Trump inicia viagem pelo Oriente Médio focado em acordos econômicos

O presidente norte-americano, Donald Trump, aterrissou em Riad, nesta terça-feira (13/5), para a primeira viagem ao Oriente Médio desde que voltou ao poder. Além da Arábia Saudita, o líder republicano passará por Catar e Emirados Árabes Unidos.

Trump foi recebido com pompa em Riad, com seu avião sendo escoltado por caças de combate F-15 antes da aterrissagem. O príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman fez questão de acolher pessoalmente o líder republicano ao desembarcar no aeroporto internacional King Khalid.

Acompanhado por poderosos líderes empresariais, incluindo seu conselheiro Elon Musk, o presidente americano inicia desta forma o giro de quatro dias pelo Oriente Médio, no mesmo dia da abertura de um fórum de investimentos entre Washington e Riad.

“Embora a energia continue sendo uma pedra angular de nossa relação, os investimentos e as oportunidades comerciais no reino se desenvolveram e se multiplicaram”, declarou o ministro saudita dos Investimentos, Khalid al Falih, antes da chegada de Trump à capital saudita.

Interesses estratégicos

A escolha dos países a serem visitados por Trump está relacionada aos interesses estratégicos dos Estados Unidos na região – especialmente acordos econômicos e o avanço diplomático de questões como o cessar-fogo na Faixa de Gaza e a normalização das relações entre Arábia Saudita e Israel.

Veja:

Um pouco antes do início da viagem, Washington aprovou a venda de US$ 1,4 bilhão em armas e equipamentos militares aos Emirados Árabes Unidos. Já o Catar abriga uma grande base militar americana e atua como mediador central nas negociações com o grupo Hamas na Faixa de Gaza.

Na Arábia Saudita, Trump espera assegurar o investimento de US$ 1 trilhão do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman na indústria americana, além de fechar mais de US$ 100 bilhões em compras de armamentos.

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O príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman fez questão de acolher pessoalmente o líder republicano

Donald Trump ao lado do príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman
O presidente americano, Donald Trump, aterrissou em Riad nesta terça-feira (13/5) para sua primeira viagem ao Oriente Médio
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Trump foi recebido com pompa em Riad, com seu avião sendo escoltado por caças de combate F-15 antes da aterrissagem.

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O príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman fez questão de acolher pessoalmente o líder republicano

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Donald Trump ao lado do príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman

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O presidente americano, Donald Trump, aterrissou em Riad nesta terça-feira (13/5) para sua primeira viagem ao Oriente Médio

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Paralelamente, o líder republicano quer impulsionar novamente a diplomacia entre países árabes, retomando a ideia dos Acordos de Abraão, firmados ainda no seu primeiro mandato entre Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Israel.

No entanto, o envolvimento de Trump com esses países ultrapassam os interesses nacionais. No mês passado, o segundo filho do líder republicano, Eric, fechou um acordo para desenvolver um clube de golfe de US$ 5,5 bilhões no Catar. Já a Organização Trump tem pelo menos três projetos em andamento na Arábia Saudita, incluindo empreendimentos residenciais e um campo de golfe.

Guerra em Gaza é pano de fundo

Embora Israel não esteja na agenda da atual viagem de Donald Trump ao Oriente Médio, o envolvimento dos Estados Unidos na guerra entre Israel e o grupo Hamas rouba a cena. Na segunda-feira (12), o Hamas libertou o israelo-americano Edan Alexander, que servia o Exército de Israel e era mantido como refém na Faixa de Gaza desde os ataques de 7 de outubro de 2023.

A libertação foi descrita por Trump como um “passo de boa fé” do grupo palestino em direção aos Estados Unidos e aos esforços dos mediadores – Catar e Egito – para colocar fim à guerra. “Tomara que este seja a primeira das etapas finais para acabar com este conflito brutal”, publicou na rede social X.

Apesar disso, a atual administração Trump mantém um alinhamento firme com Israel. Em março de 2025, o governo americano aprovou o envio de US$ 4 bilhões em armamentos ao país, contornando o Congresso. A aliança também se manifesta em frentes ideológicas: em fevereiro, Trump divulgou um vídeo gerado por inteligência artificial que simula um resort de luxo na Faixa de Gaza. Em uma das cenas, o presidente aparece ao lado do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, ambos sem camisa, brindando à beira de uma piscina.

O plano de Trump de fazer de Gaza um balneário suscitou forte indignação nos países árabes. Naquela época mais de 55 mil mortes já haviam sido registradas desde o início da ofensiva israelense no enclave palestino.

O alinhamento ideológico americano a Israel também se reflete no âmbito doméstico. Em março, os Estados Unidos prenderam o sírio de origem palestina Mahmoud Khalil, ativista com residência legal no país, dentro do campus da Universidade Columbia.

Trégua com rebeldes huthis

Na semana passada a administração de Trump firmou um acordo de cessar-fogo com os rebeldes huthis, que controlam parte do Iêmen. O grupo armado apoiado pelo Irã contesta a ofensiva israelense na Faixa de Gaza com ataques frequentes a navios comerciais no Mar Vermelho e projéteis que atingiram o território israelense. Nas últimas semanas, os Estados Unidos bombardearam posições dos huthis, retaliando os ataques a Israel e gastando cerca de US$ 1,5 bilhão nestas operações.

Com o acordo de cessar-fogo, os huthis concordaram em suspender os ataques com mísseis e drones contra embarcações que cruzam o Mar Vermelho. O compromisso, fechado sem a participação de Israel, parece evidenciar que os Estados Unidos estão priorizando seus próprios interesses econômicos e de segurança marítima, ainda que para isso negociem diretamente com um grupo classificado como terrorista por Trump.

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