Copom sinaliza fim do ciclo de cortes e defende juros altos diante de incertezas globais

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira (13), trouxe um recado claro ao mercado: o ciclo de cortes na taxa Selic pode ter chegado ao fim. A avaliação é do economista Alex André, que destaca a ênfase do Banco Central em fatores externos e no comportamento da inflação como justificativa para manter os juros em patamar elevado.

“A ata confirmou o que já era sinalizado: o dinamismo da economia continua presente, com desemprego baixo e mercado de trabalho aquecido. Mesmo assim, o BC opta pela cautela diante de incertezas macroeconômicas globais e da inflação corrente”, afirmou André, em entrevista à BM&C News.

Riscos externos e balanço de incertezas

De acordo com o economista, o documento deixou claro que os principais fatores de atenção do Copom estão relacionados ao cenário internacional. Tensões geopolíticas, especialmente entre China, Estados Unidos, e até a guerra na Ucrânia, afetam o preço do petróleo e, por consequência, pressionam a inflação no Brasil.

“Se o petróleo ganha previsibilidade, o impacto sobre os preços — principalmente em combustíveis e alimentos — fica mais controlado. O problema é quando temos oscilações bruscas, o que influencia diretamente o núcleo da inflação”, explicou André.

Juros no radar: efeitos da política monetária já contratados

Apesar da sinalização de fim do ciclo de cortes, Alex André observa que parte da desaceleração econômica já está contratada, fruto do efeito defasado dos juros elevados. “O juro alto já começa a surtir efeito na atividade econômica, e ao mesmo tempo vemos um certo alívio no balanço de riscos externos, o que pode favorecer uma trajetória mais previsível à frente”, completou.

Cenário internacional pode ajudar juros no Brasil

O economista também comentou dados recentes dos Estados Unidos, como o CPI (índice de preços ao consumidor), que veio abaixo do esperado. “Isso aumentou as chances de dois cortes de juros pelo Fed ainda este ano, o que pode aliviar pressões globais e tirar de vez o risco de recessão por lá”, disse.

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