CASO IZABELLY: Costelas de menina de 11 anos foram quebradas durante tentativa de reanimação, diz defesa da mãe

O caso da morte da menina Izabelly Brezzolin, de 11 anos, que aconteceu na última quinta-feira (8), segue tendo desdobramentos desde que os laudos da perícia foram revelados. Antes mesmo do óbito, os pais da criança — o taxista José Lindomar Brezzolin, 55, e a dona de casa Elisa Carvalho de Oliveira, 36 — foram presos por suspeita de maus-tratos e estupro, contudo, a defesa de um dos familiares afirma que os resultados dos exames não sustentam as presunções apontadas pela Polícia Civil. 

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O caso aconteceu na cidade de São Gabriel, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Nesta quarta (14), em coletiva de imprensa, os advogados da mãe da criança, Rebeca Canabarro e Andrei Nobre, deram detalhes sobre os fatos que antecederam a morte de Izabelly.

Izabelly Carvalho Brezzolin, de 11 anos, morreu na semana passada | abc+



Izabelly Carvalho Brezzolin, de 11 anos, morreu na semana passada

Foto: Reprodução/Redes sociais

Conforme os defensores da genitora, a menina começou a se sentir mal no domingo (4), quando, suspeitando de otite, a mãe foi até a farmácia e comprou medicamentos. No dia seguinte, Izabelly seguia com sintomas, como dor de garganta, e a mulher deu continuidade ao tratamento caseiro, preparando chás e sopas para a filha.

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Na terça-feira (6), a criança passou a apresentar diarreia. Elisa, então, colocou fraudas nela e, naquela noite, teria conversado com o marido sobre levá-la ao hospital para receber atendimento médico. Na manhã de quarta (7), Izabelly deu entrada na Santa Casa de Caridade de São Gabriel.

Assim que chegou na casa de saúde, a equipe médica teria observado que a menina estava com dificuldade respiratória, e uma equipe de enfermagem teria identificado lesões na vagina que teriam que ser esclarecidas. Então, o Conselho Tutelar foi chamado e, por sua vez, acionou a polícia. 

No mesmo dia, os pais foram chamados na Delegacia de Polícia da cidade para prestar depoimento. À imprensa, o delegado Daniel Severo chegou a informar que a mãe teria mencionado que o pai teria feito “carícias impróprias” na filha nos últimos meses, citando que ele teria dado colo para a menina, dado “abraços que envolviam carícias demasiadas” e passado “as mãos em volta dos seios da vítima”. A mulher ainda teria comentado que a situação havia sido motivo de briga entre o casal.

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Severo também expôs que Izabelly teria fraturas nas costelas, perfuração de pulmão e diversos hematomas, além de lesões e sangramento genital. De acordo com ele, esse quadro corroboraria com a suspeita de abuso sexual. 

Alegando crime de maus-tratos, por acreditar que houve privação do tratamento médico, e estupro de vulnerável, por conta das supostas lesões, o delegado Daniel Severo deu voz de prisão para os pais na quarta-feira. Ainda naquela tarde, a menina foi transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), mas não resistiu e morreu no dia seguinte. 

Laudo do IGP

Os laudos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) detalha que a morte de Izabelly foi provocada por uma infecção generalizada, decorrente de complicações de uma pneumonia, sem qualquer indício de violência física ou sexual. Conforme os advogados de Elisa, o médico que assina os resultados ressalta que a menina teria tido um quadro raro, em que a otite evoluiu rapidamente. 

Os exames não apontaram nenhuma lesão vaginal, constando, inclusive, que o hímen de Izabelly estava imperfurado.

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Quanto aos ferimentos nas costelas da criança, foi apontado que foram ocasionadas por manobras de ressuscitação realizadas por uma equipe médica. Durante a internação, Izabelly teve uma parada cardíaca e precisou passar pela tentativa de reanimação, o que teria provocado uma pequena lesão, segundo o IGP.

A reportagem tenta contato com o hospital onde a situação teria ocorrido. O espaço para manifestação segue aberto.

Após a divulgação dos laudos, o delegado emitiu uma nota afirmando que a “prisão em flagrante efetuada ocorreu à luz os elementos de informação colhidos no momento em que a Polícia Civil teve conhecimento dos fatos”. No texto, ele destaca o “possível caso de lesões, inclusive genitais, e de notícias de fraturas” e também “os relatos da mãe”. Na última segunda-feira (12), Severo informou que foi decretado sigilo sobre o inquérito.

Defesa pede liberdade para mãe

A defesa da mãe de Izabelly afirma que ela proporcionou tratamento caseiro à menina, tendo dado a ela remédios e cuidados complementares. Eles defendem que, no momento em que ela percebeu que o oferecido não estava sendo o suficiente, buscou atendimento médico.

Em relação ao que depôs sobre o marido, a advogada pontua que Elisa estava “sobre pressão” ao ser questionada sobre o tema pelo delegado. Aos defensores, a genitora teria contado negado qualquer abuso por parte de José contra a filha, mas confirmou que conversou com o homem para alertá-lo de que a menina estava crescendo e alguns toques poderiam começar a ser inadequados.

“Por ser uma pessoa humilde, com baixa instrução, na pressão de um depoimento, quando sua filha tinha acabado de falecer, ao ser questionada dobre isso pela polícia, resgatou essa situação”, salienta Rebeca.

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A mulher foi transferida de presídio nesta semana, mas, “para preservar a integridade” dela, a defesa não revela para qual cidade ela foi levada. Um pedido de liberdade foi encaminhado ao Ministério Público (MP), mas, até a noite desta quarta, ainda não havia sido julgado. Os advogados trabalham para que ela não seja indiciada pela morte da filha.

O pai e a mãe da menina não puderam entrar em contato um com o outro desde a prisão. O homem, até o momento, é representado pela Defensoria Pública.

Os pais de Izabelly foram presos um dia antes da morte dela e não puderam participar do velório ou sepultamento. Rebeca e Nobre contam que, ao informarem a mãe sobre o enterro, ela caiu em prantos, mas ficou aliviada de que a filha pôde ter uma despedida digna, já que tinha medo de que isso não acontecesse pelo contexto em que a morte é investigada.

O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil.

*Colaborou: Nadine Funck.

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