Bens de capital têm começo de ano abaixo do esperado, mas XP vê melhora à frente

Fábricas da WEG

Boa parte das empresas do setor de bens de capital terminou o primeiro trimestre deste ano (1T25) com desempenho abaixo do esperado, segundo relatório da XP Investimentos.

Pressionadas por uma combinação de demanda instável, custos ainda elevados e desaceleração em nichos específicos, as companhias listadas apresentaram resultados mais fracos no início do ano. A expectativa do mercado, no entanto, é de recuperação gradual ao longo dos próximos trimestres, com a entrada de períodos tradicionalmente mais fortes para a atividade industrial.

Entre os destaques positivos da temporada de balanços, a Fras-le (FRAS3) chamou atenção por ter conseguido manter desempenho operacional acima da média dos pares. Os analistas avaliam que a fabricante de componentes automotivos se beneficiou de uma gestão mais eficiente e maior exposição a mercados externos, o que ajudou a preservar margens em meio a um ambiente ainda instável.

Do lado negativo, os dados de abril mostram uma queda acentuada nas vendas de implementos rodoviários. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), o volume vendido no mês caiu 26% em relação ao mesmo período do ano passado, reforçando o movimento de enfraquecimento observado desde o fim de 2024.

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Apesar disso, há sinais positivos vindo das exportações. Dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) apontam crescimento de dois dígitos nas vendas externas de veículos em todas as categorias. A demanda de fora do país ajudou a compensar parte da fraqueza do mercado interno e contribuiu para o desempenho de empresas com forte presença internacional.

A produção de ônibus, medida pela Fabus, ficou praticamente estável em abril, com queda de 3% na comparação anual. A leve retração é atribuída a uma base de comparação elevada, após um primeiro semestre forte em 2024.

Entre as companhias acompanhadas de perto por investidores, a WEG (WEGE3) teve melhora nas exportações nos segmentos de Equipamentos Eletroeletrônicos Industriais e de Geração, Transmissão e Distribuição. O avanço foi de 6% e 42%, respectivamente, frente a abril do ano passado. Apesar disso, o relatório da XP aponta que o chamado “momentum score” da WEG — um indicador técnico usado para medir a força do movimento das ações — caiu de 62 para 46 pontos, sugerindo uma redução no ímpeto de curto prazo.

Novidades

No exterior, o noticiário corporativo trouxe novidades relevantes. A Boeing e a Qatar Airways anunciaram um acordo para a compra de até 210 jatos, o que reacende o fluxo de encomendas em um setor que ainda busca se reequilibrar após os choques logísticos dos últimos anos. Outra notícia relevante foi a suspensão, pela China, da proibição à entrega de aviões da Boeing. A medida veio após um novo entendimento entre os governos chinês e norte-americano para reduzir tarifas e reabrir negociações comerciais por um período de 90 dias.

Também no setor aeroespacial, fontes da XP citam relatos de que a Colômbia está em negociações para adquirir três jatos KC-390 da Embraer (EMBR3), um modelo voltado ao transporte militar, desenvolvido em parceria com a Força Aérea Brasileira. O possível acordo pode reforçar a posição da fabricante brasileira no mercado de defesa, onde já tem avançado em outras regiões, como Europa e Oriente Médio.

Na avaliação da XP, apesar das dificuldades do início do ano, a expectativa é de melhora gradual nos próximos meses, apoiada por fatores como sazonalidade, maior tração no mercado externo e normalização de estoques. A Embraer, por exemplo, negocia atualmente com um múltiplo valor da companhia em relação ao lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ev/Ebitda) de cerca de 33% acima da média histórica, o que sugere que parte do mercado já precifica uma recuperação mais ampla ao longo deste ano.

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