iniciar cortes na taxa de juros. “O mercado já esperava desaceleração, mas com algum crescimento. A queda de 0,3% foi fortemente influenciada pelas importações. E os impactos dos incêndios somaram-se à retração dos gastos públicos”, explicou.

Cruz também chama atenção para os efeitos da guerra comercial com a China, que já está gerando relatos de escassez de produtos importados, como brinquedos e móveis, conforme noticiado pela Associated Press. “Isso pode afetar o desempenho econômico dos próximos meses e obrigar o governo americano a acelerar negociações comerciais”, destacou.

PIB decepciona e reacende temores sobre a economia americana

Para Fabio Fares, especialista em análise macro, os dados do primeiro trimestre reforçam um cenário de fragilidade estrutural na economia dos EUA, com sinais simultâneos de desaceleração e pressão inflacionária. “É um quadro típico de política monetária que já está bastante restritiva, mas ainda não conseguiu trazer a inflação para níveis confortáveis. A surpresa do núcleo do PCE a 3,5% mostra que o Fed está longe de cumprir sua meta. E, ao mesmo tempo, os dados de emprego mais fracos indicam que os efeitos do aperto monetário estão finalmente aparecendo no mercado de trabalho”, afirmou.

Segundo ele, o Federal Reserve vai enfrentar “a fase mais desafiadora deste ciclo”, já que qualquer movimento em falso pode agravar tanto o risco de recessão quanto a persistência inflacionária.

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