Falta educação financeira desde as categorias de base no futebol, diz Mauro Silva

Tetracampeão mundial de futebol com a Seleção Brasileira, Mauro Silva é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF) desde 2015. Como dirigente, ele enxerga a educação como fator de transformação no futebol, até para evitar que os atletas tenham problemas financeiros depois da aposentadoria.

“Eu acho que falta no Brasil uma educação financeira, nas categorias de base. Acho que o jogador está mais assessorado, porque se ele separar uma parte, como eu (…) investir (…), ele não vai ter dificuldade financeira nunca mais na vida. Mas mudou a proporção, ganham muito mais, mas também gastam muito mais”, disse Mauro Silva em entrevista ao programa Game Changers.

Mauro Silva vê a falta de uma boa assessoria financeira para atletas como problema não só no futebol, mas em outros esportes, como o basquete – até em ligas conhecidas por modelos de gestão como a NBA, a liga profissional de basquete dos EUA.

“Se você pegar a estatística dos jogadores da NBA, por exemplo, muitos que ganham muito dinheiro também acabam tendo problemas financeiros no futuro. Porque o jogador tem uma tendência a investir em muito passivo, né? Compra cinco casas, dez barcos, helicóptero, avião, tudo que tira dinheiro do seu bolso”, explicou o tetracampeão mundial. “Eu vejo que o jogador compra muito passivo e pouco ativo. E o passivo, com o tempo, consome o seu patrimônio”.

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Com a experiência de quem jogou por 13 anos na Espanha e fez história com a camisa do La Coruña, Mauro Silva acredita que o atleta europeu tem um padrão de vida mais simples do que o jogador brasileiro.

“Você vê o jogador europeu, por exemplo, com um apartamento menor, com carro simples (…) eu lembro do Xavi no Barcelona, do Iniesta no Japão (…). Os caras andam de metrô, é uma vida mais normal. Aqui no Brasil, o jogador é quase um ator de Hollywood. É uma grande estrela, né? Então isso tomou uma proporção incrível”, disse o tetracampeão.

Futebol e política

Mauro Silva aceitou o convite para se tornar dirigente e ingressar nos bastidores políticos do futebol em 2015, quando se tornou vice-presidente da FPF. Ele admitiu na entrevista ao Game Changers que já até convidou alguns dos seus companheiros na conquista do tetracampeonato mundial pela seleção brasileira para ingressar na política, pois vê como uma forma de transformar positivamente a sociedade.

“Precisa se envolver, né? Eu acredito muito nisso. Outro dia encontrei o Cafu e falei: “Cafu, porque você não sai candidato a Senador?”, contou o ex-atleta, citando outros amigo que poderiam seguir o caminho, como Raí e Dunga.

“O Dunga está fazendo um trabalho social maravilhoso no Rio Grande do Sul. Você imagina o que essas pessoas, com esse coração, não fariam lá em Brasília? Porque, se a gente quer um país melhor, a gente tem que se envolver. Precisamos participar”, disse o executivo de futebol, para depois completar.

“Precisamos nos envolver. Na política não tem vácuo. Se tem uma cadeira vazia, alguém vai ocupar aquele espaço”.

Sobre o Game Changers

Game Changers é um programa de entrevistas com as principais personalidades do esporte que mudaram o jogo em suas áreas de atuação.

Acompanhe quinzenalmente uma nova edição do Game Changers no Youtube do Infomoney.

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