Analfabetismo quilombola é quase 3 vezes maior do que o nacional

O Censo Demográfico 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trouxe à tona dados cruciais sobre a realidade da população quilombola no Brasil, revelando uma disparidade alarmante: 18,99% dos quilombolas com 15 anos ou mais são analfabetos.

Esse índice é mais de duas vezes maior do que a média nacional, que é de 7%. A taxa de alfabetização entre essa população foi de 81,01%, também abaixo da média nacional de 93%.

Quando comparado entre situação urbana e rural dessa população, o levantamento também revela desiguladades. A taxa de analfabetismo nas áreas rurais (22,71%) foi 9,43 pontos percentuais mais alta do que nas áreas urbanas (13,28%). Essa diferença reflete a maior dificuldade de acesso à educação formal em regiões mais isoladas e com menos infraestrutura.

Além disso, as disparidades entre homens e mulheres quilombolas também se destacam. Nos Territórios Quilombolas, a taxa de analfabetismo foi de 19,75% — quase o triplo da média nacional, que é de 7%. Quando observada por sexo, as mulheres quilombolas apresentaram taxas mais baixas de analfabetismo do que os homens.

Essa diferença é ainda mais pronunciada nas áreas rurais e fora dos territórios: a taxa de analfabetismo entre homens quilombolas chegou a 25,48%, enquanto, entre as mulheres, foi de 20,87%.

Onde estão os quilombolas

O Censo Demográfico identificou oficialmente a população quilombola do Brasil. São 1.330.186 pessoas que se autodeclaram quilombolas, o que equivale a 0,66% da população total do país. Apesar de estar presentes em 24 estados e no Distrito Federal, mais da metade, cerca de 66,65% dos quilombolas, reside no Nordeste, sendo Bahia e Maranhão os estados com os maiores números absolutos.

A Bahia lidera, com 397.059 pessoas (29,9% do total nacional), seguida pelo Maranhão, com 269.074 pessoas (20,26%). Juntos, esses dois estados concentram aproximadamente 50% da população quilombola do país.

A população quilombola está distribuída por 1.696 municípios brasileiros, refletindo uma grande diversidade territorial. O IBGE identificou 5.972 localidades quilombolas, embora a maioria esteja fora dos territórios oficialmente reconhecidos.

Em termos de distribuição geográfica, a maior parte dessa população vive em áreas rurais, cerca de 63%, enquanto 37% vivem em áreas urbanas, onde enfrentam desafios próprios, mas igualmente significativos.

Nas periferias das grandes cidades, 50,91% dos domicílios quilombolas lidam com problemas de infraestrutura precária — como abastecimento de água, esgotamento sanitário ou coleta de lixo. O número é quase três vezes mais do que a população urbana geral (17,44%).

Nas áreas rurais, a situação é ainda mais crítica. Cerca de 75,21% dos domicílios quilombolas enfrentam ao menos uma dessas precariedades, e 19,3% reúnem as três: ausência de água canalizada adequada, esgoto precário e falta de coleta de lixo. O percentual é quase oito vezes maior do que a média nacional de 2,56%.

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