Inflação desacelera em abril, mas IPCA avança para 5,53% em 12 meses

Inflação de outubro sobe para 0,56% e surpreende analistas

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,43% em abril, informou nesta sexta-feira (9) o IBGE. A taxa veio abaixo do resultado de março (0,56%), mas ainda representa o maior avanço para o mês de abril desde 2023 (0,61%). Com o resultado, a inflação oficial acumula alta de 2,48% no ano e 5,53% nos últimos 12 meses, superando os 5,48% observados até março.

A leitura veio dentro das expectativas do mercado, mas reforça o cenário de persistência inflacionária que tem preocupado os agentes econômicos, especialmente diante de um ambiente fiscal mais incerto e de pressões sobre os núcleos da inflação.

Alimentos e saúde lideram a alta de preços no mês

Dos nove grupos pesquisados, oito registraram alta em abril. O único com variação negativa foi Transportes. O principal impacto veio de Alimentação e bebidas, com alta de 0,82% e contribuição de 0,18 ponto percentual no índice geral.

O grupo Saúde e cuidados pessoais teve a maior variação mensal, com alta de 1,18%, impulsionada pelo aumento nos preços de produtos farmacêuticos (+2,32%), após o reajuste autorizado de até 5,09% a partir de 31 de março, e pelos itens de higiene pessoal (+1,09%). A contribuição total do grupo para o IPCA foi de 0,16 ponto percentual.

No grupo Vestuário, a alta foi de 1,02%, com destaque para:

  • Roupa feminina: +1,45%
  • Roupa masculina: +1,21%
  • Calçados e acessórios: +0,60%

Alimentos no domicílio sobem, mas mostram desaceleração

A alimentação no domicílio variou 0,83% em abril, abaixo do 1,17% registrado em março. Itens como batata-inglesa (+18,29%), tomate (+14,32%) e café moído (+4,48%) puxaram a alta. Em contrapartida, houve recuo nos preços da cenoura (-10,40%), arroz (-4,19%) e frutas (-0,59%).

Já a alimentação fora do domicílio teve avanço de 0,80%, levemente acima dos 0,77% de março. O subitem lanche acelerou de 0,63% para 1,38%, enquanto refeições desaceleraram de 0,86% para 0,48%.

Expectativas para juros seguem pressionadas

Apesar da desaceleração na leitura mensal, o avanço da inflação acumulada para 5,53% mantém as expectativas de inflação desancoradas, o que tende a influenciar a estratégia do Banco Central. O resultado reforça a cautela do Comitê de Política Monetária (Copom), que interrompeu recentemente o ciclo de queda da taxa Selic diante de pressões inflacionárias e incertezas fiscais.

ASA vê IPCA acima da meta em 2025 e 2026, com viés de alta

Segundo Leonardo Costa, economista da ASA Investments, o dado de abril revela uma pressão disseminada nos núcleos da inflação, com destaque para a aceleração de serviços e bens industrializados. “A média dos núcleos veio acima do esperado, puxada principalmente por serviços de alimentação e serviços pessoais, além do vestuário no grupo de industrializados”, afirmou.

Costa avalia que o dado segue bastante contaminado pelos serviços — com variações mensais orbitando entre 7,5% e 8% desde dezembro de 2024 — reflete um mercado de trabalho ainda bastante aquecido, o que sustenta a demanda agregada e limita a desaceleração inflacionária. Além disso, ele aponta que os bens industrializados seguem pressionados pelo impacto da desvalorização cambial do fim de 2024, embora esse efeito deva começar a perder força nos próximos meses. A ASA projeta o IPCA de 2025 em 5,3%, com viés de alta, e 5,5% para 2026, ambos acima do centro da meta.

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