MPSP denuncia policiais que extorquiam funkeiros e influencers

São Paulo — O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP), denunciou oito pessoas sob acusação de de integrar um esquema de extorsão contra funkeiros e influenciadores digitais que divulgam jogos de azar nas redes sociais. Dentre os denunciados, há um advogado e seis policiais civis.

A denúncia foi oferecida à Justiça na última sexta-feira (9/5), no âmbito da terceira fase da Operação Latus Acti, deflagrada em 12 de março de 2024. Agora, cabe a um magistrado aceitar ou não as acusações do MPSP.

As investigações mostraram que um dos denunciados monitorava as redes sociais para identificar possíveis alvos do grupo. Em seguida, policiais participantes do esquema, liderados pelo chefe dos investigadores, instauravam investigações preliminares contra as vítimas e entravam em contato com elas, exigindo dinheiro para arquivar os procedimentos.

Para o MPSP, além do crime de organização criminosa, houve práticas de corrupção passiva e ativa, com configuração de dano moral coletivo. Os promotores pedem a condenação dos acusados bem como o pagamento de indenização, em favor do estado, no valor de R$ 700 mil, a partir da decretação da perda de valores e bens, móveis e imóveis, dos denunciados.

Cerco fechado

A ação de março descobriu novas evidências que permitiram constatar que policiais civis de São Paulo teriam solicitado propina a produtores, empresários e cantores de funk para não investigá-los por exploração de jogos de azar – no caso, rifas promovidas e divulgadas por artistas e influenciadores em suas redes sociais.

Em 25 de abril, a operação “Latus Actio III” da Polícia Federal (PF), em parceria com o MPSP e a Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, prendeu quatro policiais civis suspeitos de receber propina no esquema criminoso. Todos são do 6º Distrito Policial de Santo André, no ABC Paulista.

Foram presos: o chefe dos policiais, Fábio Marcelo Fava, também apontado como chefe do esquema, e os investigadores Adriano Fernandes Bezerra, Magally Ivone Rodrigues e Múcio de Assis Ladeira. A Justiça decretou a quebra do sigilo bancário dos investigados.

 


Entenda o esquema que extorquia funkeiros e influencers

  • Investigações apontam que agentes do 6º DP de Santo André formaram uma organização criminosa para arrecadar propinas, através da extorsão de funkeiros e influenciadores que divulgam jogos de azar na internet, o que é considerado uma contravenção penal.
  • Os policiais são acusados de instaurar procedimentos de Verificação de Procedência de Informações (VPI) para supostamente apurar a prática de sorteios (rifas) ilegais realizados pelos influenciadores.
  • No entanto, o objetivo real dos agentes era cobrar propina dos investigados e de seus advogados, a pretexto de não dar prosseguimento às apurações.
  • Na denúncia do MPSP, são citados os influencers do funk MC Paiva, MC Brisola, MC GHdo7 e Biel Grau.
  • O MC Paiva foi um dos alvos das cinco ordens de busca e apreensão na segunda fase. Em seu perfil oficial no Instagram, com 8,3 milhões de seguidores, o DJ ostenta uma vida de luxo.
  • No documento, o Ministério Público afirmou que os policiais civis chegaram a cobrar R$200 mil do MC Brisola para arquivar uma investigação, que entrou em um acordo para pagar uma propina de 10% do valor (R$ 20 mil).
  • A operação é um trabalho da Força Tarefa de Combate ao Crime Organizado (Ficco), composta pela PF, Secretaria de Segurança Pública (SSP), Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) e Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
  • O Metrópoles não localizou a defesa dos investigados. O espaço está aberto para manifestação.
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