Impeachment de Lula divide oposição e expõe dilema estratégico

A oposição ao governo federal está longe de chegar a um consenso sobre os pedidos de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), protocolados na Câmara dos Deputados em meio ao escândalo envolvendo o INSS. Embora a medida tenha ganhado força entre parlamentares ligados à base bolsonarista, há divergências quanto à conveniência política do afastamento a pouco mais de um ano da próxima eleição presidencial.

Setores conservadores avaliam que a derrubada de Lula neste momento poderia ter efeito contrário ao desejado, permitindo que o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) assuma o comando do Executivo e dispute o pleito de 2026 com a vantagem da máquina pública. Para esses parlamentares, o mais estratégico seria prolongar o desgaste do governo até o próximo ciclo eleitoral.

Um dos defensores dessa linha é o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, que considera a troca de Lula por Alckmin como uma simples manutenção da atual agenda política. Nos bastidores, a família Bolsonaro compartilha dessa visão e tem priorizado a pauta da anistia em detrimento do movimento pelo impeachment.

Em contrapartida, o líder da Oposição na Câmara, deputado Zucco (PL), apoia abertamente a interrupção do mandato presidencial. A mesma posição é defendida por parlamentares como Nikolas Ferreira (PL), Marcel Van Hattem (Novo) e Carla Zambelli (PL). “O problema de esperar o governo sangrar até 2026 é que, até lá, a população também sangra”, argumentou Nikolas.

Nesta quinta-feira (8), foi protocolado o terceiro pedido de impeachment contra Lula relacionado ao escândalo do INSS. A nova solicitação foi apresentada pelo deputado estadual Guto Zacarias (União Brasil-SP). Antes dele, os deputados Evair Vieira de Melo (PP-ES) e o distrital Pastor Daniel (PP-DF) já haviam ingressado com representações similares.

Segundo o regimento interno da Câmara dos Deputados, qualquer cidadão pode solicitar a abertura de um processo de impeachment por crime de responsabilidade. A análise inicial cabe ao presidente da Câmara, que decide se o pedido será aceito e levado ao plenário. Para que a denúncia prospere, é necessário o apoio de ao menos 342 deputados. Caso aprovada, a responsabilidade de julgar o presidente recai sobre o Senado Federal.

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