“Advogado do além” passa a ser considerado foragido da polícia

O “advogado do além“, investigado por enganar aposentados, servidores públicos e por fazer empréstimo em nome de pessoas mortas ou em estado vegetativo, passou a ser considerado foragido nesta sexta-feira (9/5). Daniel Nardon é suspeito de cometer diversos crimes, além de ser apontado como líder de um esquema bilionário de fraudes judiciais.

Nessa quinta-feira (8/5), Nardon foi o principal alvo da Operação Malus Doctor, deflagrada  pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul. Para além das fraudes envolvendo clientes, ele chegou a ajuizar 581 processos em um único dia. Segundo Vinicius Nahan, titular da 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP) e responsável pela investigação, o advogado é, atualmente, um dos cinco maiores litigantes do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.

O homem ainda é suspeito de se apropriar de valores obtidos por meio de ações judiciais movidas em nome de clientes no RS. Em seu histórico, ele teria cerca de 100 mil ações no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. O prejuízo aos cofres públicos e às pessoas pode chegar a R$ 50 milhões, conforme informações repassadas pela Polícia Civil.

A polícia apontou que outras 13 pessoas estão envolvidas no esquema, nomeado pela polícia de “advocacia predatória”. Dos 14 suspeitos, nove são advogados.

Império de luxo

Enquanto vitimava milhares de pessoas, algumas delas já mortas ou em estado vegetativo, o advogado desfrutava de uma vida de ostentação. À frente de um dos maiores esquemas de fraude judicial do país, ele acumulava bens milionários, imóveis de alto padrão e carros de luxo, como um Maserati de R$ 480 mil, registrado em nome do filho.

A investigação conduzida pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, no âmbito da Operação Malus Doctor, mostrou que o padrão de vida mantido por Nardon e seus comparsas era sustentado por um esquema fraudulento que pode ter movimentado R$ 50 milhões, à custa de aposentados, servidores públicos e até pessoas já falecidas.

No papel, ele era apenas advogado. Na prática, de acordo com as investigações, financiava empreendimentos milionários, como um condomínio de 17 casas na zona sul de Porto Alegre, onde cada unidade está avaliada em R$ 850 mil. O empreendimento foi construído com recursos que, segundo a polícia, têm origem direta no esquema criminoso supostamente comandado por Nardon.

Além do condomínio, o grupo mantinha ativos na bolsa de valores e negociava um prédio de R$ 10 milhões no bairro Menino Deus. A ostentação também se refletia na garagem, além do Maserati, foram localizados veículos de alto padrão como BMW e Mercedes, todos vinculados ao núcleo principal ou às empresas de fachada utilizadas para lavar dinheiro.

De acordo com a Polícia Civil, o esquema consistia na falsificação de procurações judiciais e na captação indevida de dados bancários para contratação de empréstimos sem o conhecimento das vítimas. Em paralelo, o grupo ajuizava ações revisionais contra instituições financeiras, embolsando tanto o valor do processo quanto o dinheiro do empréstimo feito à revelia dos clientes.

As vítimas eram, na maioria, servidores públicos, professores, aposentados e militares. Muitas delas acreditavam que estavam contratando um serviço legítimo para reduzir taxas de juros. No entanto, estavam assinando documentos que autorizavam o escritório de Daniel Nardon a movimentar valores em seus nomes e representar seus interesses sem consentimento real

 

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