Com 22 ações no topo histórico, Ibovespa tem rally distribuído setorialmente; entenda

Números bolsas

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, renovou sua máxima histórica em maio e já acumula forte valorização em 2025 — mesmo antes do fim do primeiro semestre. Na quinta-feira (8), o índice atingiu 137.634 pontos, superando sua antiga marca histórica. Já nesta segunda-feira (12), voltou a testar a resistência dos 137 mil pontos, chegando a 137.519 pontos durante o pregão, antes de recuar e fechar aos 136.563 pontos.

O movimento de alta do Ibovespa em 2025 tem sido puxado, principalmente, pela forte entrada de capital estrangeiro na Bolsa brasileira. Investidores globais têm ampliado suas posições em ativos nacionais diante de uma combinação de fatores que tornam o Brasil mais atrativo no cenário internacional.

Aprenda o Setup da Praia na Semana do Trader Sossegado 2.0  

Esse fluxo tem sustentado a valorização do índice e ajudado a levar várias ações a renovarem suas máximas históricas. Na prática, isso mostra que o investidor internacional voltou a olhar para o Brasil com confiança e apetite por retorno.

Além do desempenho recorde do índice, o bom momento da Bolsa também se reflete no comportamento das ações que o compõem.

Leia também

Ibovespa tem alta de 13% no ano mas pode ter correção antes de bater 140 mil pontos

Índice mira resistências técnicas importantes

Neste ano, 22 papéis que compõem o índice Ibovespa renovaram suas máximas históricas — um número expressivo que representa cerca de um quarto das 87 ações que integram o principal índice da B3. Esse movimento generalizado de alta indica não apenas uma valorização pontual, mas uma tendência mais ampla de confiança no mercado acionário brasileiro.

A renovação de topos históricos por parte dessas empresas demonstra que o rally não está concentrado em poucos nomes, mas sim distribuído entre diferentes setores da economia, o que fortalece a leitura de que a bolsa de valores brasileira vive um ciclo positivo.

Leia também:

  • SMAL11 avança mais que o Ibovespa em 2025; saiba quais ações puxam índice
  • André Moraes: “Estamos prestes a viver a oportunidade da década na Bolsa”

Setor financeiro lidera com bancos e seguradoras entre os destaques

O setor financeiro teve forte presença entre as ações que renovaram máximas históricas em 2025, principalmente nos meses de abril e maio, reforçando sua relevância na composição do Ibovespa. Nesse contexto, papéis como Itaú Unibanco (ITUB4), Itaúsa (ITSA4), BTG Pactual (BPAC11) e Banco do Brasil (BBAS3) vêm se destacando em um cenário de maior apetite por ativos ligados à estabilidade.

Além disso, o movimento reflete a percepção positiva do mercado em relação à estrutura dos grandes bancos e à sua capacidade de manter resultados consistentes, mesmo em períodos de maior incerteza econômica.

Entre as seguradoras, Porto (PSSA3), BB Seguridade (BBSE3) e Caixa Seguridade (CXSE3) chamam atenção pela regularidade na valorização ao longo dos anos. Esse desempenho consistente está ligado à atuação em setores mais resilientes e ao perfil mais defensivo dessas companhias, características que atraem investidores em busca de ativos menos voláteis, mas ainda com bom potencial de retorno.

Dessa forma, o comportamento dessas ações em 2025 sugere um posicionamento mais cauteloso, porém confiante, por parte do mercado em relação ao setor financeiro como um todo.

Itaúsa recua após renovar máxima histórica, mas tendência de alta segue intacta

Após renovar sua máxima histórica no pregão desta segunda-feira (12), as ações de ITSA4 encerraram o dia em queda, pressionadas por um movimento de realização de lucros. O papel fechou com um candle de baixa expressivo, indicando entrada pontual de força vendedora no curto prazo.

Apesar da correção, a tendência primária segue sendo de alta. O ativo permanece acima de uma linha de tendência de alta (LTA) bem definida e também está sustentado pelas médias móveis de 21 e 200 períodos, ambas inclinadas para cima — configuração que reforça a leitura positiva do gráfico.

Caso o fluxo comprador retome força, os próximos pontos de resistência a serem monitorados estão nos R$11,53 (nível de 50% da projeção de Fibonacci), seguido por R$11,72 (61,8% da mesma projeção) e, mais acima, R$12,32, onde se encontra o objetivo completo da expansão de Fibonacci (100%).

