Zelensky rejeita cessar-fogo de 3 dias anunciado por Putin e autoridade russa responde com ameaça


Ex-presidente da Rússia e membro do Conselho de Segurança chamou a declaração do presidente da Ucrânia de ‘provocação’ e disse que, caso haja um ataque ao território russo, ‘ninguém poderá garantir que Kiev viverá para ver 10 de maio’. Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky (à esquerda), e o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
REUTERS/Alina Smutko/File Photo/Maxim Shemetov
Dmitry Medvedev, ex-presidente da Rússia e vice-presidente do Conselho de Segurança do país, fez fortes ameaças contra a Ucrânia neste sábado (3), após Volodymyr Zelensky rejeitar o cessar-fogo de três dias anunciado por Vladimir Putin na segunda-feira (28).
Unilateralmente, o presidente russo declarou que a pausa no conflito, do lado das tropas russas, ocorrerá entre os dias 8 e 10 de maio, quando ele receberá líderes internacionais, incluindo o presidente chinês Xi Jinping, para celebrações em memória da vitória sobre a Alemanha nazista.
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O presidente ucraniano respondeu à oferta dizendo que estava pronto para um acordo, desde que o cessar-fogo durasse pelo menos 30 dias, e que a Ucrânia, dada a guerra contínua com a Rússia, não poderia garantir a segurança de nenhuma autoridade estrangeira que fosse a Moscou.
“Não podemos ser responsabilizados pelo que acontece no território da Federação Russa. Eles são responsáveis ​​pela sua segurança e, portanto, não lhes daremos nenhuma garantia”, disse Zelensky.
Em uma mensagem na rede social Telegram, Medvedev chamou a declaração do ucraniano de “provocação verbal” e disse que ninguém havia pedido garantias de segurança de Kiev para os eventos de 9 de maio.
“Zelensky entende que, no caso de uma provocação real no Dia da Vitória, ninguém poderá garantir que Kiev viverá para ver 10 de maio”, ameaçou.
Rússia bombardeia Kiev com mísseis e drones
Ao anunciar o cessar-fogo, em comunicado, o Kremlin pediu à Ucrânia que também aderisse à trégua, mas também já havia feito ameaças afirmando que, em caso de violações por parte da Ucrânia, as Forças Armadas russas dariam uma “resposta adequada e eficaz”.
Este é o segundo cessar-fogo anunciado por Putin na Ucrânia. No primeiro, há cerca de dez dias, a Rússia declarou trégua de 30 horas por conta da Páscoa, mas a Ucrânia acusou Moscou de violá-lo. A guerra na Ucrânia já dura mais de três anos, e ainda não há perspectiva de um acordo.
Um dos principais pontos de discórdia é o que será feito com as regiões ucranianas dominados pela Rússia. Atualmente, tropas de Moscou ocupam cerca de 20% do território da Ucrânia, a maior parte no leste do país, mas também a Crimeia, a península ucraniana anexada por Putin em 2014.
Zelensky exige todos os territórios de volta para aceitar o cessar-fogo, mas a Rússia alega que essas regiões já foram anexadas e que não as devolverá.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem tentado mediar as negociações de paz entre os dois países, tem tentado convencer a Ucrânia a aceitar as anexações em troca de um acordo.
Trump e Zelensky conversaram no fim de semana em encontro no Vaticano, durante o funeral do papa Francisco. Após o encontro, o presidente norte-americano disse que “Zelensky está mais calmo”, afirmou que a Ucrânia está lutando “contra uma força muito maior” e disse que Vladimir Putin tem de “parar com os bombardeios, sentar e assinar um acordo” de cessar-fogo definitivo.
Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, encontra-se com o presidente dos EUA, Donald Trump, no funeral do Papa Francisco na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
SERVIÇO DE IMPRENSA PRESIDENCIAL DA UCRANIA / AFP
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