Municípios da região encontram resistência e tabus na hora de ampliar vacinação contra o HPV; adesão é baixa

O Papilomavírus Humano, também conhecido como HPV, é um vírus que afeta a pele e as mucosas, sendo a infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo. Conforme o Ministério da Saúde, são mais de 200 tipos de HPV. No entanto, a vacinação é considerada eficaz, sendo oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Vacinação contra o HPV é desafio em cidades da região  | abc+



Vacinação contra o HPV é desafio em cidades da região

Foto: Manuella Brandolff/Piratini

A imunização, aliada ao uso de preservativos, reduzem o risco de contágio. No Brasil, o Programa Nacional de Imunização (PNI) prioriza meninos e meninas entre os 9 e 14 anos. A faixa etária é considerada ideal para alcançar maior resposta imune antes do início da vida sexual, quando ainda não houve contato com o vírus.

Essa é uma das barreiras encontradas por autoridades na hora de atingir o público alvo: fazer com que os pais entendam a necessidade de imunizar seus filhos antes que os mesmos comecem a ter relações sexuais.

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Segundo o médico infectologista do Hospital Municipal de Novo Hamburgo (HMNH), Rafael Matiuzzi, estudos mostram que quanto mais jovem for a pessoa vacinada, maior é a eficácia da proteção conferida. “Por isso, é fundamental que pais, responsáveis e profissionais de saúde estejam atentos ao calendário vacinal e garantam que as crianças e adolescentes recebam as duas doses da vacina HPV com intervalo de 6 meses.”

Desafio

Visando ampliar a vacinação contra a doença, o Ministério da Saúde liberou de forma temporária resgate de jovens até 19 anos 11 meses e 29 dias para receberem uma dose. “A baixa adesão contra o HPV ainda é um desafio no Brasil. A hesitação vacinal, a desinformação e o medo infundado de efeitos adversos impedem que mais jovens sejam protegidos contra infecções que podem evoluir para doenças graves”, explica Matiuzzi.

O médio afirma que a vacina é segura, aprovada pela Anvisa e amplamente utilizada em diversos países. “Vacinar é um ato de cuidado, responsabilidade e prevenção”, completa.

Baixa adesão

Em Novo Hamburgo, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) comunicou que a adesão é baixa. Dos 9 aos 14 anos, apenas 759 doses foram aplicadas desde o dia 1º de janeiro. Conforme a SMS, a ampliação dos 15 aos 19 anos foi iniciada no dia 5 de maio.

Atualmente a vacina contra o HPV está disponível em praticamente todas as unidades de saúde do município, com exceção da USF Palmeira e USF Getúlio Vargas. A SMS também está organizando com algumas escolas vinculadas ao Programa Saúde na Escola (PSE) a possibilidade de vacinação nas instituições de ensino.

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A situação de Canoas não é diferente. De acordo com o secretário-adjunto de Atenção Primária e Especializada, Favio Telis, na faixa etária dos 9 aos 14 anos, 48% do público masculino (9.850) foi vacinado, enquanto 61,62% do feminino (13.402) também recebeu a dose. “A meta do ministério é de 90% e estamos criando estratégias junto à educação para isso.”

As unidades básicas que contam com câmaras de conservação oferecem o imunizante. “Só não estamos atendendo nos locais onde ainda não conseguimos recuperar as câmaras frias.” Entre as dificuldades, o preconceito continua sendo o maior desafio. “Alguns familiares acham que é um estímulo, mas trata-se de prevenção”, completa Telis.

Outras cidades

Em São Leopoldo, onde a adesão também é considerada baixa, a Prefeitura está organizando um cronograma junto a Secretaria da Educação para incentivar a vacinação dos adolescentes. O objetivo é aproveitar a liberação temporária para jovens dos 15 aos 19 anos, para fazer o resgate destas pessoas.

No momento, todas as salas de vacina do município disponibilizam o imunizante contra o HPV.

Assim como acontece em outros municípios, em Campo Bom a procura também é baixa. A aposta é no rastreamento precoce como forma de prevenção do HPV. Além disso, o PSE oferece orientações aos jovens sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. Outra atitude é o direito para que todas as mulheres de 21 a 64 anos possam ter o direito de realizar, pelo SUS, o exame papanicolau, que pode ser feito anualmente nas unidades de saúde, sendo crucial para identificação do câncer de colo do útero.

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“Estamos fazendo campanhas de conscientização e busca ativa de adolescentes não vacinados, além do monitoramento contínuo da cobertura vacinal, a prefeitura trabalha de maneira contínua para garantir o acesso a todos esses serviços”, diz a secretária de Saúde, Luana Schnorr.

Em Sapucaia do Sul, a prefeitura também iniciou uma campanha de resgate para identificar e vacinar adolescentes contra o HPV. A ação foi iniciada no dia 5 de maio e se estenderá até 31 de julho. O principal objetivo é imunizar 90% dos jovens de 15 a 19 anos no período. Além disso, os imunizantes para a faixa etária dos 9 aos 14 anos continuam disponíveis em todas as unidades de saúde do município.

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O mesmo ocorre em Sapiranga, onde o poder público reforça a importância de pais e responsáveis levarem seus filhos para receber a dose da vacina, disponível em todas as unidades básicas de saúde da cidade.

Em Estância Velha as palestras são igualmente utilizadas para tentar sensibilizar e conscientizar pais e responsáveis sobre a vacinação, que tem baixa demanda. As doses podem ser encontradas nas nove salas de vacinas do município e também são aplicadas nas 14 escolas municipais da cidade.

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