VÍDEO: Gaúcho relembra a enchente no RS em discurso de formatura nos Estados Unidos

Um ano depois da enchente histórica no Rio Grande do Sul, um jovem fez um discurso emocionante ao se formar em uma universidade dos Estados Unidos. Natural de Lajeado, no Vale do Taquari, Peterson Haas, de 23 anos, acompanhou a catástrofe de uma distância de cerca de 7 mil quilômetros. No último domingo (11), ele foi o orador na colação de grau na Universidade de Richmond. Na plateia, havia aproximadamente 8 mil pessoas.

Peterson Haas, de 23 anos | abc+



Peterson Haas, de 23 anos

Foto: Arquivo pessoal

“Um ano atrás, minha semana de provas não foi sobre exames e prazos para mim. Foi sobre assistir a minha cidade natal sendo inundado no que o New York Times chamou de ‘a pior enchente da história recente do Brasil’. Enquanto as águas subiam, engolindo ruas e memórias, eu estava a milhares de quilômetros de distância, agarrado à esperança de que minha família estivesse segura”, disse. 

No discurso, ele afirma, ainda, que o que mais o marcou não foi destruição e sim a compaixão e a resiliência. “Naquela semana, aprendi que resiliência não é sobre nunca cair. É sobre quem nos tornamos ao enfrentar a queda.”

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Chegou ao RS no dia em que o aeroporto fechou

O Vale do Taquari foi atingido nos últimos dias de abril de 2024, quando Peterson estava fazendo as provais finais do semestre. Ao finalizar os exames, ele voltou para o Brasil. “Cheguei no dia em que o aeroporto de Porto Alegre foi inundado. Eu e minha família passamos um período na casa dos meus avós já que a água chegou até o terceiro andar do nosso prédio”, lembra.

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Discurso escolhido por comitê

O discurso que cita as enchentes foi selecionado em um processo realizado pela universidade. “Eu escrevi o discurso em duas noites e fiquei satisfeito o suficiente para pelo menos tentar o processo de seleção. Ao ser um dos 10 finalistas, fui chamado para apresentá-lo em frente a um comitê, composto por professores, funcionários e outros membros ligados ao presidente da universidade. Acabou que o comitê foi unânime na sua escolha”, comenta. 

O gaúcho, que mora nos Estados Unidos há quatro anos, fez uma dupla graduação em Economia e Bioquímica. Ele conta que estudar no exterior era seu sonho desde a infância e que, graças aos estudos e a participação em feiras de ciências no ensino fundamento e no médio, conseguiu realizá-lo.

Em 2014, ele particpou da sua primeira feira de ciências, na Univates. No evento, seu grupo conquistou o primeiro lugar e a credencial para participar da Mostratec, a maior feira de ciências da América Latina e que ocorre anualmente em Novo Hamburgo. “Essa experiência me deu gás e abriu portas a outras oportunidades científicas, incluindo um programa de verão na universidade de Stanford em 2018 sobre engenharia biomédica”, destaca.

Depois de se formar no ensino médio, Peterson começou o processo para conseguir uma bolsa de estudos no exterior. “O valor integral de uma universidade privada hoje nos EUA passa de 2 milhões de reais, então por precisar de bolsa, eu sabia que o processo seria ainda mais difícil. Eu tentei o processo em dois anos. De 40 universidades que me candidatei, fui rejeitado de 39. Fui aprovado na universidade de Richmond, sendo um dos 25 bolsistas com a maior bolsa de mérito da universidade (100% de bolsa), dentre 10 mil candidatos a bolsa”, explica.

Já na faculdade, ele iniciou os estudos em bioquímica, mas se apaixonou pelas aulas de economia. Assim, decidiu fazer as duas graduações. “Por mais diferentes que esses cursos pareçam, a parte que conecta ambos é o rigor científico, analise de dados e pesquisa quantitativa, habilidades que eu pretendo continuar usando na minha carreira profissional”, conclui.

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