O que público pode esperar de peça com Christiane Torloni e Antonio Fagundes que chega ao Teatro Feevale neste fim de semana

Voltar no tempo e refletir sobre o passado pode ser visto com alguma tristeza e frustração. Mas na peça Dois de Nós, saudosismo e drama dão lugar ao humor na hora de avaliar as escolhas que levaram os personagens até aqui. Depois de oito meses em cartaz em São Paulo, o espetáculo estrelado por Christiane Torloni, Antonio Fagundes, Thiago Fragoso e Alexandra Martins começou a correr o País, com três apresentações em Belo Horizonte.

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Foto: Divulgação

E caberá a Novo Hamburgo a estreia da “temporada sulista” da peça. O elenco sobe ao palco do Teatro Feevale neste fim de semana, dias 10 e 11 de maio. Protagonista da peça, Fagundes conta que a escolha por uma estreia fora da capital é uma espécie de desafio auto imposto para ir ao encontro do público. Porto Alegre receberá a peça apenas no final de maio.

“Companhias sempre que vão viajar acabam dando preferência para as capitais, que são praças certas, então é muito difícil sair da rota das grandes cidades até porque o risco é sempre muito grande. Nós resolvemos investir em Novo Hamburgo porque achamos que vale a pena quebrar algumas normas na viagem e estamos fazendo este teste, vamos ver o que acontece com este público maravilhoso”, conta o ator em entrevista exclusiva à reportagem.

A peça, escrita por Gustavo Pinheiro, marca também um encontro inédito, já que esta é a primeira vez que Fagundes e Christiane se encontram no teatro. Dupla conhecida pelas atuações em conjunto, inclusive formando pares românticos icônicos da televisão brasileira, os dois nunca tinham subido ao palco juntos.

“A gente se prometeu há 43 anos que ia fazer uma peça juntos e levou esse tempo todo porque as nossas agendas são complicadas, cada um com seus projetos. Mas parece que as coisas caminharam perfeitamente para este momento”, lembra Fagundes, fazendo referência ao primeiro encontro dos dois na série “Amizade Colorida” de 1981.

Separação e união

Mas não é apenas com a companheira de trabalho que Fagundes divide o palco, já que no elenco também está a esposa do ator, Alexandra Martins. O casal conheceu o trabalho do autor há quase uma década e desde o primeiro momento se viu encantado com o texto.

“O Gustavo Pinheiro é um excelente autor, dono de humor fino, super elaborado e um grande dramaturgo. Em 2017 fomos assistir a um espetáculo dele, que ainda está em cartaz, que é A Tropa, e saímos do teatro encantados, eu e a Alexandra, com o que tínhamos acabado de ver”, conta Fagundes.

O encantamento com o texto levou a uma amizade, que foi naturalmente levando ao desejo de um trabalho em conjunto. “Ficamos amigos, compartilhamos muitas ideias, trocamos muitas figurinhas, e o Gustavo sempre dizia que queria escrever um texto para mim e para a Alexandra que fosse sobre um casal, mas de forma não convencional”, conta Fagundes.

Só que a saída encontrada pelo autor causou uma certa surpresa no par de atores. “A forma que ele descobriu de fazer isso foi separando a gente com 30 anos de história e de vida. A Alexandra fazendo a Torloni 30 anos mais jovem, e eu fazendo o Thiago 30 anos mais velho. E comprovamos mais uma vez essa sabedoria, essa expertise que o Gustavo vem aprimorando cada vez mais, e esse texto dele é impecável”, elogia Fagundes.

Com essa guinada na história, Pinheiro conseguiu unir colegas de trabalho que há mais de quatro décadas esperavam para subirem juntos no palco.

Poder da risada

No texto de Pinheiro, dois casais com uma diferença de 30 anos se encontram em um quarto de hotel. O encontro traz à tona segredos, mentiras e mais uma série de sentimentos guardados ao longo das décadas, além de reflexões sobre escolhas do passado.

Só que tudo isso é construído com muito humor, que atravessa toda a apresentação. “Quando a gente leu o texto que o Gustavo escreveu para nós, e demos boas gargalhadas na leitura, já sabíamos que estávamos no bom caminho”, conta Fagundes.


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Foto: Divulgação

A opção por um texto cômico é vista pelo ator como uma forma de instigar o público de forma até mais efetiva do que o drama. “A comédia sempre incomodou o poder e sempre foi considerada um gênero de segunda categoria, talvez porque as pessoas têm medo dela. Porque a comédia cutuca, instiga, provoca as pessoas e se você é capaz de rir diante de um problema, você já tem 50% da solução desse problema encaminhada”, sintetiza Fagundes.

O choque geracional é algo que perpassa todo espetáculo, visto, inclusive, como algo fundamental para a trama. “Durante a preparação da peça, a gente conversou muito sobre as diferenças de comportamento de 30 anos para cá e como a sociedade foi se modificando e como está sempre correndo o risco de voltar atrás, e que isso é um perigo que a gente deve evitar”, destaca Fagundes.

Para o ator, a peça escrita por Pinheiro consegue utilizar muito bem a premissa do humor na hora de contar uma história. A reação do público que já assistiu tem sido para o elenco uma prova da qualidade do texto. “Em São Paulo, tivemos 62 mil espectadores. Acabamos de passar por Belo Horizonte e fizemos três espetáculos para mais de três mil pessoas e todas as plateias deram enormes gargalhadas, além de se emocionar muito com o texto, que é de uma sensibilidade realmente a toda a prova”, conta Fagundes.

Construção de personagens

Durante os ensaios e preparação para as primeiras apresentações, realizadas ainda em 2024, o elenco precisou olhar para si mesmo na hora de compor seus personagens, um movimento que Fagundes considera fundamental para a boa atuação.

“Sempre digo que o ator não conseguiria preparar um personagem em apenas 30 dias de ensaio. Ele tem que trazer a carga da vida dele inteira para cada trabalho que faz, e é isso que a gente fez e que a gente faz sempre quando vai montar um espetáculo. Então tem sim muito da gente, da vivência da gente, muito da nossa observação, da nossa compaixão pelo problema dos outros em cada trabalho que a gente faz.”

Uma questão central nas falas de Fagundes vai além de buscar na própria vivência os elementos de composição dos personagens. Em sua fala, ele destaca a necessidade de saber olhar para os outros. Por isso, compaixão e compreensão são palavras que aparecem de forma constante na fala do ator quando aborda a peça.

Serviço:

O que: Peça “Dois de Nós”
Onde: Feevale
Quando: 10 e 11 de Maio (sábado e domingo)
Horários: sábado 20 horas e domingo 19 horas
Ingressos: preços entre R$ 100 (meia-entrada) e R$ 220
Vendas: blueticket.com.br e na bilheteria do Teatro nos dias de apresentação, a partir das 14 horas

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