Bradesco agrada analistas no 1T e ação salta 16%: os dias ruins acabaram para banco?

Agência do Bradesco na avenida Paulista, em São Paulo (Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo/AE)

O Bradesco (BBDC4) agradou analistas com o resultado do primeiro trimestre, com o lucro de R$ 5,86 bilhões superando previsões do mercado, assim como o índice de rentabilidade ROAE de 14,4%, o que reflete muito positivamente nas ações nesta quinta-feira. Às 11h25 (horário de Brasília), as ações BBDC4 saltavam 16,10%, a R$ 15,14, após diversos minutos dos ativos em leilão.

Durante a manhã, o CEO da companhia, Marcelo Noronha, falou em coletiva de imprensa e em teleconferência com analistas sobre o resultado da companhia. “As linhas tendem a voltar para o guidance. Uma coisa é estarmos no topo do guidance, outra coisa é estar na ‘banda de cima’. Vemos essas três linhas como na ‘banda de cima’, por isso não revisamos o guidance, porque estamos dentro dos intervalos”, afirmou o CEO, referindo-se à carteira de crédito, margem financeira líquida e resultado do grupo Bradesco de seguros.

O executivo afirmou que há continuidade de aposta em crescimento gradual, “step by step”. “Seguimos o nosso plano com rigor, com disciplina. Agora estamos no topo da taxa de juros, que pode chegar a 15% (que é nosso horizonte). Mas minha visão para o ano é mais positiva, na ‘banda de cima’ do guidance e podemos entregar resultado”, afirma.

Análise do resultado

“Os dias de cão acabaram?”, escreveu a equipe do Citi no título do relatório sobre os números, ainda na véspera, poucas horas após a divulgação do balanço, que considerou positivo. “Ao contrário dos trimestres anteriores, este é talvez o primeiro trimestre em que a tendência de receita orgânica sugere uma melhora estrutural, sem saltos relevantes em nenhuma das linhas restantes”, afirmaram Gustavo Schroden e equipe.

Os analistas do Citi ponderaram que o Bradesco continua com desafios pela frente, já que as receitas e despesas não decorrentes de juros devem continuar pressionando os resultados. “Mas reconhecemos que os esforços do banco estão começando a dar frutos com um perfil de risco mais equilibrado”, afirmaram. “No geral, uma leitura construtiva para a recuperação e credibilidade do Bradesco”, acrescentaram.

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Desde que assumiu a presidência-executiva do Bradesco no final de 2023, Marcelo Noronha tem comandado um “plano de transformação” no banco, prometendo entregar um grupo cada vez mais competitivo, em um ritmo “step by step”.

Um dos principais focos de atenções de analistas está voltado para o retorno sobre o patrimônio líquido (ROAE), que tem mostrado melhora gradual desde o ano passado, após chegar a 6,9% no quarto trimestre de 2023.

Em meio à avaliação de que o ROAE segue distante do potencial, bem como abaixo do custo de capital próprio (CoE), analistas também veem tendências benignas, como a qualidade dos ativos sob controle e a melhora nos níveis de capital. No primeiro trimestre, o capital nível 1 ficou em 13%, com crescimento de 0,6 ponto percentual em relação a dezembro de 2024, enquanto o índice de capital principal aumentou de 10,5% para 11,1% neste trimestre.

A equipe de analistas JPMorgan também destacou positivamente o comportamento da margem financeira (+13,7% ano a ano), além de “forte crescimento no crédito (+12,9%) e despesas gerais e administra abaixo das projeções (+3,7%), entre outros pontos.

“Tendências melhores em geral”, afirmaram Yuri Fernandes e equipe em relatório, chamando a atenção, para dados de captação, principalmente na linha de recursos de clientes, que recuou 1,3% na base trimestre e subiu “apenas” 3,9% ano a ano. Os analistas do JPMorgan escreveram que o dado ficou “bem abaixo do crescimento do crédito” e que querem entender melhor o declínio nos depósitos à vista – de 25,5% em relação ao quarto trimestre ao ano passado e de 18,9% em 12 meses.

 

COMPLEXO

Apesar dos números do primeiro trimestre mais fortes do que o esperado por analistas, o Bradesco manteve projeções para 2025, afirmando que o crescimento das receitas será a principal razão de melhora da nossa rentabilidade no ano. “Acreditamos que o banco provavelmente se aproximará do limite superior de suas projeções”, afirmaram analistas do BTG Pactual, esperando uma reação positiva das ações nesta quinta-feira, principalmente após o desempenho fraco dos últimos dias.

Na véspera, as ações preferenciais do banco fecharam em queda de 1,5%, no quarto pregão seguido negativo, período em que acumulou um declínio de 4,9%. O rival Itaú Unibanco (ITUB4), que divulga seu balanço do primeiro trimestre após o fechamento nesta quinta-feira, terminou a quarta-feira com elevação de 1,1% nas PNs, somando uma perda de 1,5% nas últimas quatro sessões.

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A equipe do BTG Pactual ressaltou, contudo, que o Bradesco está passando por uma transformação significativa, e, dado o tamanho e a complexidade do banco, é provável que este seja um processo gradual de longo prazo. “Como tal, tirar conclusões fortes com base em um único trimestre pode ser enganoso – algo que vimos acontecer mais de uma vez nos últimos anos”, ponderaram Eduardo Rosman e equipe, reiterando recomendação neutra para as ações.

JPMorgan e Citi também mantiveram suas classificações neutra e neutra/alto risco para os papéis. O Bradesco ainda anunciou renovação em seu programa de recompra de ações, com validade de 18 meses, e meta de aquisição de até 106.584.881 papéis.

(com Reuters)

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