Relatora diz que Virgínia Fonseca deu exemplo e que CPI das bets não acaba em pizza

A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) é a relatora da CPI das Bets no Senado (Foto: Saulo Cruz/Agência Senado)

A relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das bets do Senado, Soraya Thronicke (Podemos-MS), afirmou que o propósito da CPI é construir uma legislação, que possa abarcar algo que não se consegue coibir. “Não dá simplesmente para proibir. Temos que minimizar ao máximo esta situação”, disse ao InfoMoney logo após a reunião com o depoimento da influenciadora Virgínia Fonseca.

A senadora afirmou que existe um limbo jurídico em relação às bets e é preciso aprimorar a legislação. Segundo a senadora, a CPI investiga também lavagem de dinheiro, evasão de divisas e o próprio funcionamento dos jogos, que começa com ganhos e depois faz o jogador perder.

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A relatora diz que quer prorrogar a CPI e conta com a Procuradoria Geral da República (PGR) e a Polícia Federal para aprofundar as investigações.

Nesta terça-feira (13/5), a CPI ouviu o depoimento da influenciadora Virgínia Fonseca. Segundo Thronicke, a influenciadora deu um exemplo para outros que não tiveram coragem de comparecer.

Confia abaixo trechos da entrevista com a senadora Soraya Thronicke:.

InfoMoney – Na sua avaliação, qual a contribuição do depoimento da influenciadora Vírginia Fonseca para a investigação?

Soraya Thronicke – Ela é a primeira influencer que se colocou à disposição da CPI, desde dezembro. Ela é uma menina muito nova e CPI gera muita insegurança. Nós vivemos num limbo jurídico. Eu disse a ela que (fazer publicidade de bets) não era ilegal, mas poderia ser considerado imoral, mas isso é uma questão subjetiva. Objetivamente, não há sequer regulamentação, nem legislação, para definir o que é influencer. O propósito da CPI é construir uma legislação, que possa abarcar algo que a gente não consegue coibir. A verdade é essa. Não dá simplesmente para proibir. Temos que minimizar ao máximo esta situação. Ela deu um exemplo para os demais influenciadores, ela deu um exemplo de coragem. Mesmo não precisando responder nada que a incriminaria, ela se colocou à disposição, foi humilde. Eu gostaria que todos colaborassem para juntos encontrar uma solução.

IM – O que a senhora pode adiantar do seu relatório?

ST – Nós estamos investigando lavagem de dinheiro, evasão de divisas, estamos investigando também os algoritmos. Você começa ganhando e depois você passa a perder. Isso está dentro de uma regra considerada. Podemos também mudar a regra da resolução da Secretaria de Prêmios e Apostas [órgão do Ministério da Fazenda]. Tudo é muito novo, estamos trocando pneu com o carro andando. Ninguém entendia disso. Foi um grande susto. É lógico que o jogo sempre existiu, mas nem mesmo os profissionais da saúde mental, a maioria não está preparada para este tipo de vício. É um vício silencioso, mas eu não conheço alguém que não conheça quem está jogando. As pessoas não falam que estão jogando nas redes sociais. Amigos e amigas falam que conhecem alguém. O que a gente precisa não é só regular a questão dos influencers e da propaganda. Pior do que isso são as máfias chinesas e de outros locais, o crime organizado se valendo disso para movimentar dinheiro no mundo inteiro. A questão é muito séria. Outra questão que nós descobrimos no decorrer do nosso trabalho foi que algumas bets, elas já começam te dando um bônus. Então, vai aparecendo fato novo e a gente vai colocar na legislação, por exemplo, proibição de dar bônus.

IM – Quais os próximos passos da CPI?

ST – Nós temos um prazo exíguo, mas o relatório já está no prelo, é lógico que está em sigilo, mas estamos aguardando também informações da Polícia Federal. Já vieram muitos documentos do Coaf, mas a gente ainda precisa da análise. A gente não consegue a olho nu analisar. Eles cruzam as informações.

IM – O senador Eduardo Girão disse, durante o depoimento, que a CPI vai terminar em pizza. A senhora concorda com essa afirmação?

ST – Claro que não, só se a pizzaria for da PGR, e eu tenho certeza que, nesta PGR, nesta Polícia Federal, não vai. Eu quero prorrogar (a CPI), quero investigar, não existe nunca uma má vontade nossa. Pelo contrário, eu estou lutando aqui dentro para investigar

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