Greve dos servidores públicos de Guarulhos continua pelo 3° dia

São Paulo — Os servidores públicos municipais de Guarulhos, Grande São Paulo, continuam em greve nesta quarta-feira (14/5). Desde segunda (12), trabalhadores se concentram em frente ao Paço Municipal, onde protestam contra o reajuste salarial de 2% aprovado pelo prefeito Lucas Sanches (PL) — considerado insuficiente pela categoria diante das perdas inflacionárias.

Mais de mil servidores se concentram em frente ao gabinete do prefeito. Em ato público, trabalhadores de Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e de escolas municipais lamentam as condições de trabalho e a defasagem salarial, e protestam contra a administração municipal. Além disso, vereadores responsáveis pela aprovação do reajuste na Câmara Municipal da cidade são alvos da manifestação.

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Escolas e UBSs em Guarulhos estão com funcionamento parcial

Vereadores que aprovaram o reajuste também são alvos de protesto
O principal alvo dos protestos é o prefeito Lucas Sanches (PL)
A categoria reivindica um reajuste salarial de 8%
Os trabalhadores se reúnem em frente ao Paço Municipal desde segunda
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Os grevistas protestam contra um reajuste salarial insuficiente

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Escolas e UBSs em Guarulhos estão com funcionamento parcial

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Vereadores que aprovaram o reajuste também são alvos de protesto

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O principal alvo dos protestos é o prefeito Lucas Sanches (PL)

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A categoria reivindica um reajuste salarial de 8%

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Os trabalhadores se reúnem em frente ao Paço Municipal desde segunda

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A greve deve durar por tempo indeterminado

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A ação é promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública Municipal de Guarulhos

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Para repor perdas inflacionárias, a categoria havia decidido em assembleia promovida pelo Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública Municipal de Guarulhos (Stap) a necessidade de um reajuste salarial de 8%. A prefeitura, contudo, apresentou contraproposta de 2%, que foi rejeitada.

Mesmo com a recusa dos servidores públicos, após a assembleia entre as partes no dia 6 de maio, a administração municipal enviou o projeto de lei à Câmara Municipal de Guarulhos — que foi aprovado na tarde de quinta-feira (8) pela maioria dos vereadores e sancionado como lei.

Prefeitura considera greve “ilegal e abusiva”

Para contornar a paralisação, ainda na segunda-feira (12), a Prefeitura de Guarulhos acionou o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) para declarar a greve como “ilegal e abusiva”, exigindo o retorno integral dos trabalhadores e solicitando autorização para o corte salarial dos dias parados. O TJSP, contudo, reprovou os pedidos da gestão e reforçou que a greve é um direito legítimo dos servidores, desde que preservados os serviços essenciais.

Conforme liminar da Justiça, a paralisação deve permanecer com a manutenção de 70% dos servidores em atividade e sem interrupção dos serviços essenciais — ambulâncias, guarda municipal e responsáveis pelo trânsito. A greve é organizada pelo Stap, que busca respeito da administração municipal pelos direitos dos servidores e quer uma proposta condizente com as necessidades da categoria.

Em novo comunicado, o presidente do sindicato, Pedro Zanotti Filho, reforçou a legitimidade do movimento e reprovou a atitude da prefeitura. “A greve é um direito constitucional. O pedido da Prefeitura foi totalmente descabido. Seguiremos firmes na greve por respeito, valorização e melhores condições para os servidores e para a população”, afirmou.

Escolas sem uniforme e materiais

Entrevistada pelo Metrópoles, a professora Nery Travessos, concursada desde 2001, afirma que a greve busca reivindicar melhores condições de trabalho e uma remuneração justa. De acordo com a mulher, alunos de escolas municipais sofrem com falta de materiais oferecidos pela prefeitura e os professores, com a remuneração defasada.

“As escolas têm um dinheiro que elas podem cobrir, mas isso não dá para cobrir tudo. Cadernos, por exemplo, as crianças têm usado muitos cadernos ainda do ano passado. Lápis, as crianças usam o tempo todo, então precisam sempre de reposição, isso deveria vir direto da prefeitura. A gente ainda não teve entrega de uniforme este ano”, lamenta a mulher.

A docente conta, ainda, que foi determinada a necessidade de um reajuste de 20% entre os benefícios de Vale Alimentação/Vale Refeição e Cesta Básica pelos servidores, porém, só foi atendido 5,8% pela administração. Ela ressalta que, ao decidirem adotar a greve e exigir direitos, os servidores são chamados de “vagabundos” e acusados de não querer trabalhar.

“Eu preferia estar lá na escola trabalhando, não parada no meio da rua pedindo pro prefeito me valorizar. Inclusive, tem umas coisas assim, que eles falam que a gente é vagabundo, eu não sou vagabunda. Eu quero trabalhar, eu quero dar uma aula decente, mas quando a gente tem uma falta de valorização, como a gente já é desvalorizado socialmente, ainda vem mais sucateamento do salário, é muito difícil”, concluiu Nery.

O que diz a prefeitura

Questionada pelo Metrópoles, a Prefeitura de Guarulhos, por meio de nota, afirmou que enfrenta problemas financeiros herdados da administração anterior. A gestão argumenta que o reajuste oferecido aos servidores tem base em uma limitação de orçamento e foi aprovado pela Câmara Municipal. Além disso, reforçou o conhecimento sobre a importância dos servidores públicos e disse estar aberta ao diálogo para acordo.

“A adoção de um índice acima da capacidade orçamentária do município comprometeria seriamente a responsabilidade fiscal da gestão, o que poderia acarretar em penalidades legais e riscos ao funcionamento da máquina pública e mantém sua disposição para seguir dialogando com o futuro financeiro da cidade”, concluiu.

O Metrópoles perguntou à prefeitura sobre a decisão do Tribunal de Justiça, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.

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