Por que 132 cardeais votarão no conclave, mesmo com limite de 120

A eleição do próximo papa, marcada para 7 de maio, terá a participação de 132 cardeais com direito a voto, mesmo que esse número ultrapasse o limite tradicionalmente estabelecido pela Igreja Católica, de 120. Segundo esclarecimento divulgado pela Congregação dos Cardeais, a decisão está em conformidade com a legislação canônica e com medidas adotadas pelo próprio papa Francisco.

A Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, publicada em 1996 pelo papa João Paulo II, define que o Colégio de Cardeais eleitores deve ter, no máximo, 120 membros com até 80 anos.

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Cardeais no funeral do papa Francisco

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No entanto, o documento também prevê que essa norma pode ser flexibilizada. Com base nesse entendimento, o papa Francisco optou por não se restringir ao número fixado e nomeou cardeais que, ao serem criados oficialmente, passaram a ter pleno direito de participar do conclave.

Em nota divulgada nessa quarta-feira (30/4) pela Sala de Imprensa da Santa Sé, a Congregação dos Cardeais explicou que a superação do limite ocorreu com respaldo da norma 36 da Constituição Apostólica. Segundo o texto, os cardeais que foram nomeados e tiveram a criação publicada tornaram-se automaticamente eleitores legítimos do novo pontífice, independentemente do número total.

O conclave

O conclave é o processo formal e reservado por meio do qual os cardeais com até 80 anos se reúnem para eleger o novo líder da Igreja Católica, em caso de morte ou renúncia do papa anterior. Desta vez, o encontro ocorre após o falecimento do papa Francisco e marca a eleição do 267º pontífice da história.

A cerimônia começará com a Missa Pro Eligendo Papa, na Basílica de São Pedro, no Vaticano, seguida da entrada solene dos cardeais na Capela Sistina. Antes das votações, eles participam de momentos de oração e assumem compromissos formais de sigilo e dedicação à Igreja. A expectativa é de que o nome do novo papa seja anunciado até 9 de maio, mas não há prazo definido.

Apesar da confirmação de 135 cardeais eleitores, apenas 132 estarão presentes. O cardeal italiano Giovanni Angelo Becciu, que enfrenta processos judiciais, decidiu se retirar voluntariamente do Conclave “pelo bem da Igreja” e para manter um clima de serenidade entre os eleitores. A Congregação expressou respeito pela decisão.

Outros dois cardeais, o bósnio Vinko Puljić e o espanhol Antonio Cañizares, também não participarão, por motivos de saúde.Imagem colorida de arte conclave - Metrópoles

Geopolítica no conclave

A atual composição do Colégio Eleitor se destaca pela diversidade. No total, 12 países estão representados pela primeira vez, incluindo Haiti, Timor-Leste, Tonga, Sudão do Sul e Mianmar. A variedade é um reflexo do desejo do papa Francisco em ampliar a presença de regiões historicamente pouco representadas, como África, Ásia e Oceania.

A Europa ainda lidera com 53 cardeais eleitores, seguida pelas Américas com 37 (sendo 17 da América do Sul), Ásia com 23, África com 18 e Oceania com 4. A maioria dos cardeais votantes — 108 — foi nomeada pelo papa Francisco. Outros 22 foram criados por Bento XVI, e cinco durante o pontificado de João Paulo II.

Além das diferenças geográficas, há uma grande diversidade religiosa entre os eleitores: 33 cardeais pertencem a ordens religiosas, como salesianos, jesuítas e franciscanos. A faixa etária também é bastante ampla, tendo em vista que o mais novo tem 45 anos, e o mais velho, 79.

Durante o conclave, todo o processo de votação é secreto e rigorosamente controlado. Se nenhum nome atingir os dois terços dos votos, as cédulas são queimadas, e a fumaça preta indica que não houve escolha. Quando um papa é eleito, a fumaça branca sobe pela chaminé da Capela Sistina, anunciando ao mundo: Habemus Papam.

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