O que as mães devem saber para criar os filhos? Especialista responde

“Não existe uma fórmula pronta para a maternidade”, frisa a doutora em psicologia e PhD em neurociências Leninha Wagner. Neste domingo (11/5), comemora-se o Dia das Mães. Devido à data, a coluna Claudia Meireles requisitou a especialista para que explicasse e aconselhasse as progenitoras a respeito do que elas precisam saber para criar os filhos em 2025. A mestra em psicanálise também deu uma luz para àquelas que se veem diante dos desafios dessa missão incomparável.

Genitora de dois, Leninha teve o primogênito em 1987, e a caçula em 1999: “Eles nasceram em contextos muito diferentes da minha vida — o que, sem dúvida, me transformou como mãe”. Ela emenda: “Meus filhos foram moldados por duas versões de mim mesma, que mudaram com o tempo. E, assim, o que posso dizer é que a maternidade, para mim, foi uma construção contínua. Eles me ensinaram, e continuam me ensinando, sobre o que é ser mãe em um mundo que também muda.”

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Segundo a especialista, “o mundo está cada vez mais emocionalmente complexo e digitalmente saturado”

A doutora em psicologia frisa que a maternidade envolve "equilibrar limites saudáveis com liberdade"
A mestra em psicanálise listou alguns pilares para ajudar as mães no exercício da maternidade
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Leninha Wagner fez uma análise da maternidade e deu conselhos

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Segundo a especialista, “o mundo está cada vez mais emocionalmente complexo e digitalmente saturado”

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A doutora em psicologia frisa que a maternidade envolve “equilibrar limites saudáveis com liberdade”

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A mestra em psicanálise listou alguns pilares para ajudar as mães no exercício da maternidade

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No papel de mãe há quase quatro décadas, a psicóloga passou e observou bem as alterações no ofício da maternidade. Na avaliação dela, as progenitoras em 2025 precisam entender que “o mundo está cada vez mais emocionalmente complexo e digitalmente saturado”. “O que é considerado ‘normal’ na criação de filhos está em constante transformação, principalmente com as tecnologias cada vez mais presentes”, pondera a PhD em neurociências.

“A geração atual está mais exposta a informações e estímulos, mas também mais vulnerável à ansiedade, depressão e solidão, muitas vezes escondidos atrás das telas”, salienta a especialista. Segundo a doutora em psicologia, as mães devem “não apenas educar”, e sim ir além. Ela orienta que as progenitoras ensinem os filhos a “navegar emocionalmente e mentalmente” no ambiente virtual: “Isso envolve garantir que tenham uma base sólida de autoconhecimento e resiliência.”

“Criar filhos em 2025 é ser capaz de equilibrar limites saudáveis com liberdade, ensinando-os a cultivar habilidades emocionais e sociais em um mundo que, muitas vezes, valoriza apenas o que é imediato e superficial”, argumenta Leninha Wagner.

Foto colorida de mulher e três crianças crianças brincando em um quarto - Metrópoles
No ponto de vista de Leninha, a criação dos filhos está em constante transformação 

Pilares

À coluna, a mestra em psicanálise lista os quatro pilares básicos que podem ajudar as mães a exercerem bem a maternidade:

  • Presença emocional genuína: a especialista em neuropsicologia menciona que não se trata somente da mãe estar fisicamente presente, mas também disponível emocionalmente. “Os filhos precisam de você em suas emoções, não apenas em sua rotina”, atesta.
  • Autoconhecimento e autossuficiência: a PhD em neurociências esclarece que, o ensinamento de uma mãe às crias só tem efeito quando ela consegue praticar verdadeiramente o que recomenda. “Se você não se conhece nem cuida da própria saúde emocional, será mais difícil ajudar os filhos a fazerem o mesmo”, complementa Leninha.
  • Flexibilidade e adaptação: cada filho tem um tempo e jeito único de se desenvolver, conforme aponta a profissional: “A maternidade exige a capacidade de se adaptar a essas diferenças e aprender a ser uma mãe única para cada um deles”.
  • Valores humanos sólidos: a doutora em psicologia indica às mães a ensinarem aos filhos os valores da “empatia; do respeito pelo outro e pela vida; o que é certo; e o que é justo”. “São princípios essenciais para formar seres humanos íntegros e conscientes do próprio papel no mundo”, defende.
A PhD em neurociências recomenda as mães a cuidarem da saúde emocional para criar bem os filhos

Desafio

Algumas mães costumam dizer sobre a maternidade “não ser um mar de rosas”. De acordo com Leninha Wagner, o maior desafio das progenitoras é a “sobrecarga emocional e as expectativas irreais”. “O tempo que elas têm para serem mães muitas vezes é limitado, com exigências profissionais, familiares e pessoais que, muitas vezes, as fazem se sentir culpadas. Elas tentam ser perfeitas em todos os papéis e, ao mesmo tempo, se esquecem de cuidar de si mesmas”, declara.

“O verdadeiro desafio, portanto, é não perder a si mesma na jornada de ser mãe. Precisamos ensinar nossas filhas e filhos a serem autossuficientes, mas também devemos lembrar que precisamos ser bem cuidadas para poder maternar de maneira plena.
É uma grande missão equilibrar a maternidade com tudo o que o mundo moderno exige de nós, mas é possível, desde que busquemos ajuda quando necessário e façamos escolhas conscientes para não nos perdermos”, direciona a mestra em psicanálise.

A mestra em psicanálise comenta a respeito das mães ensinarem os filhos a serem autossuficientes

Conselho

Quanto a dar um conselho para as mães, a especialista em neuropsicologia avalia as próprias experiências e os conhecimentos obtidos por meio dos estudos na psicologia e na neurociência. “Minha jornada nesse ofício, dividida entre dois filhos com 12 anos de diferença — um homem e uma mulher — me ensinou muito sobre a plasticidade da maternidade. Cada filho que tive exigiu de mim uma versão diferente da mãe, mas sempre me manteve no centro de um processo de crescimento pessoal contínuo”, recorda.

Enquanto a psicologia ensinou a Leninha que a “base de tudo é a conexão emocional”, a neurociência a fez compreender que as primeiras experiências afetuosas moldam o cérebro de maneira irreversível. Ao longo dessa trajetória, iniciada em 1987, ela detalha sobre a maior lição aprendida: “Não existe uma fórmula pronta para a maternidade. Há momentos em que você será firme, outros em que precisará ser suave”.

Mãe de dois, Leninha explica que “não existe uma fórmula pronta para a maternidade”

“Para meu filho, fui uma mãe jovem, em um momento de transição na minha própria vida. Com minha filha, já mais madura, vivi uma experiência de maternidade mais consciente, embora com desafios diferentes, próprios de cada época”, rememora a PhD em neurociências.

Leninha sugere que as mães sejam gentis consigo mesmas e desfrutem dessa missão, apesar das adversidades: “Aceitem que a maternidade é uma jornada que as transforma tanto quanto aos filhos. E que cada fase — com todas as suas dificuldades — é uma oportunidade única de aprendizado”. Ela finaliza: “A progenitora que se cuida, respeita as próprias emoções e limitações, permite-se aprender com as crias e muda com o tempo, é a mãe que consegue construir uma base sólida para o futuro dos filhos.”

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