“É um escândalo mesmo e enojou o país”, diz Haddad sobre farra do INSS

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), reconheceu a gravidade do esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias, revelado pelo Metrópoles, e classificou o escândalo que abalou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como “indigno”

Em dezembro de 2023, o Metrópoles iniciou uma série de reportagens revelando as fraudes do INSS que embasou uma megaoperação da Polícia Federal (PF) contra desvios que podem chegar a R$ 6,3 bilhões. O escândalo culminou nas demissões do presidente do instituto, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT).

“Primeiro, [quero] desejar firmemente que os responsáveis sejam punidos exemplarmente. É um escândalo mesmo. O que tem de mais sagrado é a pessoa trabalhar a vida inteira e conseguir a sua aposentadoria e pensão dignamente”, disse Haddad nesta segunda-feira (12/5), em entrevista ao UOL. “É uma coisa indigna em um grau… Acho que realmente enojou o país inteiro”, prosseguiu o ministro.

Haddad afirmou acreditar que os envolvidos na chamada “farra” do INSS “vão ser presos e vão cumprir uma pena que seja exemplar”.

“A AGU [Advocacia-Geral da União] e a CGU [Controladoria-Geral da União] já bloquearam um volume considerável de recursos das associações fraudadoras. Nós temos de fazer um balanço do que efetivamente não foi autorizado, temos de saber exatamente o valor da fraude, e se os valores bloqueados das associações pagam a fraude”, afirmou.

“Vamos ter um procedimento de checagem para saber quem não autorizou e estabelecer o ressarcimento. A determinação do presidente [Lula] é muito clara: punição dos responsáveis e ressarcimento das pessoas lesadas”, completou Haddad.

Como funcionava “SAC das fraudes”

Reportagem publicada nesta segunda-feira pelo Metrópoles mostra que o esquema bilionário no INSS usava centrais de telemarketing para aplicar o golpe da mensalidade nos aposentados e também para receber as milhares de reclamações sobre cobranças feitas diretamente na folha de pagamento dos benefícios sem autorização dos segurados.

Uma das telefonistas que trabalhou no setor de atendimento aos aposentados filiados pelas entidades suspeitas, uma espécie de SAC das fraudes, revelou ao Metrópoles como era orientada por seus chefes a atender as queixas dos beneficiários lesados. Ela só aceitou falar com a reportagem sob condição de anonimato por temer represálias.

Segundo a funcionária, em várias ligações, os idosos diziam que tinham as aposentadorias descontadas há muito tempo, mas não haviam assinado nenhum contrato. Muitos desses descontos eram identificados pelos filhos dos aposentados.

Até a Operação Sem Desconto, deflagrada pela PF em 23 de abril, ela trabalhava para as operadoras de telemarketing Callvox e Truetrust Call Center, que funcionavam no mesmo edifício em Brasília e tinham centenas de funcionários. Boa parte deles foi contratada no fim de 2023, período que coincide com o auge da farra dos descontos.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.