VÍDEO: mais de um mês após atropelamento, família pede justiça por Emanuelly e Toni

“Um ônibus vir assim e tirar a vida de duas pessoas e ficar impune… tu não vive mais”. Este foi o desabafo da oficial de cozinha Eliziane de Souza, de 47 anos, que perdeu sua filha, Emanuelly de Souza, de 5, e o pai dela, Toni Vanderlei de Souza, 62, no dia 24 de março.

Ambos foram atingidos por um ônibus desgovernado da empresa Janis Transportes, que vinha de ré no loteamento Colina Verde, do bairro Vargas, e atingiu também o pátio de uma residência. Passado mais de um mês do acidente, ela e os familiares seguem pedindo por justiça.

Eliziane de Souza, mãe de Emanuelly de Souza, 5 anos, no quarto que pertencia à menina. A criança e o pai, Toni Vanderlei de Souza, de 62 anos, foram atingidos por um ônibus desgovernado há mais de um mês



Eliziane de Souza, mãe de Emanuelly de Souza, 5 anos, no quarto que pertencia à menina. A criança e o pai, Toni Vanderlei de Souza, de 62 anos, foram atingidos por um ônibus desgovernado há mais de um mês

Foto: Amanda Krohn/Especial

“Estamos esperando vir algum retorno, mas se não vier a gente vai protestar de novo. Enquanto não tiver justiça feita, a gente não vai parar”, afirma, referindo-se à manifestação realizada alguns dias após o caso, em frente à escola onde o veículo tinha estacionado pouco antes da fatalidade. Além do protesto, a família também investiu em uma faixa pedindo justiça por Emanuelly, colocada na passarela da Avenida Mauá, próxima à igreja Universal, dez dias após o acidente.

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Eliziane reclama da falta de respostas da 1ª Delegacia de Polícia Civil do município, responsável pelo inquérito. “Quero que eles deem um jeito, que isso aí não fique impune. Quero o mais rápido possível saber um retorno”, diz. “Eu não tava lá na hora. Não vi nada, não sei de nada, eu só sei o que a advogada me fala, e ela tá correndo atrás, ela quer, só que não tem retorno”, continua.

Luto que não passa

A oficial de cozinha conta que não tem sido fácil lidar com a perda. “Nós estamos na fase de aceitação, mas não tem como aceitar. Foram duas pessoas, uma criança e o pai.” Uma das memórias mais recentes que Eliziane teve com Tony e Emanuelly é do dia 22 de março, dois dias antes da fatalidade.

“Estávamos eu, ela (Emanuelly) e o pai dela (Tony). Ela queria muito sair comigo e com ele, e a gente trabalhava, então nunca dava para tirar um tempo. Naquele dia a gente saiu, eu até faltei o serviço para poder ficar com ela”, diz, caindo aos prantos, sem conseguir finalizar a história.

Para a mãe, não é possível falar da filha ou de Toni sem derramar lágrimas. “Tudo me faz lembrar deles, é difícil falar”, lamenta.

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Em depoimento, motorista tinha dito que estava fora do veículo

Horas após o acidente, no dia 24 de março, o motorista, funcionário da empresa Janis Transportes, prestou depoimento à polícia civil. De acordo com informações repassadas na data pelo delegado Gabriel Lourenço, o homem de 42 anos chegou a ser agredido por moradores após o acidente. Ele foi levado ao Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV) para ser atendido.

No depoimento, o motorista alegou estar fora do veículo no momento do acidente. “Ele (condutor) disse que enquanto aguardava um passageiro escutou um barulho de ar e em seguida viu o ônibus descendo a rua. Segundo ele, teria tentado segurar o veículo pelo para-choque. Obviamente não teve força. Na sequência, caiu não chão e gritou para pedestres se afastarem”, detalhou o delegado.

Em nota emitida mês passado, a Janis “manifestou profundo pesar pelo acidente” e alegou que o veículo era novo e o condutor era experiente. Já os defensores do condutor enfatizavam que ele já havia comunicado à empresa as irregularidades no veículo. “Acerca do ônibus envolvido na tragédia, destaca-se que o veículo pertence à nova frota da empresa Janiz Transportes e, muito embora recém-inaugurado, já vinha apresentando falhas técnicas reincidentes, inclusive com alertas luminosos no painel”, dizia nota.

Ônibus desceu ladeira, atropelou pai e filha e atingiu uma casa no dia 24 de março



Ônibus desceu ladeira, atropelou pai e filha e atingiu uma casa no dia 24 de março

Foto: Amanda Krohn/Especial

Advogada reclama de falta de respostas

A advogada que representa os familiares de Toni e Emanuelly, Dra. Roberta Gomes, tem enfrentado dificuldades para obter respostas. “A 1ª Delegacia de Polícia de Sapucaia do Sul não tem delegado titular, o delegado responsável pela unidade é o delegado de Esteio (referindo-se a Gabriel Lourenço). Já pedi acesso ao inquérito e foi negado”, reclama a advogada, que também representa os familiares dos outros dois acidentes ocorridos no mesmo mês no município.

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A perícia preliminar apontou que os freios funcionavam normalmente, no entanto, o veículo seria submetido a outras análises. O delegado Marco Guns substitui o delegado Gabriel Lourenço em suas férias. Segundo Guns, a polícia ainda aguarda o resultado do laudo pericial, que deve ser entregue na semana que vem. “A advogada pode buscar novamente a delegacia e marcar horário comigo que será evidentemente atendida”, afirma.

Três acidentes e quatro mortes em um mês

Além deste caso, Sapucaia teve ainda pelo menos duas outras fatalidades no mês passado. No dia 6 de março, também um ônibus desgovernado atingiu duas mulheres na Avenida Sapucaia do Sul, entre as estações Luiz Pasteur e Sapucaia. Rosimeri Feiber da Silva, 50 anos, ficou presa às ferragens e acabou falecendo. A outra vítima, Paula Grossla Foss, de 34 anos, ficou ferida e foi liberada após 13 dias internada no Hospital Municipal Getúlio Vargas.

No dia 11 de março, Iracema da Silva Müller, 60, morreu após ser atropelada enquanto andava de bicicleta. Ou seja, em apenas 18 dias, quatro pessoas perderam a vida no trânsito sapucaiense.

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