Com novas regras de Milei, brasileiros enfrentam restrições na Argentina

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Javier Milei, Presidente da República Argentina (Reprodução/Reuters/Agustin Marcarian)

O governo da Argentina anunciou nesta quarta-feira (14) um endurecimento das regras de imigração no país. O decreto, assinado pelo presidente Javier Milei, estabelece novas barreiras para a entrada e permanência de estrangeiros, incluindo brasileiros, e reforça o controle sobre o uso de serviços públicos como saúde e educação.

Entre as principais medidas, está a proibição de entrada de estrangeiros com antecedentes criminais e a deportação de qualquer imigrante que cometa crimes em território argentino — independentemente da pena. Além disso, todos os visitantes deverão apresentar seguro de saúde e, no caso de residentes temporários, transitórios e irregulares, haverá cobrança pelo uso do sistema de saúde público.

A justificativa do governo é evitar os chamados “passeios de saúde”, prática em que estrangeiros cruzam a fronteira para utilizar gratuitamente os serviços médicos argentinos. Segundo o decreto, o atendimento a estrangeiros em 2024 gerou um custo de cerca de 114 bilhões de pesos aos cofres públicos.

O texto também autoriza as universidades nacionais a cobrarem mensalidades de estrangeiros não residentes permanentes. Já para obter residência permanente ou cidadania, será necessário comprovar renda suficiente, ausência de antecedentes criminais e, em alguns casos, investimento relevante no país.

“A sociedade elegeu o presidente Javier G. Milei com o mandato de reconstruir a Argentina”, afirma o documento, que reforça o compromisso de limitar benefícios públicos apenas aos cidadãos e imigrantes dentro da legalidade. As novas regras podem impactar especialmente brasileiros que vivem na Argentina de forma irregular, ou que viajam ao país com frequência por motivos de saúde, estudo ou turismo.

Leia o decreto na íntegra:

“A Presidência da República informa que, conforme prometido pelo Presidente Javier G. Milei na abertura do período ordinário de sessões, foi expedido um Decreto de Necessidade e Urgência para realizar uma profunda modificação no Regime de Migração.

Juan Bautista Alberdi disse que “governar é povoar”, e a Argentina, desde suas origens, sempre foi um país aberto ao mundo. No entanto, isso não significa que os contribuintes devam sofrer as consequências da entrada de estrangeiros no país apenas para usar e abusar de recursos que não são seus, como os conhecidos “passeios de saúde”. Muito menos deveriam tolerar que se tornassem criminosos.

As restrições extremas de entrada na Argentina que existiam até então fizeram com que 1.700.000 estrangeiros imigrassem ilegalmente para o nosso território nos últimos 20 anos. Esta medida visa restaurar a ordem e o bom senso num sistema que, infelizmente, devido à cumplicidade de políticos populistas, foi distorcido.

Primeiro, estabelece que, a partir de agora, nenhum estrangeiro condenado poderá entrar no país, e que quem cometer algum crime em nosso território, independentemente da pena, será deportado. Isso significa que infrações com penas inferiores a cinco anos, que não foram motivos para recusa de entrada ou deportação, agora serão levadas em consideração.

Além disso, residentes temporários, transitórios e irregulares serão obrigados a pagar por serviços de saúde e também a ter seguro de saúde ao entrar na Argentina. Em 2024, o atendimento médico para estrangeiros em hospitais nacionais custou aproximadamente 114 bilhões de pesos. Esta medida visa garantir a sustentabilidade do sistema público de saúde, para que ele deixe de ser um centro de lucro financiado pelos nossos cidadãos.

Entre outras medidas, as Universidades Nacionais estão autorizadas, se assim o desejarem, a estabelecer taxas para serviços educacionais universitários para residentes temporários. Cabe ressaltar que o acesso gratuito ao ensino fundamental e médio é mantido para todos os moradores, que continuarão podendo acessá-lo da mesma forma que os cidadãos argentinos, de acordo com o artigo 20 da Constituição Nacional.

Em relação à obtenção do Cartão de Cidadania, os requisitos foram reforçados, como sempre deveriam ter sido, e a partir de agora ele só será concedido caso você tenha residido continuamente no país por dois anos ou tenha feito um investimento significativo na Argentina. Para residência permanente, será necessária comprovação de meios de subsistência suficientes e ausência de antecedentes criminais.

A Sociedade elegeu o presidente Javier G. Milei com o mandato de empreender a reconstrução da Argentina. Garantir que o dinheiro dos contribuintes seja gasto com eles e não com aqueles que abusam de nossos serviços públicos, que aqueles que cometem crimes sejam impedidos de entrar ou sejam expulsos de nosso país e que obter residência permanente ou cidadania seja um processo exigente, constitui um passo fundamental nessa direção.

Que todos aqueles que desejam viver em solo argentino saibam que neste país tudo está dentro da lei; fora da lei, nada.

Gabinete do Presidente da República Argentina”

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