Gravidez em seita satânica: Invenção de italiano sobre brasileira ganha proporção internacional e envolve até o Vaticano; entenda

Em 2021, a brasileira Barbara Zandomenico Perito se relacionou brevemente com o advogado e empresário Nunzio Bevilacqua, um homem italiano que possui negócios no Brasil. Deste romance, nasceu Domênica, que hoje tem 2 anos. O que começou como um relacionamento aparentemente normal, se transformou em uma série de difamações com proporção internacional.

Nas imagens, Nunzio Bevilacqua e Barbara Zandomenico Perito | abc+



Nas imagens, Nunzio Bevilacqua e Barbara Zandomenico Perito

Foto: Redes sociais/Globo/Reprodução

O genitor, que se recusa a pagar pensão, foi à mídia italiana para afirmar que o bebê seria fruto de um ritual satânico que engravida mulheres brasileiras para conseguir dinheiro de estrangeiros usando uma “falsa paternidade”. 

“É possível que no Brasil exista uma seita religiosa que explora jovens devotas grávidas para enganar estrangeiros ricos com falsas paternidades?”, questiona um portal de notícias italiano que entrevistou Bevilacqua. No site deles, a matéria teve como título: “A seita brasileira que fabrica bebês”. Em outro jornal, o título é ainda mais tendencioso: “A ‘Fábrica de Crianças’ no Brasil: Os silêncios ‘barulhentos’ da política italiana e do Vaticano”.

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Assim como os dois, outros diversos veículos repassaram a história inventada pelo italiano, que até hoje nega ser pai de Domênica, mesmo que o resultado de um exame de DNA tenha dado positivo para a paternidade. Mas, como tudo isso começou?

Um relacionamento normal

“No início, esse relacionamento era completamente normal”, diz a brasileira em um vídeo publicado nas redes sociais. Eles se conheceram quando Bevilacqua se matriculou no curso em que Barbara é professora, em Tubarão, cidade de Santa Catarina, conforme a jovem contou ao programa Fantástico deste domingo (10). Ela dá aulas de italiano para brasileiros e português para estrangeiros.

Os dois continuaram a se relacionar à distância, já que ele morava na Itália e ela continuou no Brasil. Foi então que a professora começou a notar um comportamento diferente. “Com o tempo, eu percebi que aquele relacionamento não teria futuro”, disse ela nas redes sociais. Barbara então decidiu terminar o namoro, “mas a confirmação da minha gravidez mudou um pouquinho a situação”.

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Gravidez e um “plano de vida”

Ao saber que seria pai, Nunzio Bevilacqua propôs para Barbara um “plano de vida”, como conta ela no Instagram. Segundo a estratégia proposta pelo italiano, a filha deles se chamaria Anita, e os padrinhos já haviam sido escolhidos — pessoas que a professora nunca conheceu. Além disso, o quarto da criança já estava sendo feito na casa do advogado. “E a data do nosso casamento já tinha sido escolhida, sendo que a gente nunca tinha conversado sobre isso”, afirmou.

“Ou seja, existia um planejamento prévio que já estava em andamento. E por trás desse plano, havia sempre muitas manipulações e comportamentos abusivos”, disse ela. “Ele falava, inclusive, que nós éramos suficientes um para o outro e que no nosso relacionamento não caberiam famílias ou amigos. Eu percebi que não era amor, mas um controle obsessivo que ele tinha por mim.”

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O fim do relacionamento e o começo do inferno de Barbara

“Com muito medo, eu tomei a decisão mais difícil da minha vida”, diz Barbara. Grávida de três meses, ela rompeu definitivamente o relacionamento, mas o advogado não desistiu. Pouco tempo depois, ele apareceu na casa da brasileira para levá-la à Itália, com uma mala vazia e uma passagem somente de ida. “Nesse momento que eu recusei, foi que eu conheci o verdadeiro italiano.”

Sem desistir, ele prometeu casas, viagens e até dinheiro para que ela deixasse o Brasil em partida para Itália. “Quando nada disso funcionou, ele foi ainda mais longe: ele veio até a minha casa e ofereceu fazer um aborto.”

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A sugestão não foi apenas uma ideia vazia: Barbara conta que ele já sabia até em qual clínica no Rio de Janeiro o procedimento poderia ser feito, além de pagar hospedagem e passagem. “Para que a gente ‘eliminasse os problemas futuros’, nas palavras dele.”

Novamente, a brasileira negou e, como última estratégia, Nunzio Bevilacqua afirmou que não participaria da vida de Domênica, nem a registraria. Mas um exame de DNA complicou a vontade do italiano.

Grávida em um ritual de uma seita satânica para tirar dinheiro de estrangeiros ricos

Após Domênica nascer, o exame foi feito a pedido do próprio Bevilacqua, que chegou a escolher o local onde seria feito, segundo o programa da TV Globo. O resultado mostrou que o italiano é pai da criança, o que ele não gostou. O empresário pediu um segundo teste, que foi negado pela Justiça. “Depois de tentar de tudo para fugir das responsabilidades como pai, ele então criou uma história absurda e espalhou isso pela mídia nacional italiana”, contou Barbara no Instagram.

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Segundo Nunzio Bevilacqua, Barbara faria parte de uma seita satânica e criminosa brasileira, que engravida mulheres com o sêmen de um único homem, que seria um “guru espiritual”, para atribuir a paternidade destas crianças a estrangeiros, “principalmente italianos”, explicou ela.

O objetivo desta suposta seita seria usar as crianças para extorquir os homens, usando a pensão alimentícia. Caso não desse certo, os bebês seriam vendidos ao completar dois anos.

E a história elaborada pelo italiano foi além: essa seita conta com organizações e instituições renomadas da região onde Barbara mora, personalidades políticas e líderes religiosos. Também participaria do grupo satânico o Ministério Público e o judiciário do Brasil. “Ele mistura religiões, tráfico de drogas, tráfico de crianças, irregularidades na cidadania italiana e falsificação de DNA”, disse a jovem. “Tudo isso sem apresentar uma única prova.”

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“Não existem provas. É impossível provar algo que nunca aconteceu”, afirmou Barbara. Ao contrário do que Bevilacqua prega ser o “objetivo” da seita, ela já possuía cidadania italiana antes de conhecê-lo, já que é descendente de italianos, e já havia viajado para Itália. Também não houve a suposta “extorsão”, já que nestes dois anos Barbara afirma que nunca recebeu dinheiro dele para ajudar na criação de Domênica. “O que aconteceu foi um relacionamento que chegou ao fim e um homem que se recusa a aceitar isso.”

Stalking, difamação e medidas protetivas

Atualmente, está em aberto um processo criminal para apurar se há a prática de calúnia, difamação e stalking, que é a perseguição pela internet e “em um contexto de violência doméstica”, conforme o Fantástico. Desde o início de maio, a brasileira tem medidas protetivas contra o italiano, que foram concedidas pela Justiça Federal.

Nunzio Bevilacqua não pode se aproximar de Barbara ou da família dela, caso viaje ao Brasil. Ele também está proibido de tentar se comunicar com eles, independentemente do meio de comunicação. Contatado pelo programa da TV Globo, o italiano não quis falar sobre o caso.

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