Varejo tem leve recuperação em abril, mas cenário econômico ainda preocupa

Depois de cair nos dois últimos meses, as vendas do varejo mostraram recuperação em abril. Na comparação mensal, o comércio brasileiro teve um crescimento mensal de 0,6%, bem como um avanço de 0,4% na comparação com o mesmo período de 2024. Os dados, divulgados nesta terça-feira (13), foram levantados pelo Índice do Varejo Stone (IVS).

Matheus Calvelli, pesquisador econômico e cientista de dados da Stone (STOC31), analisa que o cenário ainda apresenta desafios. Ele destaca que o mercado de trabalho mostra sinais de fragilidade, com aumento do desemprego e menor geração de vagas formais. Além disso, as famílias continuam sob pressão do endividamento e da inflação, que permanece em patamares elevados.

“Embora alguns indicadores mostrem certa estabilidade, o cenário geral ainda é de desaceleração da atividade econômica. Por isso, é prematuro falar em reversão dessa tendência — será preciso acompanhar os próximos meses para entender se há, de fato, uma mudança no ritmo da economia”, afirma Calvelli.

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O varejo online teve um desempenho mais forte no período, com alta de 5,3% em relação a março. Já o comércio físico cresceu 0,3%. No entanto, na comparação anual, o digital ainda acumula retração de 4,8%, enquanto o presencial mantém trajetória positiva, com avanço de 1,3%.

Segmentos 

Na análise mensal, sete dos oito segmentos analisados registraram alta em abril. Os resultados positivos foram observadas nos setores de Livros, Jornais, Revistas e Papelaria (7%), Material de Construção (2,1%), Tecidos, Vestuário e Calçados e Móveis e Eletrodomésticos (1,3%), Artigos Farmacêuticos (0,8%), Combustíveis e Lubrificantes (0,6%), Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico (0,2%).

O setor de Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo foi o único que registrou queda no comparativo mensal, de 2,2%. 

No comparativo anual, o segmento de Combustíveis e Lubrificantes teve o melhor desempenho, com alta de 5,8%, seguido por Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo (4,0%) e Tecidos, Vestuário e Calçados (3,3%).

Os demais setores registraram queda: Móveis e Eletrodomésticos (3,2%), Artigos Farmacêuticos (3%), Material de Construção (2,6%) e Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico (1,5%). O setor de Livros, Jornais, Revistas e Papelaria permaneceu estável, com variação de 0%. 

“Apesar da leve melhora observada na maioria dos setores em abril, as altas não foram suficientes para compensar as quedas registradas no mês anterior”, aponta Calvelli.

Um exemplo é o setor de Vestuário, que avançou 1,3% em abril após ter recuado 3,3% em março — o que, para o pesquisador, mostra que o nível de atividade segue abaixo do patamar médio. “De forma geral, o varejo ainda opera em ritmo lento, sem sinal claro de recuperação sustentada”, diz o pesquisador da Stone.

Destaques regionais 

No recorte regional, 19 estados apresentaram crescimento no comparativo anual: Acre (12,1%), Amapá (9,4%), Sergipe (8,6%), Roraima (6,5%), Rio Grande do Sul (5,7%), Pará (5,5%), Espírito Santo e Bahia (4,3%), Pernambuco (3,7%), Paraná (3,4%), Goiás (3,2%), Santa Catarina (2,6%), São Paulo (2,5%), Paraíba (2,2%), Tocantins e Ceará (1,9%), Mato Grosso (1,8%), Maranhão (0,6%) e Piauí (0,5%). 

Já entre os estados com resultados negativos, o Distrito Federal apresentou a maior queda, de 4,7%, seguido por Mato Grosso do Sul (4,4%), Rondônia (3,3%), Rio de Janeiro (2,7%), Amazonas (2,1%), Rio Grande do Norte (1,3%), Alagoas (0,6%) e Minas Gerais (0,2%). 

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