UM ANO DAS ENCHENTES: Catástrofe ainda deixa marcas e reconstrução continua no RS; veja o que foi investido após estragos

Há um ano o Rio Grande do Sul enfrentava o capítulo mais triste de sua história. Cidades foram devastadas pela água, rios atingiram níveis nunca vistos, centenas de pessoas morreram e outras ficaram feridas. Milhares perderam casa, móveis e roupas. Abrigos provisórios se tornaram alternativa e passaram a ser erguidos em ginásios, escolas e igrejas.

Enchente no bairro Scharlau, um dos mais afetados em São Leopoldo  | abc+



Enchente no bairro Scharlau, um dos mais afetados em São Leopoldo

Foto: Igor Müller/GES-Especial

O caos foi instaurado no Estado, já que muitos municípios ficaram isolados. Veículos não conseguiam trafegar pelas estradas, já que muitas estavam bloqueadas. No Vale do Sinos, um caminho humanitário precisou ser construído às pressas na BR-116.

Na capital, o nível do Lago Guaíba superou 1941 e atingiu 5,37 metros, deixando parte de Porto Alegre submersa. A maior cidade gaúcha ficou isolada por dias, até que uma estrada provisória fosse montada na região da rodoviária.

No total, 6,1% do território gaúcho acabou atingido, somando 478 municípios. Eldorado do Sul, Muçum, Canoas, São Leopoldo e São Sebastião do Cai foram os mais impactados.

Em Eldorado, 80,8% da população foi acometida. Terceira maior cidade do Estado, Canoas teve 44% dos moradores afetados, principalmente no bairro Mathias Velho, o mais populoso do município. Outras regiões também contabilizaram estragos, especialmente aquelas próximas do Rio dos Sinos.

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Já em São Leopoldo, o número é próximo, onde 40,7% dos habitantes tiveram residências atingidas. Os bairros Scharlau, Campina, Vicentina e Santos Dumont foram os mais prejudicados.

Recursos federais

Para auxiliar na reconstrução do Estado, o governo federal anunciou ainda em 2024 o repasse de R$ 118,05 bilhões ao Rio Grande do Sul. Os valores englobam linhas de crédito, recursos novos e antecipação de tributos.

Do montante, R$ 72,6 bilhões já foram pagos, ou seja, depositados nas contas dos beneficiários. Outros R$ 80 bilhões estão empenhados, o que significa que o governo separou o valor no orçamento. Por fim, R$ 72,5 bilhões foram liquidados, liberados para uso. Os dados são do Portal da Transparência.

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Lula participou de evento em Porto Alegre para anúncios do PAC Seleções em 2024 | abc+



Lula participou de evento em Porto Alegre para anúncios do PAC Seleções em 2024

Foto: Juliano Piasentin/GES-Especial

Grande parte dos recursos (42%) são de linhas de crédito. Outros 42% são de novos recursos, apenas devido às enchentes, enquanto 16% foi antecipado ao Estado.

Recursos estaduais

Enquanto isso, o governo do Estado estimou um investimento de R$ 6,7 bilhões após a catástrofe. Assim como o governo federal, linhas de crédito também foram disponibilizadas à população.

No total, já foram repassados R$ 3,2 bilhões. Entre os recursos separados, R$ 5,5 bilhões foram garantidos (empenhados) e R$ 3,2 bilhões liquidados. São 4% em linhas de crédito e 96% em receitas novas.

Prevenção contra enchentes

Obras para a prevenção das enchentes foram adicionadas ao orçamento de R$ 8,9 bilhões do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Seleções. Os valores, disponibilizados pelo governo federal, dependem de projetos, mas não correm o risco de “caducar”. Ao menos é o que disseram representantes da União na época do anúncio.

O objetivo é mapear a profundidade de 770 quilômetros de cursos d’água dos rios Jacuí, Caí, dos Sinos, Gravataí e das lagoas dos Patos, Mirim, Canal de São Gonçalo, além do Lago Guaíba.

Também será efetuado um aerolevantamento do relevo de 13 bacias hidrográficas que compreendem 54% do território gaúcho. Entre os principais projetos, estão obras nas bacias dos rios Gravataí, dos Sinos, do Arroio Feijó (Porto Alegre e Alvorada) e a construção de um dique em Eldorado do Sul.

