Ministério do Turismo abre diálogo com estados para tirar regionalização do papel

Brasília

Reunião acontece em Brasília (Reprodução/Getty Images)

Enquanto o turismo brasileiro tenta sair das promessas e engrenar uma política pública descentralizada, o Ministério do Turismo iniciou nesta segunda-feira (6) a 35ª Reunião Técnica dos Interlocutores Estaduais do Programa de Regionalização do Turismo (PRT), em Brasília. O encontro, que segue até quarta-feira, reúne representantes de diversos estados para discutir, na prática, como transformar o discurso de regionalização em ações concretas nos municípios.

A proposta é menos palestra, mais roda de conversa. A intenção é nivelar o entendimento sobre as mudanças trazidas pela nova Lei Geral do Turismo, sancionada no ano passado, e alinhar as diretrizes do Plano Nacional do Turismo (PNT). Mas na base do “olho no olho”, com direito a perguntas, troca de experiências e até apontamentos sobre as dificuldades enfrentadas lá na ponta.

“Queremos aproximar as expectativas para que o Ministério seja facilitador da ação dos gestores estaduais. A ideia é que essa política de turismo chegue na ponta e saia do papel”, afirmou Cristiane Sampaio, secretária nacional de Políticas de Turismo.

A reunião também serve para capacitar novos interlocutores estaduais e discutir mudanças nos critérios do Mapa do Turismo Brasileiro — ferramenta que, na teoria, orienta as áreas prioritárias para o investimento público no setor.

A coordenadora-geral de Definição de Áreas Estratégicas para o Desenvolvimento do Turismo, Ana Carla Moura, destacou que um dos objetivos é garantir que os municípios estejam de fato preparados para participar. “Nosso intuito é nivelar o entendimento e assegurar que as ações estejam alinhadas à nova lei e ao PNT”, disse.

Representando o Rio Grande do Norte, Solange Portela reforçou a importância da escuta ativa. “É um momento de aprendizado, de entender como outros estados estão avançando e o que podemos aplicar nos nossos territórios”, afirmou. Ela também demonstrou preocupação com os novos critérios de ingresso no Mapa do Turismo.

Atualmente, para integrar o mapa, os municípios precisam ter estrutura mínima: uma secretaria ou departamento de turismo, orçamento específico, prestadores cadastrados no Cadastur e um conselho municipal atuante. Regras simples no papel, mas que muitos municípios ainda enfrentam dificuldade para cumprir na prática.

Além dos debates, o Ministério apresentou as propostas para o novo PNT, com metas ambiciosas: passar de 93 milhões para 150 milhões de viagens nacionais e atrair 8,1 milhões de turistas internacionais até 2027. Sustentabilidade, acessibilidade e inovação digital entraram como pilares — resta saber se também sairão do discurso.

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