Paulista cria obra de arte gigante com 300 l de tinta: “Sonho azul”

São Paulo — A partir de 100 litros de tinta estragada armazenada havia quatro anos em uma barrica, Lucas Longatti transformou um terreno de 300 m² em uma obra de arte gigante. Tudo começou com um teste colorindo um pedaço da calçada do imóvel, que funciona como um ateliê e depósito no bairro São Gabriel, em Salto, no interior de São Paulo.

“Esse material já deveria ter sido descartado há muito tempo. Durante uma faxina, junto com meu primo Romeu, a tinta reapareceu como o último problema a ser resolvido. Eu tinha duas opções: descartá-la em um ecoponto ou dar um destino final mais criativo”, relembra.

O resultado é inusitado e divertido. Atualmente, mais de 300 litros de pigmento já foram usados no que virou uma instalação batizada de Esquina Azul. Formado em automação industrial, Longatti também mantém um antiquário localizado do outro lado da rua.

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A ideia surgiu de forma despretensiosa

Lucas Longatti pintou até os itens que compõem o espaço de azul
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A obra de arte gigante fica em Salto, no interior de São Paulo

Material cedido ao Metrópoles

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A ideia surgiu de forma despretensiosa

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Lucas Longatti pintou até os itens que compõem o espaço de azul

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Obra de arte gigante

A ideia de pintar tudo de azul surgiu como uma brincadeira, que rapidamente tomou proporções maiores. “Durante o processo criativo, minha maior fonte de inspiração foi uma criança interior querendo fazer uma grande bagunça, como eu costumava fazer quando ficava sozinho”, conta Longatti.

“Quando comecei a pintar a calçada, as pessoas que passavam começaram a notar e achar inusitadas algumas das coisas que eu havia pintado apenas por diversão. Foi justamente da força e das reações diversas do público que encontrei motivação para levar o projeto a um novo patamar”, completa.

Em uma análise atual, ele percebe que a traquinagem carrega uma mensagem poderosa, inclusive sobre persistência. “Fala sobre reinvenção, sobre o valor de tentar algo novo todos os dias. Há mais de cinco anos venho buscando alguma visibilidade.”

O paulista classifica a própria poética como uma conexão profunda com a noção de “objet trouvé” (objeto encontrado, em tradução livre do francês). O conceito representa o ato de ressignificar aquilo que, à primeira vista, estaria destinado ao descarte.

Para Longatti, a iniciativa é um manifesto pela democratização da arte. “Na certeza de que pode surgir de qualquer lugar — até de uma barrica de tinta azul esquecida — e tocar qualquer pessoa, sem precisar de moldura ou galeria”, avalia.

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O artista usou borrifador para colorir toda a estrutura

A ideia da arte do paulista é dar novo significado a descartes
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A instação será aberta ao público geral em breve

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O artista usou borrifador para colorir toda a estrutura

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A ideia da arte do paulista é dar novo significado a descartes

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O processo de pintura de todo o terreno durou cerca de 16 horas. Para isso, o artista utilizou um borrifador, com uma pequena adaptação, e fez “chover” tinta azul.

As peças que compõem o espaço têm como característica marcante a mutabilidade. “Vêm do meu antiquário ou simplesmente aparecem, como se o destino colaborasse com o processo criativo”, acrescenta o artista.


Abertura ao público

A segunda fase do projeto está em andamento: uma nova instalação dentro da Esquina Azul. A estrutura está em preparação para receber o público: amantes da arte, curiosos, crianças e qualquer pessoa que se sentir intrigada pelo cenário que vê do lado de fora.

“Imagine uma casa, repleta de detalhes, completamente coberta por um sonho azul”, define Lucas Longatti. “Ainda dependo de alguns ajustes para tornar esse sonho realidade — como novas parcerias publicitárias e a liberação do alvará do Corpo de Bombeiros. Mas, assim que tudo estiver alinhado, o espaço interno da Esquina Azul será, sim, aberto à visitação. Já tenho até as catracas da bilheteria (risos).”

O paulista conta que tem recebido muitos elogios de forma direta. “É raro alguém criticar abertamente o autor, mas sei que o trabalho não agrada a todos — e está tudo bem. Por mais que o reconhecimento pelo bom trabalho seja algo muito gratificante, acredito que as críticas têm um valor imenso, às vezes até maior que os elogios”, conclui.

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