O mais próximo de sair do papel é justamente o dique em Eldorado. Na segunda-feira (28) foi publicado o edital para a contratação de empresa para atualização do anteprojeto de engenharia, que contempla a bacia do Baixo Jacuí.

Os estudos vão analisar o sistema de proteção contra as cheias da região, mitigando o efeito das inundações no Delta do Jacuí, com base na definição de medidas atualizadas. Com isso, a estrutura será capaz de proteger o município ao longo do tempo, prevendo ações corretivas e preventivas, com horizontes de curto a longo prazo.

A concorrência ocorrerá no dia 13 de maio e o valor do estudo é estimado em R$ 3,8 milhões e o critério de julgamento será o de menor preço. O prazo para conclusão será de 180 dias a contar da autorização de início.

A etapa seguinte será a contratação integrada de projetos básicos e executivos de engenharia, elaboração dos estudos ambientais para a obtenção da licença de instalação e execução das obras. O investimento total será de até R$ 531 milhões.

Obras na Bacia do Rio dos Sinos

No que diz respeito as obras na bacia do Rio dos Sinos, os recursos já estão disponíveis. No entanto, há necessidade de novos estudos e lideranças regionais buscam se articular junto ao Piratini.

Rio dos Sinos em Campo Bom no período das enchentes em 2024 | abc+



Rio dos Sinos em Campo Bom no período das enchentes em 2024

Foto: Laura Rolim/GES-Especial

O investimento previsto é de R$ 1,9 bilhão, também do PAC Seleções. O canal do rio deverá receber melhorias, assim como diques elevados em Canoas, São Leopoldo, Nova Santa Rita, Sapucaia do Sul, Novo Hamburgo e Campo Bom.

A região do Alto Sinos também será beneficiada, onde os diques devem ser elevados em Igrejinha, Rolante e Três Coroas.

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Estradas

Quando o assunto são as estradas, dados do Mapa Único do Plano Rio Grande (MUP), mostram que dos 241.449 quilômetros da malha viária gaúcha, 11.572 foi atingido há um ano. Ou seja, 4,8% de todas as vias disponíveis no Estado.

Destas, 21 continuam com problemas em 2025, sendo 14 com bloqueios parciais e outras sete totalmente bloqueadas (veja abaixo). Na região de abrangência do Grupo Sinos, duas rodovias ainda apresentam problemas: BR-116 (dois trechos) e VRS-843.

Na BR-116 os bloqueios são parciais, nos quilômetros 181, em Nova Petrópolis e 190, em Picada Café. Já o trecho da Feliz na VRS-843 seguia totalmente bloqueada até o dia 28 de abril, conforme informações do Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer).

Em Nova Petrópolis, as obras de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) já começaram e têm previsão de conclusão para dezembro de 2026.

Bloqueios parciais até 28 de abril de 2025

  • BR-116: Nova Petrópolis (KM 181)
  • BR-116: Picada Café (KM 190)
  • BR-470: Bento Gonçalves (KM 200)
  • RS-433: Relvado (Ponte)
  • BR-386: Estrela (KM 350)
  • RS-130: Venâncio Aires (KM 36)
  • BR-471: Rio Pardo (KM 175)
  • BR-153: Cachoeira do Sul (KM 412)
  • RSC-287: Santa Maria (KM 226)
  • BR-287: São Vicente do Sul (KM 312,4)
  • RS-348: Faxinal Soturno (KM 32)
  • RS-491: Marcelino Ramos (KM 05)
  • BR-293: Piratini (KM 68,3)
  • BR-290: Porto Alegre (KM 96,5)

Bloqueios totais até 28 de abril

  • RS-348: Ivora (KM 15)
  • RS-348: Faxinal Soturno (KM 01)
  • RS-348: Agudo (KM 51)
  • RSC-471: Sinimbu (KM 83,5)
  • RS-441: Nova Prata (KM 22,7)
  • VRS-843: Feliz (KM 00)
  • RS-417: Itati (KM 03)
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