DIRETO DO VATICANO: A pergunta que mais se faz por aqui

Quem será o novo papa? No conclave de 2013, o cardeal argentino Mario Jorge Bergoglio sequer aparecia nas apostas, provando que casas de apostas são uma ilusão. Elas cogitavam que podia ser um cardeal italiano, um francês, um canadense e até um brasileiro, dom Odilo Scherer. Mas nunca um argentino.

  • Daniel Scola é o correspondente do Grupo Sinos no conclave

Chaminé da Capela Sistina foi instalada na última sexta-feira | abc+



Chaminé da Capela Sistina foi instalada na última sexta-feira

Foto: VaticanNews/Reprodução

A fumaça branca

Numa chuvosa e gélida na noite de 13 de março de 2013, eu e milhares de pessoas lotaram a Praça de São Pedro. Todos olhavam atentamente para a chaminé da Capela Sistina. Já era noite quando a pequena chaminé começou a expelir fumaça branca. O público irrompeu em gritos de comemoração. Comemoravam como se seu time de futebol tivesse vencido um campeonato. Só que eles não eram torcedores de esporte. Estavam ansiosos pelo anúncio. Na última sexta, os bombeiros instalaram a chaminé (foto abaixo) para o conclave que começa quarta.

Um ritual milenar

Eleito o novo papa, existe um ritual milenar. O novo papa é levado da Sistina para a Basílica de São Pedro. Ali, quem proferiu a famosa frase “habemus papam” foi o camerlengo Jean-Louis Tauran. Quando ele fez o anúncio e apareceu o novo papa, de novo o público festejou como se fosse final de Copa do Mundo.

Papa era comunista?

Não. Era um progressista. Uma prova de que ele não é comunista é que rejeitou um presidente da Bolívia. Quando Francisco visitou o país em 2015, Evo Morales o presenteou com um crucifixo de madeira. Na base, estava entalhado o símbolo do comunismo, ao que o papa respondeu: “Não, isso não está certo”. E não deu bola para o mimo.

As atitudes do papa

Acredito que o papa era tachado de comunista pelas suas atitudes: admitiu o casamento entre pessoas do mesmo sexo e condenou a pedofilia. E isso certamente incomodou a ala mais conservadora da Igreja. Pessoalmente, acho que ele estava certo. O novo papa precisava ser um cardeal mais antenado com os tempos atuais. Mas, infelizmente, Francisco pagou um preço por isso.

Francisco e Milei

Tradicionalmente, o papa recebe todos os chefes de Estado. Quando estive aqui em 2023, a passeio, o padre gaúcho Antônio Hoffmeister me disse que, se eleito presidente da Argentina, o então candidato Javier Milei seria recebido. Na época, durante a campanha eleitoral, Milei chamava o papa de “filho de Satanás”. Não deu outra, Milei foi eleito e um dos seus primeiros compromissos foi vir ao Vaticano visitar o papa. Apesar da rivalidade, esse encontro foi algo muito importante e que mostra a civilidade entre duas pessoas.

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