Estudo detecta luz emitida por seres vivos que some após a morte

Um estudo feito no Canadá encontrou sinais de que a vida emite luz, literalmente. Camundongos e plantas analisados por pesquisadores mostraram um brilho sutil, invisível a olho nu, que desaparece com a morte.

O fenômeno, chamado de emissão ultrafraca de fótons (EUP), foi observado por cientistas da Universidade de Calgary e do Conselho Nacional de Pesquisa do Canadá e publicado no The Journal of Physical Chemistry Letters em 24 de abril.

A pesquisa reforça uma ideia antiga e ainda pouco compreendida de que células vivas podem produzir pequenas quantidades de luz visível como resultado de reações químicas que acontecem dentro do corpo. Essa emissão é tão sutil que não pode ser vista a olho nu, mas pode ser captada com equipamentos altamente sensíveis.

Luz antes e depois da morte

Para testar se a emissão luminosa poderia ser detectada em organismos vivos inteiros, os cientistas usaram câmeras especiais capazes de identificar fótons individuais. Quatro camundongos foram colocados, um de cada vez, dentro de uma câmara completamente escura.

Eles foram filmados por uma hora enquanto ainda estavam vivos e, depois de serem eutanasiados, passaram por mais uma hora de registro. Os corpos foram mantidos aquecidos à temperatura corporal para evitar que o calor interferisse nos resultados.

Contraste nas emissões de UPE em quatro camundongos, vivos (acima) e mortos (abaixo). Metrópoles
Contraste nas emissões de UPE em quatro camundongos, vivos (acima) e mortos (abaixo)

Enquanto vivos, os camundongos emitiam uma quantidade maior de fótons na faixa da luz visível. Depois da morte, essa emissão caiu de forma significativa, sugerindo que o brilho associado à vida se apaga quando ela chega ao fim.

Plantas também brilham

Além dos animais, os pesquisadores fizeram experimentos com folhas de duas plantas: agrião-de-talo (Arabidopsis thaliana) e árvore-guarda-chuva-anã (Heptapleurum arboricola).

Ao causar lesões físicas e aplicar produtos químicos nas folhas, eles observaram que as áreas danificadas brilhavam mais do que as intactas por um período contínuo de até 16 horas.

Segundo os autores, o brilho é provavelmente causado por espécies reativas de oxigênio, substâncias que as células produzem quando enfrentam algum tipo de estresse, como calor, ferimentos, infecções ou falta de nutrientes.

As moléculas ativam reações que energizam elétrons, gerando um pequeno pulso de luz ao voltarem ao estado normal.

Para que serve a descoberta?

Embora a ideia de organismos vivos que brilham lembre conceitos pseudocientíficos de “aura”, os autores tratam o fenômeno com rigor experimental. Para eles, entender como e quando esse brilho aparece pode levar ao desenvolvimento de ferramentas médicas e agrícolas.

No futuro, talvez seja possível detectar sinais precoces de estresse ou doença em tecidos humanos, plantas ou até colônias de bactérias com base nas emissões de luz, de forma não invasiva.

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