Leão XIV: como deve ser relação do 1º papa nascido nos EUA com Trump

Minutos após Leão XIV surgir na varanda da Basílica de São Pedro, o presidente norte-americano Donald Trump parabenizou o novo papa, e disse ser uma “grande honra” que o novo pontífice seja dos EUA – o primeiro na história da Igreja Católica. Na mensagem, publicada na Truth Social, o presidente norte-americano ainda se mostrou ansioso para se reunir com o líder cristão.

Ainda que o novo papa possa ser uma espécie de conquista para os norte-americanos, as primeiras falas do pontificado de Leão XIV já sinalizaram que o enfoque do chede de Estado do Vaticano com questões geopolíticas atuais pode diferir bastante das visões do governo Trump.

O novo papa já deu sinais de que deve dar continuidade ao caminho trilhado por seu antecessor, Francisco. Durante seu pontificado de 12 anos, Jorge Mario Bergoglio pregou a paz, criticou duramente as guerras e também se engajou diretamente em questões sociais que provocaram alguns embates com lideranças políticas.

Ao abrir seu primeiro discurso, o novo pontífice deu continuidade a apelos de Francisco, e pediu paz na Terra.

“Que a paz esteja convosco, irmãos, irmãs. Caríssimos, esta é a primeira saudação do Cristo ressuscitado, o bom pastor que deu a vida pelo rebanho de Deus. Eu quero fazer esta saudação de paz para que entre no nosso coração e alcance todas as famílias; todas as pessoas, onde quer que elas estejam; todos os povos; a Terra toda. A paz esteja convosco. Esta é a paz de Cristo que ressurgiu”, disse Leão XIV.

Veja o primeiro discurso de Leão XIV:

Críticas antigas

Nos anos em que atuou como cardeal, Leão XIV mostrou posicionamentos críticos e não poupou Donald Trump.

Exemplo disso foi a última postagem do então cardeal Robert Francis Prevost no X, em 14 de abril deste ano. O conteúdo da publicação, compartilhado pelo novo pontífice, criticou as políticas anti-imigração de Trump, e citou em específico o caso de Kilmar Abrego Garcia. O homem foi deportado ilegalmente dos EUA e enviado à uma prisão de segurança máxima em El Salvador, apesar de viver legalmente no território norte-americano.

Crítica semelhante foi feita em julho de 2015, no primeiro mandato de Trump, quando o X ainda era Twitter. Na época, Prevost compartilhou um artigo contra a “retórica anti-imigrante” do presidente norte-americano.

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Olho no futuro

Apesar do pouco tempo de pontificado, e da mudança de postura que o cargo papal exige para o agora ex-cardeal, especialistas ouvidos pelo Metrópoles indicam que o pontificado de Leão XIV dificilmente se submeterá a possíveis pressões norte-americanas.

“O Vaticano dificilmente se submeterá a qualquer tipo de pressão direta, especialmente quando estão em jogo os princípios éticos e universais da doutrina cristã”, afirma o internacionalista João Cândido.

O passado pastoral do novo papa, que serviu por anos no Peru e possuí nacionalidade do país, também pode ter aproximado a visão do pontífice à de seu antecessor, sensível a questões sociais. Pontos que, muitas vezes, entram em choque com políticas defendidas por Donald Trump.

“Assim, a tendência é que Leão XIV atue com equilíbrio: dialogando com os líderes mundiais, inclusive Trump, mas sem abrir mão de sua responsabilidade moral e espiritual diante dos grandes temas globais”, avalia Cândido.

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