JPMorgan reduz preço-alvo, mas mantém compra em Embraer e vê alta de 30% das ações

Phenom 100EX, jato comercial da Embraer

O JPMorgan atualizou suas projeções para a Embraer (EMBR3) após os resultados do primeiro trimestre deste ano (1T25), com uma leve revisão para baixo do preço-alvo das ações para dezembro do próximo ano. A nova estimativa passou de US$ 65 para US$ 64 por ADR (ou de R$ 94 para R$ 93 por ação), ainda apontando para uma valorização próxima de 30%. A recomendação continua sendo overweight (exposição acima da média do mercado), indicando que o banco vê espaço para desempenho acima da média do mercado.

A avaliação positiva permanece ancorada em fatores como melhoria no mix de produtos, aumento da eficiência operacional e uso mais eficaz da estrutura da empresa. Esses elementos, segundo os analistas, têm sustentado a elevação dos múltiplos de mercado atribuídos à fabricante brasileira de aeronaves.

O JPMorgan elevou o múltiplo-alvo na metodologia de soma das partes de 11,2x para 11,4x Ev/Ebitda —, que representa o valor da empresa em relação ao lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, enquanto o valor justo pelo fluxo de caixa descontado passou de US$ 61 para US$ 60.

A análise também incorpora a Eve, empresa de mobilidade aérea urbana da Embraer. Quando incluída na avaliação, a um valor estimado de US$ 5 por ação, o preço-alvo da Embraer sobe para US$ 71 por ADR ou R$ 103 por ação. A contribuição da Eve, contabiliza o banco, representa aproximadamente US$ 8 por ADR ou R$ 11 por ação ordinária.

No mercado atual, a Embraer está sendo negociada a 9,2x Ev/Ebitda projetado para os próximos 12 meses, acima da média histórica de 7,8x nos últimos dez anos. O banco diz que considera esse prêmio justificável, tendo em vista que o retorno sobre capital investido (Roic) está se aproximando de 10%, frente aos 5% observados historicamente.

A margem Ebitda também mostra recuperação, voltando à faixa de 12%, com uma carteira de pedidos de US$26,4 bilhões, a maior da história da companhia. Isso contribui para maior previsibilidade dos resultados de curto prazo.

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Um dos pontos observados na análise é o debate recente sobre tarifas nos Estados Unidos, que afetariam produtos aeroespaciais. O JPMorgan projeta que essas tarifas devem seguir o mesmo caminho das aplicadas ao setor automotivo dentro do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), onde seus efeitos foram residuais.

Para a Embraer, o banco estima uma pressão de 60 pontos-base sobre a margem de lucro antes de juros e impostos (Ebit) neste ano, inferior aos 90 pontos-base indicados informalmente pela empresa, o que equivale a cerca de US$ 65 milhões. Em 2026, esse efeito cai para 20 pontos-base e, em 2027, para dez. Como os contratos da fabricante permitem o repasse dessas tarifas, os analistas dizem que os efeitos diretos ficam concentrados nas operações de produção de jatos executivos e prestação de serviços nos Estados Unidos.

Conforme os estrategistas, a revisão no preço-alvo está ligada, principalmente, a uma redução de 7% na estimativa de Ebit para este ano, que agora é de US$ 588 milhões. Isso corresponde a uma margem de 7,9%, dentro do intervalo projetado pela empresa (entre 7,5% e 8,3%). A expectativa é que esse número volte a subir em 2026, com apoio de novos ganhos de eficiência e reprecificação de produtos.

Riscos

O relatório também chama atenção para fatores que podem alterar o desempenho futuro das ações. Na avaliação do JPMorgan, a Embraer continua bastante dependente do ritmo de crescimento da carteira de pedidos, que avançou 25% no primeiro trimestre em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Os estrategistas observam que, em apenas seis meses, a empresa confirmou a venda de sete aeronaves C-390 para Suécia e Eslováquia, dezesseis Supertucano e quinze E2-190 para a ANA, do Japão.

Há ainda um risco externo para a Embraer: a paralisação nas instalações da Pratt & Whitney, em Connecticut, responsável por produzir motores utilizados em modelos da Embraer. Caso essa greve se prolongue, há possibilidade de interferência indireta nas operações da companhia brasileira.

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