Por outro lado, se o movimento de venda ganhar intensidade nos próximos pregões, o papel pode buscar suporte em R$10,74 e, mais abaixo, em R$10,36. Mesmo com uma eventual queda até essas regiões, a tendência de alta ainda se mantém válida — desde que os preços respeitem esses níveis e o papel permaneça acima da LTA.

Gráfico diário de ITSA4. Fonte Nelogica. Elaboração: Bruno Nadai

Leia mais:

  • Seguradoras esse ano: ação do BB subiu 25%, Porto, 24%, Caixa, 17%. Mas alta seguirá?
  • Análise técnica: BB Seguridade tem bom desempenho em 2025; tendência é ainda de alta

Energia e saneamento ganham força com perfil defensivo e fluxo estável

Empresas dos setores de energia elétrica e saneamento básico também figuram entre os destaques de abril e maio, com várias ações renovando suas máximas históricas. Entre elas, CPFL Energia (CPFE3), Equatorial (EQTL3), Taesa (TAEE11) e Copel (CPLE6) apresentaram desempenho sólido, o que reflete o interesse do mercado por companhias com receitas estáveis e operações previsíveis.

Além disso, esses papéis costumam ganhar força em momentos de maior cautela, já que combinam resiliência com um histórico consistente de pagamento de dividendos — características valorizadas por investidores em busca de ativos defensivos.

No segmento de saneamento, Sabesp (SBSP3) manteve a trajetória positiva, impulsionada pelos desdobramentos da sua privatização, concluída em 2024. Com a entrada da iniciativa privada na gestão, cresceram as expectativas em torno da eficiência operacional, dos investimentos em infraestrutura e da rentabilidade da companhia.

Como resultado, a valorização das ações em abril e maio reflete esse novo momento da empresa, à medida que o mercado passa a reconhecer seu potencial dentro de um setor estratégico e menos exposto à volatilidade de curto prazo.

CPFL Energia recua por dois pregões e testa suportes

Após renovar máximas recentes, as ações da CPFL Energia (CPFE3) passaram por dois pregões consecutivos de realizações, levando o ativo a testar pontos técnicos relevantes de suporte.

O movimento de correção trouxe o papel para a região da média móvel de 21 dias e também para o topo anterior de uma consolidação — nível que, além de técnico, representa o princípio de bipolaridade, podendo agora atuar como suporte e ponto de retomada da força compradora.

A região dos R$36,42 é considerada um suporte técnico de alta relevância. Se o papel continuar sendo negociado acima desse patamar, a tendência de alta permanece ativa, com potencial para retomar o movimento de valorização.

Nesse cenário, os próximos alvos são os níveis de R$39,29 (projeção de 50% de Fibonacci), R$39,97 (61,8% de Fibonacci) e, no cenário mais otimista, R$42,16, correspondente a 100% da projeção.

Por outro lado, caso o ativo perca os R$36,42, o próximo suporte relevante aparece em R$34,21 ponto em que o ativo voltaria para dentro de uma zona de consolidação, sugerindo perda de força na tendência de alta de curto prazo e retorno a um movimento de consolidação.

Gráfico diário de CPFE3. Fonte Nelogica. Elaboração: Bruno Nadai

Leia mais:

  • Ibov mantém viés de alta; veja também análise do dólar, Nasdaq, S&P 500 e Bitcoin
  • Mercado volta a olhar ETF IVVB11 atrelado à bolsa dos EUA com negociações comerciais

Construção, consumo, telecomunicação e logística refletem retomada gradual da economia

Alguns setores mais ligados à economia doméstica também contribuíram para a alta recente do Ibovespa. No setor de construção civil, Direcional Engenharia (DIRR3) e Cyrela (CYRE3) renovaram máximas impulsionadas por um possível cenário mais favorável para o crédito imobiliário.

A expectativa de redução gradual da taxa de juros, somada ao avanço de programas de incentivo como o Minha Casa, Minha Vida, tem favorecido o acesso ao financiamento imobiliário. Esse cenário, por sua vez, beneficia principalmente o segmento de médio e baixo padrão — foco da Direcional, que atua fortemente no mercado de habitação popular.

