Do desespero à liderança em TI: a trajetória da empresa que fatura mais de R$ 500 mi

Em 2007, movido por dificuldades pessoais e financeiras, Fábio Camara fundou a FCamara, uma empresa de tecnologia da informação que hoje emprega cerca de 1.700 pessoas, está presente em cinco países — incluindo Portugal, Inglaterra, Bélgica, Holanda e Emirados Árabes — e já ultrapassou a marca de meio bilhão de reais em faturamento. O que começou como uma alternativa desesperada para equilibrar as contas, acabou se tornando uma das principais fornecedoras de soluções tecnológicas nos bastidores do mercado corporativo brasileiro.

A trajetória de Fábio foi contada em entrevista ao programa Do Zero ao Topo, apresentado por Mariana Amaro. Com franqueza, ele revelou que, antes de se tornar empreendedor, via-se mais como um “desempregado desesperado” do que como alguém preparado para abrir um negócio. “Tive uma gravidez não planejada e nosso filho nasceu com comorbidades. Gastei tudo com tratamento, entrei no cheque especial. O desespero me empurrou para tentar algo por conta própria”, contou.

Sem formação acadêmica formal na área e vindo de experiências humildes, como office boy do extinto Banco Real, Fábio foi fisgado pela curiosidade ao ver pela primeira vez um computador CP500. O gerente do banco não apenas permitiu que ele explorasse o equipamento, como emprestou dinheiro para a compra de uma revista de programação — uma das poucas formas acessíveis de aprendizado na época. “Era uma revista chamada Eletrônica, vendida em bancas de jornal. Aprendi muito por ali”, lembrou.

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Outro ponto de virada

A vivência no Exército Brasileiro foi outro ponto de virada. Após resolver um problema técnico de um capitão, Fábio foi transferido para o centro de informática da corporação, onde teve acesso a equipamentos avançados. No entanto, ao sair da instituição, percebeu que estava defasado tecnologicamente em relação ao mercado. “Eu era especialista em computadores que já não eram mais utilizados pelas pequenas empresas. Sem diploma universitário, não havia espaço nas grandes corporações”, explicou.

A virada definitiva veio com um misto de intuição e teimosia. Influenciado pelo livro Cruzando o Abismo, que trata sobre fases de adoção de tecnologias, Fábio decidiu estudar uma linguagem que poucos dominavam. “Todo mundo trabalhava com uma tecnologia que era tendência, mas eu queria algo novo. Um ano depois, veio o Windows 95, que não funcionava com a tecnologia da maioria, mas sim com a que eu estava estudando. Foi aí que tudo começou a dar certo”, recordou.

O episódio também revelou curiosidades sobre a vida pessoal de Fábio. Em um momento de crise, ele passou uma semana na casa de praia de uma ex-namorada, em Itaparica (BA), sem dinheiro algum, vivendo de restos de peixe oferecidos por pescadores. Lá, conheceu um argentino que, mesmo sem cobrar, fez uma análise numerológica e sugeriu que Fábio trocasse a grafia do nome — de “Camera” com “e” para “Camara” com “a”. Ele acatou. “Não sei se acredito, mas naquele ponto qualquer coisa que ajudasse já servia como escada para sair do fundo do poço”, disse.

Potência

Hoje, Fábio celebra a consolidação da FCamara como uma potência que atua nos bastidores da transformação digital. Ainda que o nome da empresa não esteja no radar do consumidor comum, seus serviços fazem parte da engrenagem de grandes empresas do varejo, finanças e outros setores.

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