Cartel paga “alvará do crime” a facções e monta laboratório de ecstasy

A Polícia Federal (PF) desarticulou nesta quarta-feira (14/5) um esquema bilionário de produção e distribuição de drogas sintéticas que funcionava sob a proteção de facções criminosas do Rio de Janeiro. A Operação Cartel revelou que a organização criminosa pagava um “tributo territorial” às facções, uma espécie de alvará informal, para manter laboratórios clandestinos em funcionamento dentro de comunidades da capital fluminense e da Baixada.

Em contrapartida, parte dos entorpecentes produzidos era repassada diretamente ao tráfico local, fortalecendo o poder bélico e econômico dos grupos criminosos nas favelas. O cartel operava em moldes empresariais, com ramificações interestaduais e estruturas que incluíam empresas de fachada, como perfumarias e barbearias, para dar aparência de legalidade à movimentação de recursos do crime.

Com capacidade para fabricar mais de 4,2 milhões de comprimidos de ecstasy por ciclo de produção, o grupo mantinha laboratórios no Rio de Janeiro, na Baixada Fluminense e no interior do Paraná. O laudo da PF aponta que uma única empresa de fachada comprou 4,6 toneladas de DMSO, insumo fundamental na produção de MDA, matéria-prima do ecstasy.

Durante a operação, 25 mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em seis unidades da federação: Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Espírito Santo e Distrito Federal. Além das prisões, a Justiça determinou o bloqueio de bens, imóveis, veículos de luxo, criptoativos e contas bancárias, totalizando R$ 50 milhões em sequestros patrimoniais.

O líder da quadrilha foi preso na véspera, em um apartamento de luxo no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. Outros dois integrantes foram detidos em ações simultâneas na capital. Também foram apreendidos carros de alto padrão, grandes quantidades de drogas sintéticas, dinheiro em espécie e documentos que comprovam a estrutura empresarial do crime.

A investigação, conduzida pela Delegacia de Repressão a Drogas (DRE/RJ), apontou que a rede criminosa tinha atuação nacional, com ramificações em ao menos seis estados. Ao longo dos últimos meses, diversas apreensões importantes reforçaram o caso, incluindo a interceptação de 67 mil comprimidos de ecstasy e a descoberta de um laboratório clandestino em Duque de Caxias, com insumos e equipamentos em grande escala.

Os investigados responderão pelos crimes de tráfico de drogas e organização criminosa.

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