Lucro bilionário não bastou: por que o mercado se frustrou com a Caixa Seguridade

Embora a Caixa Seguridade (CXSE3) tenha registrado lucro líquido gerencial de R$ 1 bilhão entre janeiro a março deste ano (1T25) — o maior para um primeiro trimestre — e anunciado a distribuição de R$ 930 milhões em dividendos, equivalente a 92,1% do lucro ajustado, outros indicadores vieram ligeiramente abaixo das expectativas, e o que parecia, à primeira vista, promissor, desanimou o mercado.

O termômetro desse sentimento é o Ibovespa. Por lá, as ações da Caixa Seguridade caíam 1,80%, a R$ 15,25, por volta das 15h30 (horário de Brasília) desta quarta-feira (7).

Segundo análise da XP Investimentos, o desempenho da companhia foi alavancado graças à força dos segmentos habitacional e residencial, mas a forte queda nos prêmios de seguro prestamista acabou pesando negativamente. O volume de prêmios emitidos recuou 1,2% em relação ao primeiro trimestre de 2024 (1T24) e 7,6% frente ao quarto trimestre de 2024 (4T24), puxado por uma queda de 33,3% ano a ano nesse tipo de seguro — justamente em um trimestre marcado por crescimento de dois dígitos no saldo de crédito, segundo dados do Banco Central.

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O movimento contrariou a expectativa de continuidade da expansão observada em outras frentes. Habitacional, que responde por 41% dos prêmios, registrou alta de 12,4% e completou 22 trimestres consecutivos de recordes. Já o segmento residencial avançou 26,5%, sustentado por vendas de apólices plurianuais (quando o contrato de seguro tem duração de mais de um ano) e melhora nas taxas de renovação. Assistência também teve bom desempenho, com crescimento de 52,6%.

O índice de sinistralidade, segundo cálculos da XP, aumentou para 24,6%, 300 pontos base acima do mesmo período do ano passado. Parte da elevação decorre de ajustes nos processos de comunicação do Habitacional e de provisões legais no Residencial, relativas a uma parceria em encerramento. Sem esse efeito, o índice teria sido 23,9%.

Em previdência privada, os analistas observam que houve avanço de 8,5% nas contribuições e de 12,1% nas reservas, mas a taxa de administração recuou para 1,08%, refletindo maior peso de fundos conservadores. Em capitalização, a Caixa Seguridade teve o melhor trimestre da história em fundos captados, com 8,7% de crescimento na comparação anual. A modalidade pagamento mensal teve alta de 55,5%, o que alavancou em 30,7% a margem operacional.

Os consórcios somaram R$ 5,5 bilhões vendidos, alta de 37,8% na comparação anual, mas retração de 17,5% frente ao trimestre anterior. O estoque atingiu R$ 36,6 bilhões, com aumento de mais de 60% frente ao 1T24.

Apesar do avanço de 10,5% nas receitas operacionais (R$ 1,4 bilhão), a XP esperava mais. Os resultados de participações societárias cresceram 8,5%, e as receitas de comissionamento aumentaram 13%, com destaque para cartas de crédito (+59%), hipoteca (+32%) e residencial (+31%). Esse desempenho, contudo, diz a corretora, apenas compensou parcialmente a queda de 29% nos prêmios do seguro prestamista.

Na ponta do lápis, os estrategistas calculam que o custo de serviços subiu 56,1% em relação ao 1T24, influenciado pelas comissões da força de vendas e pelo mix de produtos. Já as despesas operacionais também avançaram, graças aos tributos incidentes sobre corretagem e pela sazonalidade do trimestre, como pagamentos de 13º salário e participação nos lucros.

No resultado financeiro, a empresa reportou R$ 28,7 milhões — queda de 18,3% em relação ao 4T24 e 31,6% abaixo da expectativa da XP. O aumento da taxa Selic e o melhor desempenho frente ao CDI favoreceram a rentabilidade média da carteira, que chegou a 12,4% ao ano, o equivalente a 104,4% do CDI. Ainda assim, o recuo frente ao último trimestre pesou no resultado final.

Os estrategistas observam ainda que o índice de despesas administrativas caiu para 10,4%, 160 pontos base abaixo do trimestre anterior. Por outro lado, o índice combinado subiu para 57,6%, com elevação de 60 pontos base, atribuído em grande parte à sinistralidade. O índice combinado ampliado também avançou, encerrando o trimestre em 51,5%.

Apesar do lucro recorde, o retorno sobre o patrimônio líquido recorrente (ROE) caiu 8,8 pontos percentuais em relação ao 4T24, encerrando em 58,6%, ainda assim 20 pontos base acima do 1T24. A XP diz, em relatório, que mantém recomendação de compra para as ações da CXSE3.

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