Cultura e identidade negra são destaques na Cruzeiro. “Não vamos parar por aqui”

O Festival Ampla Negritude: Uma Celebração da Cultura e da Identidade Negra, fez sucesso na noite de sexta-feira (9) em Novo Hamburgo. A programação começou com a apresentação da coreógrafa Denise Azeredo, que levou ao palco a interpretação de “Baianá”, que fala sobre os orixás e instiga pensamentos sobre a intolerância religiosa. “Cada peça de roupa que utilizo é presente de alguém e eu conto as histórias por trás de cada vestimenta”, explica Denise, paraibana que há 30 anos mora em Novo Hamburgo.

Performance da artista Denise Azeredo  | abc+



Performance da artista Denise Azeredo

Foto: Juliano Piasentin/ GES-Especial

Na sequência, a mediadora Eliane Anselmo recebeu os palestrantes Janina Cordeiro (Mestre em Direito), Orson Soares (PhD em História e Cultura Afro), Ana Paula Oliveira (Quiropraxista) e Eduardo Yohaness (Professor de Dança e Coreografo). “Dentro na nossa temática, trabalhamos o protagonismo negro, destacando a trajetória de homens e mulheres negras. O objetivo foi compartilhar experiências, pois são pessoas que inspiram, é um momento de troca”, destaca Eliane.

Apesar de ser apenas a 1ª edição do evento, Eliane reitera que uma roda de conversa é pouco. “Não vamos parar por aqui, temos muito mais para mostrar.” O evento ocorre na Sociedade Cruzeiro do Sul (Rua Osvaldo Cruz, 96).

Orson vai pelo mesmo caminho de raciocínio. “A cultura negra é diferente em cada lugar do Brasil. Estamos aqui para discutir um projeto de país.” O palestrante, que mora em Porto Alegre, lembrou de suas raízes no Cruzeiro. “É importante manter a história viva, os movimentos, locais, onde estamos hoje [sexta-feira] é um exemplo disso.” E ainda lembrou o samba, já que a noite terminou com o show do grupo Samba D’Oliveira. “Onde está o pensamento negro? No samba”, reflete.

Roda de Conversa no Cruzeirinho em Novo Hamburgo  | abc+



Roda de Conversa no Cruzeirinho em Novo Hamburgo

Foto: Juliano Piasentin/ GES-Especial

Conexões

Já a quiropraxista Ana Paula Oliveira falou sobre as conexões que o evento proporcionou. “Tivemos um público de diversas faixas etárias.” A profissional ressalta que muitas vezes pessoas negras não tem referências em suas profissões. “Eu sou empreendedora, atendo na Restinga e quero ser essa referência.” Questionada sobre quais são as suas, é direta. “Minha avó, minha mãe a atriz Viola Davis.”

Raízes em Novo Hamburgo

Natural de Novo Hamburgo e morando há 14 anos em Porto Alegre, a mestre em direito Janaina Cordeiro se disse contagiada por compartilhar suas experiências na terra natal. “Minhas raízes seguem na cidade. O Cruzeirinho é um lugar onde me criei, reconheço vários amigos e familiares.”

Sobre a roda de conversa, afirma que a população negra precisa de espaços e oportunidades. “Traz visibilidade para nossa pauta, principalmente em um lugar onde a imigração alemã é predominante”, completa.

Neste sábado (10), o festival começa ao meio-dia e se estende até a meia-noite, com a Fera do afroempreendedorismo hamburguense, atrações culturais como a Velha Guarda da Cruzeiro, Pagode do Biro, Julia Jorge, Sem Comentário e Júnior Paixão.

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