Escândalo no INSS pressiona governo e pode impactar eleições de 2026

O escândalo envolvendo fraudes em descontos aplicados sobre aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) acirrou os ânimos entre governo e oposição e acendeu um alerta para o impacto político que o caso pode ter nas eleições presidenciais de 2026.

Considerado uma das maiores crises enfrentadas pelo governo Lula (PT) neste mandato, o caso veio à tona com a revelação de que entidades autorizadas pelo INSS aumentaram em 300% seu faturamento entre 2021 e 2024, mesmo respondendo a mais de 60 mil processos judiciais. O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que os descontos saltaram de R$ 544 milhões, em 2021, para R$ 2,1 bilhões em 2024.

A denúncia, publicada pelo portal Metrópoles em março, levou à abertura de investigações internas pelo próprio INSS e motivou ações da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Federal. As apurações culminaram na Operação Sem Desconto.

A lei que permite o desconto em folha de pagamento para associações de aposentados é da década de 1990, mas, segundo autoridades, vinha sendo utilizada de forma fraudulenta por algumas entidades desde ao menos 2019, ainda durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

O Palácio do Planalto atribui a origem do esquema à gestão anterior. Em pronunciamento em rede nacional, o presidente Lula declarou que sua administração “desmontou um esquema criminoso” operado desde o início do governo Bolsonaro. A oposição, por sua vez, cobra a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso. O requerimento foi protocolado na última quarta-feira (30).

Parlamentares ligados ao ex-presidente têm intensificado a pressão nas redes sociais, buscando responsabilizar o atual governo. O tema também tem mobilizado especialistas, que veem no episódio um potencial divisor de águas no cenário eleitoral de 2026. Para aliados de Lula, o avanço das investigações pode atingir diretamente antigos gestores ligados ao bolsonarismo. Já opositores argumentam que o escândalo desgasta a imagem do governo, especialmente pela demora em reagir e comunicar as ações adotadas.

Um dos alvos centrais da crise foi o agora ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), que pediu demissão na sexta-feira (2). Lupi, que também preside o PDT, vinha sendo pressionado pela permanência de Alessandro Stefanutto na presidência do INSS, mesmo após ordem de Lula para sua exoneração.

A situação provocou um desgaste na relação entre Lula e o PDT. O presidente decidiu nomear o procurador Gilberto Waller Júnior como novo chefe do INSS sem consultar Lupi, o que incomodou a direção pedetista. Há relatos de que, caso o PDT perca espaço no governo, pode deixar a base de apoio no Congresso.

Em publicação nas redes sociais, Lupi afirmou ser favorável às investigações e defendeu punição aos responsáveis. “Espero que as investigações sigam seu curso natural, identifiquem os responsáveis e punam, com rigor, aqueles que obtiveram suas funções para prejudicar o povo trabalhador”, escreveu.

Para o cientista político Paulo Ramirez, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), o afastamento de Lupi era necessário para preservar a imagem do governo. “Ele foi alertado ainda em 2023 sobre o aumento nos descontos. Mantê-lo no cargo enfraquecia o discurso de combate às fraudes”, avaliou. Ramirez também criticou a falha na comunicação oficial: “O governo não conseguiu explicar claramente o que aconteceu e o que está sendo feito. Isso abre espaço para especulações e ataques”.

Com a saída de Lupi, Lula indicou o ex-deputado federal Wolney Queiroz (PDT-PE) para assumir o Ministério da Previdência. A nomeação tenta equilibrar a permanência do PDT na base governista sem ignorar as pressões por mudanças na condução da pasta.

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