Apenas 0,001% do fundo do mar foi visualizado até hoje, diz estudo

Apesar de ser explorado há vários anos, o fundo do mar ainda é um grande mistério para a humanidade. Pesquisadores da organização sem fins lucrativos Ocean Discovery League, da Scripps Institution of Oceanography e da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, estimaram que apenas 0,001% do mar profundo já foi visualizado, revelando o quanto ainda desconhecemos sobre o maior ecossistema da Terra. O estudo foi publicado no periódico Science Advances na última quarta-feira (7/5).

De acordo com a descoberta, visualmente, a espécie humana explorou entre 0,0006 e 0,001% das profundezas marinhas. Para se ter uma ideia da estimativa, a porcentagem representaria cerca de 3,8 quilômetros quadrados, aproximadamente 0,25% do território da cidade de São Paulo.

“Temos registros visuais de uma porcentagem minúscula do fundo do mar, um ecossistema que abrange 66% da superfície do planeta Terra”, escreve a equipe de analistas de dados durante o artigo.

Uma outra porcentagem demonstra como essa região marítima ainda é pouco conhecida. Quase 30% das explorações visuais feitas por humanos envolvem imagens estáticas em preto e branco, de baixa resolução, tiradas antes de 1980.

Confira os resultados do estudo

A equipe de pesquisa analisou mais de 43 mil registros de mergulhos a profundidades acima de 200 metros. Os dados abrangem atividades realizadas em Zonas Econômicas Exclusivas (ZEEs) ou em alto-mar, mas não incluíram explorações privadas de petróleo e gás.

Imagem de mergulhador no fundo do mar - Metrópoles
Mergulhos no fundo do mar ficaram menos frequentes na década de 2010

Os pesquisadores perceberam que entre as décadas de 1960 e 2010, o número de mergulhos em águas profundas quadruplicou. No entanto, com o passar do tempo, a profundidade média das explorações diminuiu, além de passarem a se concentrar em zonas perto do litoral. Na década de 1960, cerca de 60% iam além dos 2 mil metros. Já nos anos 2010, a porcentagem caiu para apenas 25%.

Nos anos 1960, metade das atividades de mergulho aconteciam em alto mar, mas mais recentemente o percentual caiu para apenas 15%. Atualmente, a maioria dessas atividades são realizadas em ZEEs.

De acordo com uma das autoras do artigo, Katherine Bell, a parte profunda do oceano sofre pressões crescentes como mudanças climáticas e possível mineração submarina. “Precisamos de uma compreensão muito melhor dos ecossistemas e processos do oceano profundo para tomar decisões informadas sobre gestão e conservação de recursos”, diz a presidente e fundadora da Ocean Discovery League, em comunicado.

Katherine ainda revela que, mesmo se os pesquisadores aumentassem as explorações em águas profundas com mil plataformas operando simultaneamente, levaríamos cerca de 100 mil anos para explorar visualmente todo o fundo do mar.

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