Por outro lado, a Cyrela se destaca no segmento de alto padrão, que tende a responder mais rapidamente em ciclos de recuperação econômica, impulsionado por consumidores com maior poder de compra e confiança no mercado.

Entre os setores de consumo, destaque para as ações da JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3), que vêm performando bem em meio a uma combinação de ajuste de oferta, demanda externa firme e controle de custos operacionais.

No setor de telecomunicações, Vivo (VIVT3) e Tim (TIMS3) também avançaram com consistência em abril e maio. A natureza recorrente das receitas e o foco das operadoras em serviços digitais e eficiência operacional atraem investidores em busca de ativos com margens estáveis.

Na área de logística, Santos Brasil (STBP3) também renovou máximas, em um movimento que pode estar relacionado ao crescimento do comércio exterior. Em fevereiro de 2025, o Porto de Santos atingiu a marca histórica de 434,7 mil TEUs movimentados, sinalizando uma utilização mais intensa da infraestrutura portuária e o fortalecimento da demanda por serviços logísticos.

Santos Brasil consolida em região de máxima histórica, mas tendência de alta segue firme

As ações da Santos Brasil (STBP3) estão em leve consolidação técnica na região de máxima histórica, sugerindo um movimento de respiro natural dentro de uma tendência ainda claramente positiva. O ativo mantém uma estrutura de alta bem definida, negociando acima das médias móveis de 21 e 200 períodos — ambas inclinadas para cima — e com os preços respeitando uma linha de tendência de alta (LTA) de médio prazo.

Caso o papel volte a romper sua máxima histórica recente, os próximos objetivos estão projetados em R$13,80 (61,8% de Fibonacci) e, mais acima, em R$14,02, correspondente à projeção de 100% do mesmo movimento de expansão.

Por outro lado, se o ativo perder a região de suporte imediato em R$13,44, o próximo ponto a ser monitorado é o fundo anterior em R$13,23, que pode atuar como suporte técnico relevante. Mesmo com uma possível correção até esses níveis, a estrutura de alta permanece válida enquanto os preços estiverem acima da LTA e das médias de referência.

Gráfico diário de STBP3. Fonte Nelogica. Elaboração: Bruno Nadai

Ações que superaram suas máximas históricas em 2025

Veja abaixo as ações que renovaram suas máximas históricas no ano de 2025, com destaque para aquelas que repetiram o feito em vários meses consecutivos:

Ações Meses de rompimento de máxima histórica
BBAS3 (Banco do Brasil) fevereiro e maio
BBSE3 (BB Seguridade) fevereiro, março e abril
BPAC11 (BTG Pactual) abril e maio
CPFE3 (CPFL Energia) fevereiro, março, abril e maio
CPLE6 (Copel) março, abril e maio
CXSE3 (Caixa Seguridade) abril
CYRE3 (Cyrela) maio
DIRR3 (Direcional Engenharia) fevereiro, março, abril e maio
EMBR3 (Embraer) janeiro, fevereiro e março
EQTL3 (Equatorial) abril e maio
ITSA4 (Itaúsa) abril e maio
ITUB4 (Itaú Unibanco) março, abril e maio
JBSS3 (JBS) março e abril
MRFG3 (Marfrig) março e abril
PETR3 (Petrobras ON) janeiro e fevereiro
PETR4 (Petrobras PN) janeiro e fevereiro
PSSA3 (Porto) janeiro, fevereiro, março, abril e maio
SBSP3 (Sabesp) fevereiro, março, abril e maio
STBP3 (Santos Brasil) janeiro, fevereiro, março, abril e maio
TAEE11 (Taesa) abril e maio
TIMS3 (Tim) abril e maio
VIVT3 (Vivo) abril e maio
Tabela de ações que romperam suas máximas históricas no ano de 2025. Fonte Nelogica. Elaboração: Bruno Nadai

(Rodrigo Paz é analista técnico)

Guias de análise técnica:

  • O que são pontos de suporte e resistência?
  • O que são médias móveis e como usá-las para estratégia de Trade
  • Bandas de Bollinger: como usar e interpretar?
  • IFR: O que é o índice de força relativa?

Confira mais conteúdos sobre análise técnica no IM Trader. Diariamente, o infomoney publica o que esperar dos minicontratos de dólar e índice.

The post Com 22 ações no topo histórico, Ibovespa tem rally distribuído setorialmente; entenda appeared first on InfoMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.