Irmã Aurora Côgo: do Caparaó à África, levando fé e solidariedade

A fé que transforma, o amor que ultrapassa fronteiras. Para a irmã Aurora Côgo, da Congregação do Instituto Religioso das Irmãs de Jesus na Eucaristia, esses não são apenas conceitos abstratos, mas uma verdadeira missão de vida. Natural de Muniz Freire, no coração do Caparaó capixaba, a irmã tem dedicado sua existência àqueles que mais necessitam, levando a Palavra de Cristo e o cuidado genuíno com os mais pobres, especialmente em terras africanas.

Desde criança, a irmã Aurora se viu imersa em um desejo profundo de servir a Deus, um chamado que nasceu quando tinha apenas 8 anos. Ao ver seu irmão, o padre Jaci Côgo, partir para o Seminário Salesiano de Jaciguá, uma chama foi acesa em seu coração. A fé da mãe, que com carinho e sabedoria lhe explicou que as mulheres também poderiam servir a Deus, plantou a semente de um sonho. Aurora desejava ser “irmã de caridade”, ajudando a salvar almas e a trazer conforto aos necessitados.

Vocação

Esse desejo de dedicação cresceu à medida que ela se aprofundava em sua vocação. Aos 13 anos, já ingressava na Congregação Ginásio Divino Rei, em Colatina, onde iniciou sua formação religiosa. De lá, sua jornada a levou a se consagrar na Congregação das Irmãs de Jesus na Eucaristia, com o coração voltado para a missão, especialmente entre os mais vulneráveis.

Após décadas de dedicação ao trabalho missionário no Brasil, a irmã Aurora fez uma escolha audaciosa: partir para Angola, na África, onde se tornaria um farol de esperança para um povo que vive em profunda pobreza, mas com uma fé inabalável. A missão na África não foi uma escolha aleatória; ela foi despertada pelo desejo de ajudar, especialmente as mulheres negras, a se aceitarem e a se amarem como são. A experiência no continente africano, marcada por desafios e superações, transformou-a ainda mais em uma verdadeira missionária.

Foto: Reprodução | Diocese de Cachoeiro de Itapemirim

Fonte de esperança

Em Angola, a irmã Aurora enfrentou adversidades que iam desde a falta de alimentos até a carência de infraestrutura básica, como água encanada e esgoto. Mas, mais do que os desafios materiais, o que ela realmente leva aos angolanos é algo imensurável: a presença. Sua missão é marcada pela atenção, pelo sorriso acolhedor, pela oração, e, acima de tudo, pelo amor que ela espalha. Para os angolanos, a irmã Aurora é mais que uma religiosa; ela é uma fonte de esperança.

Em sua vivência missionária, a irmã nos ensina que, mesmo em meio à escassez, a oração é um alimento essencial para a alma. Em um país onde a pobreza e a exploração são visíveis, a fé do povo é alimentada por essas missionárias, que oferecem um conforto invisível, mas poderoso. O sorriso, a palavra de consolo e a oração têm se mostrado mais do que alimentos materiais. São um bálsamo para as feridas espirituais e emocionais que as pessoas carregam.

A realidade de Angola, com sua riqueza explorada e sem o devido retorno para a população, sensibiliza a irmã Aurora profundamente. “Aqui temos tudo, mas lá eles não têm quase nada”, diz com uma tristeza no olhar. O país, apesar de ser rico em recursos naturais, sofre com a exploração e com a falta de políticas públicas que promovam a dignidade humana. As irmãs, em sua missão, tentam suprir, de alguma forma, essa ausência do Estado, oferecendo o que têm: amor, oração e presença.

Foto: Reprodução | Diocese de Cachoeiro de Itapemirim

Vida e missão

A irmã Aurora, que no Brasil é vista como uma representante da fé, sente que sua missão em Angola não é apenas uma tarefa religiosa, mas uma extensão do próprio ser. “Me sinto brasileira, mas também africana. O coração da África bate no meu peito”, compartilha com emoção. Sua conexão com o povo angolano é profunda, e sua luta por uma vida melhor para aqueles que ama é constante.

Em cada passo dado na África, a irmã Aurora deixa um legado de amor e esperança. Sua missão é mais do que uma ação religiosa; é um testemunho de que a fé verdadeira não conhece fronteiras e se traduz em ações concretas de cuidado e solidariedade. Ela nos ensina que, às vezes, o maior alimento que podemos oferecer a alguém é o nosso amor genuíno, aquele que aquece o coração e renova a esperança.

Foto: Reprodução | Diocese de Cachoeiro de Itapemirim

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