“Nunca pisou fora do País”, diz pai após repercussão de possível deportação dos EUA do suspeito de planejar atentado no show de Lady Gaga

A notícia de que Luis Fabiano da Silva, de 49 anos, teria vivido ilegalmente por quase três décadas nos Estados Unidos e sido deportado ao Brasil pegou de surpresa e mergulhou ainda mais em perplexidade a família do vigilante morador do bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo. Fabiano está preso por suspeita de liderar um grupo extremista que teria planejado um atentado com explosivos durante o show da cantora Lady Gaga, realizado no último sábado (4), na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.

Florentino da Silva, de 82 anos, pai do vigilante | abc+



Florentino da Silva, de 82 anos, pai do vigilante

Foto: isaías Rheinheimer/GES-Especial

“Talvez nem em sonho ele imaginou morar nos Estados Unidos. Nunca saiu daqui. Ele nasceu aqui nesse lugar e mora até hoje. Tem 49 anos e nunca pisou fora do País”, afirmou Florentino da Silva, de 82 anos, pai do vigilante, em entrevista na manhã desta quarta-feira (7). Florentino mora no mesmo terreno que o filho e disse estar consternado com as notícias que estão sendo divulgadas sobre o filho. “É muito difícil ouvir essas coisas. A gente conhece o filho que tem, isso que tá acontecendo é uma das maiores injustiças do mundo. Não falo isso porque é meu filho, estou falando de coração aberto, porque se ele tivesse feito algo errado, não iria o defender”, expõe.

A afirmação de que Fabiano teria sido deportado após viver 27 anos nos EUA foi divulgada nesta manhã pelo jornal O Globo e confirmada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. A nova informação se soma às acusações que o apontam como chefe de um grupo radical que usaria as redes sociais para disseminar discurso de ódio e planejar ataques violentos contra o público LGBTQIA+.

Fabiano foi preso em flagrante no último domingo (5) por porte ilegal de arma de fogo durante o cumprimento de um mandado de busca relacionado ao plano de ataque com explosivos no show de Lady Gaga. Chegou a ser liberado após pagar fiança, mas a Justiça decretou sua prisão preventiva por entender que ele representaria um risco à ordem pública pelo contexto da acusação (ser líder de grupo extremista e ser preso com três armas de fogo).

“Quando ideias preconceituosas e discriminatórias são disseminadas livremente, estas não apenas ferem a dignidade de indivíduos e grupos marginalizados, mas também alimentam a intolerância, a violência e a exclusão social”, escreveu a juíza Fabiana Pagel, do Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp) ao fundamentar a ordem de prisão. Fabiano voltou a ser preso na segunda-feira (5).

Família refuta versão da deportação

Para os familiares, a ideia de que Fabiano tenha passado qualquer período nos Estados Unidos é absurda. Franciele Silva, 36 anos, esposa do vigilante há 13 anos, diz que ficou em choque ao ser questionada pela advogada da família sobre a suposta passagem do marido pelos EUA. “Como é que ele vai sair do Brasil, morar vinte e poucos anos fora, se toda a vida dele está aqui? A carteira de trabalho dele é assinada desde os 17 anos. Sempre trabalhou aqui, no Rio Grande do Sul”, disse.

Franciele Silva, 36 anos, esposa do vigilante | abc+



Franciele Silva, 36 anos, esposa do vigilante

Foto: isaías Rheinheimer/GES-Especial

Franciele contou que Fabiano atuou por mais de três décadas como vigilante de escolta armada, prestando serviços em empresas da região, com atuação em cidades como Novo Hamburgo, Canoas e Porto Alegre. “A maioria dos trabalhos sempre foi aqui. Não tem como ele ter morado nos Estados Unidos esse tempo todo. É uma coisa que não tem cabimento. Eu não sei de onde tiraram isso”, contesta.

Florentino lembra que o filho começou a trabalhar como office boy na empresa de transporte de valores Prosegur e, antes disso, ainda jovem, o ajudava nos serviços de chapeação da família. “Ele sempre foi um homem de trabalho. Viajou pelo Estado e, às vezes, para fora do Rio Grande do Sul, mas sempre a trabalho, fazendo escolta. Nunca teve passagem pela polícia”, garante o pai.

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