RD Saúde (RADL3): conhecida por resiliência, ação desaba 9% após 1T; o que desanimou?

Drogasil

Reconhecida por ser uma companhia resiliente em momentos de forte turbulência, a RD Saúde (RADL3), rede farmacêutica dona das marcas Raia e Drogasil, começou o ano com o pé esquerdo e vê as suas ações desabarem após os resultados do primeiro trimestre de 2025 (1T25). Às 11h (horário de Brasília), os papéis caíam 9%, a R$ 17,70, entre as maiores baixas do Ibovespa.

A RD Saúde apurou lucro líquido ajustado de R$ 177,1 milhões no primeiro trimestre, um declínio de 17% em comparação com o resultado de um ano antes, com margem de 1,6%, contração de 0,6 ponto percentual no comparativo anual. O resultado considera efeitos tributários.

O desempenho operacional da rede de farmácias, medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado somou R$ 644,1 milhões no período, declínio de 5% ano a ano e abaixo da expectativa média de analistas de R$ 690,8 milhões, segundo dados da LSEG.

A XP Investimentos ressalta, em relatório, que a dinâmica ficou pressionada em todas as linhas.

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O Bradesco BBI também apontou os números como negativos e bem abaixo do estimado pelo BBI (-30% no lucro líquido ajustado; -7% no Ebitda ajustado).

Entre os destaques negativos, estiveram: (i) vendas de mesmas lojas crescendo 3,4%, abaixo da inflação (versus a estimativa do BBI de 4%); (ii) a margem bruta caiu 0,6 ponto percentual (pp) em base anual para 26,6% (versus a estimativa do BBI de 27%), com -0,3 pp de perdas de estoque e +0,2 pp de ajuste a valor presente. Os -0,5 pp restantes foram principalmente de descontos, dada a ausência de pressão de mix da 4Bio e -0,1 pp das categorias; (iii) as despesas financeiras líquidas ficaram 17% acima do projetado pelo BBI; (iv) o ciclo de caixa aumentou 4% para 63 dias devido a estoques e fornecedores.

Já o destaque positivo, segundo o BBI, ficou com as despesas com vendas (em linha com o estimado pelo BBI), que cresceram 4,4%, em base anual, por loja (-3% na comparação trimestral). “As despesas gerais e administrativas surpreenderam positivamente (estáveis em relação ao ano anterior em termos nominais), mas foram favorecidas pelos ganhos com férias coletivas e provisões para participação nos lucros”, aponta o banco.

O BBI manteve recomendação neutra em relação ao valuation e dinâmica de resultados. Contudo, o banco aponta que as vendas fracas, apesar dos descontos maiores, levantam um sinal de alerta, visto que podem persistir se relacionadas à concorrência.

A XP ressalta que o desempenho inferior da MSSS (vendas nas mesmas lojas maduras) deve gerar preocupações entre os investidores, especialmente porque deve enfrentar outro ciclo de CMED (reajuste no preço dos medicamentos) pressionado (em +3,9%) a partir do próximo trimestre. Quanto à 4Bio, o crescimento das vendas desacelerou para +14% na base anual (versus +20% no 4T), como esperado, já que a RD se concentra na margem em detrimento do crescimento.

Para a XP, a margem bruta foi outro ponto baixo, mas as vendas também cobram seu preço. Em termos de lucratividade, a margem bruta foi o principal destaque, com queda de 60 pontos-base, impactado pelo mix, investimentos em preços/promoção e maiores perdas (30bps). No entanto, a margem Ebitda ajustada caiu 100 pontos-base devido a uma pressão esperada das despesas de vendas.

“Aqui, a empresa observou que isso deve permanecer como um vento contrário de cerca de 50 pontos-base até o 3T25. Como resultado, o lucro líquido caiu 17%, enquanto o FCF [fluxo de caixa livre] foi negativo em R$ 124 milhões, com uma dinâmica de capital de giro ligeiramente mais fraca (+2 dias), principalmente em fornecedores (-3 dias)”, apontam os analistas.

A RD, ressalta a XP, espera retomar seu nível de crescimento usual nos próximos trimestres. A empresa observou que espera que a margem bruta melhore daqui para frente com base em ganhos de estoque, sazonalidade, menores perdas e ganhos comerciais, enquanto observou uma convergência entre o crescimento das categorias no trimestre.

A Genial Investimentos ressalta que a combinação de vendas mais fracas, pressão na margem bruta e custos mais elevados continua dificultando uma retomada mais consistente da rentabilidade.

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O JPMorgan ressalta o crescimento menor do que o esperado na receita e também a compressão significativa da margem bruta (-60 pontos-base ano a ano), o que, na opinião do banco, foi a principal surpresa negativa.

“Diante de um ambiente volátil e orientado para o curto prazo, acreditamos que as ações provavelmente estarão sob pressão, com potenciais revisões para baixo do LPA [lucro por ação] sendo desencadeadas pelos resultados”, apontam os analistas do banco.

Ainda assim, apesar do alto nível de ceticismo dos investidores neste momento, dada uma sequência de resultados fracos, a administração inferiu no comunicado que o 1T25 provavelmente seria o fundo da margem e sinalizou que: (1) há esforços contínuos para recuperar o nível de crescimento nos próximos trimestres, principalmente por meio de melhorias na execução relacionadas à experiência do consumidor e preços; (2) e que a margem bruta no 1T25 representa o ponto mais baixo do ano e deve aumentar nos trimestres seguintes com os ajustes anuais de preços, menores perdas de estoque e ganhos comerciais de parcerias com fornecedores (para financiar uma postura promocional mais forte); e que (3) em abril de 2025, a empresa realizou amplos ajustes em sua estrutura corporativa, o que deve aumentar a eficiência e a diluição das despesas gerais e administrativas.

Dito isso, o discurso da administração, juntamente com a granularidade incremental em torno do 1T25 e os resultados iniciais de iniciativas em andamento, bem como declarações prospectivas, podem ajudar a atenuar uma reação materialmente negativa do preço das ações, aponta o JPMorgan. O banco ressalta que, apesar da volatilidade esperada do preço do ativo, permanece com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra).

De acordo com consenso LSEG, de 12 casas que cobrem o ativo RADL3, 6 possuem recomendação de compra, 4 de manutenção e 2 de venda, mostrando a divisão do mercado sobre o ativo.

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